Provérbio Chinês: "Um pássaro não canta porque tem uma resposta. Um pássaro canta porque tem uma canção...”
Ossôbó
"Ossôbó! ossôbó!
Como és estranho e só!
Longe da ignara turba e do pó
Em altas francas cantas, escondido,
As estranhas endechas
As magoadas queixas
De um coração ferido.
Em vão dee ntre a folhagem
De entre a espessa trama da ramagem
A vista corre, indaga...
Que busca ela? que quer? ronda, divaga...
Cantas, modulas, não sei que penar,
Ossôbó! Ossôbó!
E é quando o ar se embrusca
E a natureza desolada e fusca
Se arrepela aos safanões do vento
E o chó-chó, aflito, grita
E as asas abre, a busca de um lar: que é mais aflita
a tua voz; mais só o teu lamento
Dir-se-ia o rugir da tormenta
Que busca ela? que quer? ronda, divaga
Vi e vem, teimosa,
Busca e rebusca, ofegante e ansiosa...
Por fim, vencida,
Desiludida,
Desce, cai...mas no mesmo ramo só,
Ferindo o ar,
Cantas, modulas, nãosei que penar.
Ossôbó, ossôbó"
Nota Bio-bibliográfica sobre o poeta são-tomense:
“Marcelo da Veiga nasceu na Ilha do Príncipe (arquipélago de São Tomé e Príncipe) a 30 de Dezembro de 1892, tendo falecido em 1976. (...)
Veio para Portugal aos 11 anos para frequentar o Colégio Caliponense, e depois os Liceus de Pedro Nunes e Liceu Passos Manuel.
Segundo informações da filha, teria cursado Medicina e Direito, de cujos cursos desistiu. Com mais de 30 anos, talvez por volta de 1028, regressou ao Príncipe, dedicando-se à exploração de uma roça que aí possuía e hoje pertence aos herdeiros.
Em 1959 teria tomado posição pública em relação aos problemas económicos do arquipélago (...). É preso pela PIDE, em São Tomé, durante um mês. Mais tarde esteve preso em Luanda, ode foi julgado por um Tribunal Militar mas foi absolvido e voltou ao Príncipe, em Março de 1960.
De 1962 a 1971 vive em Lisboa, na Amadora, onde escreveu e datou a maioria dos sues poemas. Em 1971 regressou à Ilha do Príncipe, voltado esporadicamente a Lisboa.
Em Lisboa conviveu com vários intelectuais e políticos, oriundos de São Tomé ou amigos destes: Mário Domingues, Hernâni Cidade, Francisco Tenreiro, Almada Negreiros e Mário Eloy entre outros. A sua colaboração poética, em grande parte, se não na sua totalidade restringiu-se a poemas publicados no Correio de África.”
in Prefácio a“O Canto do Ossobó”, Edições ALAC, 1989
Esta obra patrocinada pela Câmara Municipal da Amadora: Organização, Direcção e Prefácio de Manuel Ferreira
O cucu é lindo, fofo e forte, visto que na sua simplicidade, consegue a proeza da fala.
ResponderEliminarbjs grandes
MJ,
ResponderEliminarNão conhecia e na simplicidade está a beleza!
Beijinhos. :)
É com a maior honra, que, cá revelo, a satisfação com o facto de saber que, a partir de uma ilha minúscula, pode surgir homens gigantes; como Marcelo da Veiga desabrochou, na ilha de São Tomé e príncipe.
ResponderEliminarGranda poeta por favor alguém tem o poema sou preto que ninguém escuta?
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