Nos últimos dias calhou-me ver uma série de notícias que "tocavam" problemas das crianças.
Há tantos, não é? Egoisticamente, vamos passando por cima deles e - quem sabe- desculparmo-nos dizendo que "sempre foi assim" ou que "dantes é que não se sabia"...
Zinaida Serebriakova, Meninas e mãe
Tentei calar a minha explosão de raiva, mas hoje saiu-me pela boca fora. Aqui a deixo!
"Indignai-vos " - disse e escreveu um homem de sabedoria e corajoso: Stéphane Hessel. "Indignez-vous!" disse ele. Não façam siêncio sobre o que se passa em redor...
Sim. Tantos abusos, tanta perversidade, tanta ignorância, tanto egoísmo, tanta incosnciencia consciente!
Crianças que são casadas aos 11 anos, as esposas-bébés. Muitas têm menos de 14 anos e não querem casar-se! Muitas nem sabem o que isso significa mas já têm medo. Detestam aqueles homens crescidos com quem vão ter de viver.
E não se trata apenas do Estado Islâmico que todos abominamos que persegue, mata e viola crianças... Outros fundamentalismos, talibanismos existem por aí, infelizmente.
E "nós" dizemos: não temos nada com isso! "É lá longe, é a tradição 'deles', 'elas' crescem mais depressa do que cá."
Eles e elas não têm nada que ver com os nossos costumes e hábitos. Eles são diferentes. A tal "diferença" que dá pano para mangas! Sobretudo, dá para podermos continuar egoisticamente a ignorar o que se passa.
Com todo o respeito pelas outras culturas diferentes, inegavelmente com o seu direito a existirem! Não me compete a mim mudá-las! Nem quero.
Eu refiro-me, sim, aos protestos das próprias jovens dessas culturas - que hoje não querem seguir as velhas tradições. Ou se sentem, hoje, longe delas. E querem mudar.
O que eu não quero é ficar indiferente ao que pode ser uma "injustiça". Injustiça que não acontece só nessas culturas que consideramos diferentes. E as nossas crianças estão mais protegidas? Nem sempre, receio...
Há dias, na Turquia, uma dessas meninas morreu depois de ter dado à luz uma criança. Tinha só 13 anos. No funeral, as amigas adolescentes choram a amiga desaparecida tão precocemente! Outra, no Iemen, morreu do mesmo modo com 12 anos há uns tempos.
No passado dia 21 de Abril a mãe de uma criança, no Paraguay levou-a ao hospital porque se queixava de muitas dores na barriga. A verdade é que estava grávida porque o padrasto a violara. Acontece por aí já sabemos, sempre houve destas coisas...etc.
Mas cada caso é um CASO! E quando temos conhecimento do que consideramos mal feito, devemos dizê-lo.
Esta menina não deveria "ter levado" em frente esta gravidez! Esta menina devia estar a brincar com as bonecas. Devia poder voltar à escola. Devia poder rir e brincar!
É uma criança que tem 10 anos e não lhe foi possível
fazer um aborto, porque, num país católico como o Paraguay, o aborto é considerado um atentado
contra a vida. Ela devia estar a brincar com bonecas e não, ter um filho!
Atentado contra a vida? Qual vida? Quem pensou na vida desta criança que vai ser obrigada a ter a gestação de um filho, um parto para o qual não está madura fisicamente, nem preparada psicologicamente.
E não se trata apenas do Estado Islâmico que todos abominamos que persegue, mata e viola crianças... Outros fundamentalismos, talibanismos existem por aí, infelizmente.
perseguidas pelo Estado Islâmico
E "nós" dizemos: não temos nada com isso! "É lá longe, é a tradição 'deles', 'elas' crescem mais depressa do que cá."
Eles e elas não têm nada que ver com os nossos costumes e hábitos. Eles são diferentes. A tal "diferença" que dá pano para mangas! Sobretudo, dá para podermos continuar egoisticamente a ignorar o que se passa.
Com todo o respeito pelas outras culturas diferentes, inegavelmente com o seu direito a existirem! Não me compete a mim mudá-las! Nem quero.
Eu refiro-me, sim, aos protestos das próprias jovens dessas culturas - que hoje não querem seguir as velhas tradições. Ou se sentem, hoje, longe delas. E querem mudar.
