Ruth
(Barbara) Rendell – Baronesa Rendell de Babergh – nasceu em Londres em 17 de
Fevereiro de 1930 e morreu no passado dia 2 de Maio. E faz-me pena pensar que
não vai escrever mais livros! Tinha-me habituado a ler, de vez em quando, um
novo romance dela. Normalmente era a minha filha Gui que mos oferecia. Éramos as duas grandes fãs dela.
Ainda há pouco tempo tínhamos tido uma
conversa ao telefone (grandes conversas costumávamos ter ao telefone…) depois
de ter morrido outra escritora policial britânica, P.D. James.
Estávamos de acordo
em gostar mais de Ruth Rendell e de achar o 'seu' detective-chefe, Reginal Wexford, mais humano,
mais agradável, mais compreensivo do que o calmo e circunspecto e distante Chief Inspector
Adam Dalguiesh, poeta e detective, de P.D. James, reconhecendo o bom nível das
duas escritoras.
Os pais de Ruth Rendell eram professores (a mãe de nacionalidade sueca e o pai inglês)e ela estudou em Loughton High School no Essex.
O seu nome
de família era Grasemann.
Escritora
de romances policiais, e mundialmente famosa, mostra um grande pessimismo em
relação ao bicho-homem…
A partir de
1986, cria outro tipo de romances policiais, sob o pseudónimo de Barbara Vine.
Confesso que me entusiasmavam menos porque demasiado “duros” onde a alienação mental, ou os
segredos de família, as taras herdadas, a perversidade e o medo podem levar ao crime conseguem ser ainda mais chocantes.
Vai-me fazer falta esta escritora...
Há quem não
aprecie livros policiais. E prefira romances soft ou light. Ou clássicos. Ou “bons
romances” como costumam dizer para denegrir o romance negro. Como há quem goste
ou não goste do amarelo. Porque “bons romances” são os que são bons e basta.
Há quem
pense: “ O quê? Tu gostas destes livros horríveis e violentos? O que terás lá
dentro da cabeça!”
Bem, não vou explicar que sou tão normal como os que não gostam
de literatura policial. Porque se trata de Literatura. E eu adoro ler! E gosto de
bons livros. De bons escritores.
Não há dúvida que há grandes escritores
policiais, que são bons escritores “tout court”. E lá virá citado Simenon, Dashell Hammett ou Raymond
Chandler, nomes “clássicos”.
Para mim é
sempre o ser humano que me interessa – que tento compreender em todos os aspectos.
Sem julgar. “Compreender e não julgar” já dizia o Comissário Maigret? Talvez.
Ou como diz a judaica “Ética dos Pais”: "Não julgues o teu semelhante enquanto não
viveres o que ele viveu e não te vires na situação em que ele se viu.”
Ruth
Rendell fazia-o. Tentava compreender e “diagnosticar” o mal, apresentando os
problemas e tentando aprofundar, através deles, o conhecimento dos homens.
Por que
razão um jovem, aparentemente normal, um dia pega numa faca e mata alguém? E
volta a pegar na faca e a matar... Ou não volta. Por que aconteceu?
Quantas
vezes hoje nós próprios nos interrogamos ao ver certas notícias: como é
possível? Um homem banal assassina a mulher. Outro pega na carabina e mata a família
toda. Um adolescente de repente chega à escola e dispara sobre os colegas. Ou
mata o professor. Como foi possível acontecer?
Os livros dela
são, além de mistério, suspense e crime, análise psicológica –ou “estudos” de psicologia
criminal – e ela leva bem longe essa pesquisa da “normalidade” ou “anormalidade”.
Policiais
psicológicos, thrillers em que se
exploram as obsessões, a comunicação impossível, a exclusão afectiva ou social,
a força do momento ou do acaso (existe o acaso ou é o álibi do humano?)
para “despoletar” o medo, a violência, a morte.
Tudo tem ou
teve antes uma “raiz”. Ruth Rendell tenta pesquisar essa “causa” porque,
conhecendo-a, podem-se evitar outros crimes.
Assim
procede Reginald Wexford, o humaníssimo comissário cuja figura cria em 1964, em "From Doon with Death". Inesquecível Reginald
Wexford, detective da pequena comunidade que a escritora inventa: Kingsmarkham.
George Baker, Wexford, na série da BBC
Ele que tem os problemas da sua família: a
mulher, a tranquila Dora, e as duas filhas que vão crescendo ao longo dos
romances, com as suas crises, amores, aspirações e desilusões.
Leio sobre Ruth
Rendell esta frase no “Monde” de hoje: “Os
seus livros oferecem-nos um quadro espantoso da sociedade inglesa do século XX
como também da cidade de Londres que conhecia perfeitamente”. (…)
Mais adiante leio:
“Juntamente com P.D. James, Ruth Rendell contribuiu muitíssimo para renovar o género
policial, introduzindo uma boa parte de análise psicológica e de contexto
social nos seus romances. Acreditava que os romances podiam contribuir para
mudar o mundo, chamando a atenção sobre os males da sociedade, do racismo ou da
droga, por exemplo.” Só para citar alguns.
A sua acção
estende-se também no campo da política. Ruth Rendell ,nomeada “baronesa” do
Império, em 1997, distingue-se como deputada do Labour (Partido Trabalhista), na Câmara
dos Lordes. Activa em todas as ocasiões em que surgiam problemas ligados à
condição das mulheres, às violências domésticas, ou às exclusões sociais.
Saúdo a Escritora e a Mulher.
Nunca li nada dela...
ResponderEliminarPode ser que um dia calhe...
Um beijinho:)
~ Sou das que não aprecia o género.
ResponderEliminar~ Fico com a forte sensação de que tudo é forjado pela imaginação
e pesquisa e que não há uma base que parta da experimentação.
~ Não tem nada a ver com simpatias pelo ''soft'' ou ''light''..
~ Mal completei os necessários 17 anos, requisitei na biblioteca do
liceu «A Ponte» assinada pelo pseudónimo Manfred Gregor.
~ É uma história autobiográfica sobre os 16 anos do escritor.alemão.
~ A partir de então, li todas as obras escritas sobre os conflitos das
grandes guerras. Histórias de heróis anónimos que enfrentaram os
limites extremos permitidos à vida humana.
~~~ Gostos... Primazias... Curiosidades...
Gosto que me levou, há uns anos, a comprar «A Fillha do Capitão»,
para verificar como tinha sido tratada a terrível batalha de «La Lis».
~~ É como se a minha leitura e o meu pesar fossem uma forma de
lhes prestar a minha sentida - a única possível - homenagem.
~~~~ Abraço amigo. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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