Irene
Lisboa (Irene do Céu Vieira Lisboa)
nasceu no Casal da Murzinheira, na Arruda dos Vinhos, em 25 de Dezembro de 1892
e morreu em Lisboa em 25 de Novembro de 1958.
Escritora, poetiza, professora e pedagoga Irene
Lisboa formou-se na Escola Normal Primária de Lisboa, criada por D. Luís em 1896 (1).
o rei D. Luís
Irene Lisboa continuou a estudar
na Suíça, em França e na Bélgica, em Bruxelas, onde encontrou Afonso Duarte e
José Rodrigues Miguéis - igualmente estudiosos no campo da Educação.
De volta a Portugal especializou-se em Ciências da
Educação e escreveu várias obras sobre pedagogia.
Eugène Claparède
Esteve
em Genebra com uma bolsa do Instituto de Alta Cultura onde teve oportunidade de
conhecer Eugène Claparède e Jean Piaget dois dos nomes mais importantes das
"Ciências da Pedagogia e da Psicopedagogia" da época – com quem estudou no Instituto Jean-Jacques Rousseau.
Eram
os tempos da Iª República Portuguesa e pela primeira vez escola
primária tornou-se uma preocupação, devido ao grande grau de analfabetismo existente.
Irene Lisboa foi professora da educação infantil. Recebeu em 1932 o cargo de Inspectora Orientadora do ensino primário infantil.
Museu Irene
Lisboa
Mas
o Estado Novo instala-se e “essas modernidades” não estavam dentro das preocupações dos dirigentes.
Para os seus escritos pedagógicos usava muitas vezes o nome de Manuel Soares, com receio de a afastarem do lugar que tinha no ensino público.
Para os seus escritos pedagógicos usava muitas vezes o nome de Manuel Soares, com receio de a afastarem do lugar que tinha no ensino público.
Em
1940, Irene Lisboa é definitivamente afastada do Ministério da Educação e de
todos os cargos oficiais alegadamente “por
ter recusado um lugar em Braga”.
De facto, a escritora e pedagoga
tornara-se uma personalidade incómoda pelas ideias avançadas que trazia e Braga
seria uma espécie de exílio.
Em
1942, publica um livro, intitulado “Modernas Tendências da Educação” (3)
espécie de “súmula” da sua experiência lá fora – a escola nova - e dos conhecimentos adquiridos.
Anos mais tarde Irene Lisboa é afastada dessa função “o programa de Irene Lisboa que reformulava
de alto abaixo as funções de um órgão estatal até aí consagrado apenas ao controlo
ideológico, administrativo e disciplinar dos docentes”, como escreveu
Rogério Fernandes, na sua Biografia sobre a autora.
Tantas
coisas que Irene escreveu a pensar no ensino das crianças. O ensino infantil
era a sua maior preocupação. Por isso, dedicou-se muito do seu tempo a escrever
histórias que fossem próprias para as crianças que tanto amava ensinar.
As
ilustrações fazia-as a sua amiga Ilda Moreira – amiga de sempre, que com ela
estudara na Escola Normal Primária de Lisboa e foram as duas as primeiras
mulheres a formarem-se na Escola.
Foi Ilda quem depois da morte de Irene
continuou a luta pela publicação da sua obra.
Tive a sorte de a conhecer e era uma mulher doce e forte.
Tive a sorte de a conhecer e era uma mulher doce e forte.
Certos
‘contarelos’ como chamou aos seus contos curtos - “Treze contarelos”, por exemplo, têm uma pureza, uma ternura e
uma ingenuidade que limpam as tristezas do mundo.
Lembro
a história da Rosalina ou a do Joanico que fazem sonhar, sonhar e voltar à
realidade da vida sabendo um pouco mais.
Também “A vidinha da Lita” (publicado, póstumo em 1972 por Ilda Moreira)
que costumava ilustrar as histórias que Irene escrevia, propositadamente, para
as crianças.
Ou “Uma mão cheia de nada
outra de coisa nenhuma” (4) um livro maravilhoso com as belas ilustrações
de Pitum Keil do Amaral.
Não
me alargo mais – havia tanto a dizer sobre esta escritora admirável - só deixo uma
“chamada” de atenção para os grandes escritores portugueses que parecem esquecidos.
Irene
Lisboa é uma escritora que devíamos ler - a partir da infância - e "reler" até ao
fim da vida.
Aconselho
a leitura atenta dos seus textos de grande beleza e simplicidade a grandes e pequenos.
E já agora ler os contos dela aos meninos e meninas antes de irem
dormir. Se não quem
os lê?
Quero referir o trabalho importantíssimo que Paula Morão tem desenvolvido desde
há muito tempo para a promover.
E o trabalho que teve para criar o Museu de Irene Lisboa, na Arruda dos Vinhos.
E, ainda, Sara Barbosa que há pouco publicou a sua tese de Mestrado sobre a escritora "O Sujeito e o Tempo".
E o trabalho que teve para criar o Museu de Irene Lisboa, na Arruda dos Vinhos.
E, ainda, Sara Barbosa que há pouco publicou a sua tese de Mestrado sobre a escritora "O Sujeito e o Tempo".
NOTAS:
(1)
“Fundada por decreto do rei D. Luís, no ano de
1862, manteve-se em funcionamento até ser extinta em 1930 no decurso da reforma
educativa conduzido pelo governo da Ditadura Nacional (...) O regime saído do
golpe de Estado de 28 de Maio de 1926 tornou-se uma Ditadura Militar ao
suspender a Constituição de 1911.” (in wikipedia)
(2)
Irene Lisboa, Modernas Tendências da
Educação, editora BIBLIOTECA COSMOS, Lisboa, 1942.
Uma escritora que li cedo, mas que descobri e passei a apreciar no início dos anos 90.
ResponderEliminarHá muito que quero ir ao Museu Irene Lisboa. Vou colocá-lo numa lista de visitas a fazer em breve.
Bom fim de semana!
Sempre me encantou
ResponderEliminara complexidade do simples
Boa partilha
Goso muito da escrita da Irene Lisboa, da qual pouco conhecia até a Maria João e o Manuel me ensinarem mais sobre ela. Gostei do seu post e já fui ver o blogue que indica, sobre a autora.
ResponderEliminarBeijinhos e saúde! Cuidado com o calor!
Conhecia muito pouco sobre a sua vida.
ResponderEliminarFiquei sensibilizada, porque a minha avó materna, nascida em 1895, fez o curso da Escola Normal do, então, distrito de Horta, Açores.
Beijinhos.
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