O que eu não quero é ficar indiferente ao que pode ser uma "injustiça". Injustiça que não acontece só nessas culturas que consideramos diferentes. E as nossas crianças estão mais protegidas? Nem sempre, receio...
as amigas choram a morte da amiga (La Stampa)
No passado dia 21 de Abril a mãe de uma criança, no Paraguay levou-a ao hospital porque se queixava de muitas dores na barriga. A verdade é que estava grávida porque o padrasto a violara. Acontece por aí já sabemos, sempre houve destas coisas...etc.
Zinaida Serebriakova, na Cozinha
Mas cada caso é um CASO! E quando temos conhecimento do que consideramos mal feito, devemos dizê-lo.
Esta menina não deveria "ter levado" em frente esta gravidez! Esta menina devia estar a brincar com as bonecas. Devia poder voltar à escola. Devia poder rir e brincar!
Zinaida Serebriakova, Criança
Atentado contra a vida? Qual vida? Quem pensou na vida desta criança que vai ser obrigada a ter a gestação de um filho, um parto para o qual não está madura fisicamente, nem preparada psicologicamente.
Segundo
as “desculpas”, ela agora no Hospital vai ser bem tratada e protegida: um psicólogo apoia-a; já
está a “tomar ferro, vitaminas e cálcio
(sic)”; come bem de certeza, vai sobreviver…
Mas e a sua infância perdida? E o resto? O que vai ser o parto desta criança? Qual o traumatismo que já sofreu e continuará a sofrer nestes meses que faltam? Não. Não é normal uma menina ter um bébé aos 10 anos! Quanto a mim, haveria sempre o "aborto terapêutico" a invocar!
E as meninas-esposas que perdem a infância aos 11 anos? E quantas morrem na chamada "noite de núpcias"?!
Existo como ser pensante? Logo, indigno-me!
(BBC online, Brasil)
Zinaida Serebriakova, Brincadeiras, 1919
Mas e a sua infância perdida? E o resto? O que vai ser o parto desta criança? Qual o traumatismo que já sofreu e continuará a sofrer nestes meses que faltam? Não. Não é normal uma menina ter um bébé aos 10 anos! Quanto a mim, haveria sempre o "aborto terapêutico" a invocar!
Zinaida Serebriakova
Existo como ser pensante? Logo, indigno-me!
Escolhi a pintora russa, Zinaida Serebriakova (1884-1967), porque me encantam os seus retratos de crianças!
Associo-me à sua indignação.
ResponderEliminarQuanto à cultura não posso pronunciar-me. O que será legítimo? A nossa cultura ou a deles?
São questões profundas que os governantes desses países devem fazer.
Beijinho. :))
Um dia será outro dia
ResponderEliminarBJ
A pergunta da Ana fez-me pensar que o que será legítimo? ...Legítimo não será de certeza aquilo que vai contra a vontade de quem é "obrigado" a seguir as tradições, apenas porque alguém decide por ele (ela nestes casos).
ResponderEliminarNós indignamo-nos, mas vale de pouco, porque as coisas não mudam, porque quem tem o poder não tem interesse em mudá-las, porque mães e médicos e sociedades inteiras continuam a seguir tradições que não fazem sentido. As tradições (ou leis) que maltratam e humilham não fazem sentido.
Gostei muito das pinturas que escolheu e gostei muito das florinhas da varanda.
E a aventura na varanda continua com êxito!
Um beijinho:)
A tua frase é muito verdadeira: As tradições (ou leis) que maltratam e humilham não fazem sentido.!
EliminarÉ só isso que nos deve "conduzir" e reparar nesse mal que fazem humilhando e diminuiindo...
Mas a palavra existe e é livre... Por isso, protestemos - como tu o fazes. Acreditando que um dia serã mudadas as injustiças...
~~~
ResponderEliminar~~ Hediondos e abomináveis
estes crimes, adequada e pertinentemente sublinhados.
~~ Tudo é válido,
no sentido de iluminar o obscurantismo ainda vigente em
países fechados à evolução, progresso e humanidade.
~~~~~ Associo-me inteiramente ao seu repúdio. ~~~~~
~~~~~~~~ Abraço amigo. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
.
Procuro sempre que posso não pensar em tudo o que tem que ver com as crianças e a maldade do mundo, é demasiado duro para o meu velho coração. Quero acreditar que as denúncias constantes sirvam para alguma coisa.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria João, não devemos e não podemos ficar indiferentres a toda esta problemática. Mas como escreveu a Isabel, pouco podemos fazer...
ResponderEliminarPelo menos ninguém nos pode impedir de mostrar a nossa revolta e descontentamento!
Um beijinho.:)