Daniel Cohn-Bendit aconselhava Manuel Valls - o novo Ministro francês do Interior-,
pessoa séria, dura e justa, imigrante que veio da Catalunha, da sua Barcelona natal, criança, e se integrou
perfeitamente em França.
Barcelona, Basilica de la Mercè
Aconselhava-o ele a ouvir
–no que diz respeito às medidas a tomar com os Roms (ciganos, gitanos, tziganes, gypsies e etc) a “valsar” com a música de Django.
Artigo inteligente, educado, respeituoso, em que Cohn-Bendit – judeu, cuja família fugiu aos massacres nazis e foi viver para o Sul de França, na Ocitânia, em Montauban - terra de sol e de ciganos.
Ele homem
livre, “verde” e um dos “actores/autores” do Mai 68 francês defende as origens e a
cultura tzigane.
Dançar ao som do jazz de Django...Achei bem!
Montauban, na margem do rio Tar
Daniel Conh-Bendit, Paris, Maio de 68
“Ao som de Django Reinhardt, filho de “manouches” que se tornou um dos
pais do "jazz" e que durante anos instalou a sua roulotte nos quartiers de Paris.
Django Reinhardt, desenho de Jean Cocteau
Nesse tempo –continua ele- os Roms participavam plenamente do
desenvolvimento cultural europeu e eram vistos como os vectores de uma certa
sociabilidade, pois a Boémia e os Circos vinham ao encontro dos bairros
populares e até das regiões mais recuadas.
O que não os impedia de serem, já,
estigmatizados.
Blog Cozinha dos vurdóns
Os Estados-Nações nunca amaram as populações nómadas.
Especialmente os regimes autoritários ou dictatoriais, da Alemanha à China
contemporânea.
crianças ciganas em bidonvilles
Blog Cozinha dos Vurdóns
E de incompreensão.
As tribos nómadas foram sempre vistas com maus olhos pelos sedentários. Chegavam, partiam, traziam, levavam e os outros que sempre estavam por ali parados “desconfiavam” dessa liberdade absoluta. Que invejavam com certeza...
O jovem guitarrista cigano Antoine Boyer
E que continuaram, malgré tout, a afirmar-se, a tocar a sua música, a criar festivais de música "manouche", a comer as suas comidas dos vurdóns e a pôr em questão todos os lugares-comuns que sobre eles se escreveram e se escrevem ainda hoje.
roulotte no Facebook de Pierre Le Fur
Apenas necessitam de "possibilidades", de apoio e de educação.
Se querem saber mais, leiam o blog "Cozinha dos Vurdóns" criado por mulheres ciganas brasileiras (que tive a sorte de conhecer) que, nas suas actividades de professoras de dança, homeopatas, arquitectas, professoras, ou apenas cozinheiras, não esquecem nunca as raízes...
Na sua "cozinha" falam todos os dias de inclusão/exclusão, diferença, racismo/anti-racismo e se oferecem todos os dias - para ajudar! E criam debates, propõem soluções...
Blog que, aplicadamente leio - para estar a par das dificuldades imensas e das lutas que se ganham, pedra a pedra, passo a passo.
Muito obrigada, Cohn-Bendit! É bom ouvir pessoas
inteligentes a falar com lucidez e humanidade dos assuntos.
Até é um modo de dar apoio, aconselhando-o, a Valls, com certeza um político
sério que “herdou” uma série de problemas e decisões criticáveis do governo anterior...
Manuel Valls
A sua justificação, para o fecho de certos acampamentos ilegais, é compreensível e talvez justa: "Como permitir estes bidonvilles urbanos e insalubres?!”, indigna-se ele.
Dou-lhe toda a razão! De facto, como é possível?
Mas tem de encontrar outra solução “válida”... E não pode perder tempo.
O futuro “julga-nos” todos os dias...
Para terminar deixo um poema de Pedro Homem de Mello, de que gostei muito:
Ciganos
Mas tem de encontrar outra solução “válida”... E não pode perder tempo.
O futuro “julga-nos” todos os dias...
Para terminar deixo um poema de Pedro Homem de Mello, de que gostei muito:
Ciganos
"A vossa vida
não pertence ao rei
Não
mutilastes estradas verdadeiras
Quem ama a
liberdade odeia a lei
Que deu à
terra a foice das fronteiras!
E, enquanto
o aroma e a brisa e até as almas
Ficam irmãs
de pérolas roubadas,
As mãos dos
homens que vos são negadas
Tremem
quando passais. Mas batem palmas.”
Pedro Homem
de Mello, (“Miserere”, 1ª ed. 1948), in Poesias Escolhidas, Imprensa
Nacional/Casa da Moeda, Lisboa, 1983
Viu? só amigos de verdade podem e fazem a onda crescer. Só vocês, minha amiga e meu querido escritor, são capazes de enxergar o simples, e sabe porque? Porque amam.
ResponderEliminaramo vocês, amamos vocês
é sempre bom ver estampado nos blogs, pensamentos de ajuda e lucidez.
Queridas, vocês trouxeram-nos uma mensagem que nós "adivinhávamos", mas só assim, na vossa conversa, se tornou clara!
EliminarE a a onda continua!
beijinhos
Tenho andado numa corrida (mas ontem também fui ao cinema!) e nem tenho vindo aqui as vezes que gosto. Faz-me falta.
ResponderEliminarVim aqui dar uma espreitadela e gostei muito dest post.
Um beijinho grande para si e outro para as amigas da Cozinha.
No blog Cozinha das Vurdóns há inteligência, madurez, sensibilidade e espírito combativo. Quando todos os ciganos se pareçam a essas mulheres maravilhosas não precisarão que ninguém os defenda, saberão fazê-lo eles próprios.
ResponderEliminarSão lindos os versos.
Beijinhos