O tempo passa ou somos nós que passamos? -costumava perguntar a minha amiga Dalit, em Telavive.
Não
sei se somos nós que passamos, mas a verdade é que o tempo também não está lá onde julgámos que
permanecesse imutável.
Infância,
adolescência, juventude, maturidade – tanto tempo! Tanto que se aprendeu, tanto que se
viveu!
E, de repente, ao olhar para trás, vemos que as pessoas que nos acompanharam, que viveram connosco, desapareceram na maior parte. Sítios, pessoas, que contaram na nossa vida, são hoje sombras apenas. Imagens numa película que não volta a reproduzir-se. Só nós as fazemos ainda viver, ao evocá-las na memória, ou ao falar delas.
Tudo isto veio ao pensar na viagem que fiz a Portalegre. Vi a minha terra e os montes e as planícies em redor, as árvores que me parecem sempre novas, apesar de tão antigas! Sobreiros, azinheiras, oliveiras e os recortes da vegetação, a erva que as chuvadas recentes tornaram bem verde.
Ainda se planta o trigo no Alentejo? Preferi não perguntar nem saber.
Andei pelas ruas da cidade. Ruas inclinadas, ruas que sobem e me custaram a subir, destreinada como estou. Refiz caminhos que não fazia há tanto tempo, espreitei recantos que já não recordava. Entrei na Sé onde não entrava há anos e gostei dum Cristo que lá está de braços abertos.
Vi cafés antigos e cafés novos. Lá estava o inesquecível Café Alentejano que se mantem igual a si próprio e com os mesmos "habitués" de sempre. Eu "habituei-me", naqueles dias, a ir ao Sons e Sabores, na rua Direita. Onde há bom café e uma atmosfera simpática.
Muito mudou, é certo, mas o prazer de rever ângulos esquecidos, certas ruelas de casinhas brancas, foi bom.
Lojas fecharam, lojas abriram, sente-se que é difícil "sobreviver" sem postos de trabalho, sem indústrias que anunciem um futuro mais radioso. Haverá um futuro para os jovens da minha cidade?
E, de repente, ao olhar para trás, vemos que as pessoas que nos acompanharam, que viveram connosco, desapareceram na maior parte. Sítios, pessoas, que contaram na nossa vida, são hoje sombras apenas. Imagens numa película que não volta a reproduzir-se. Só nós as fazemos ainda viver, ao evocá-las na memória, ou ao falar delas.
Ainda se planta o trigo no Alentejo? Preferi não perguntar nem saber.
pelas estradas do Alentejo
Vi cafés antigos e cafés novos. Lá estava o inesquecível Café Alentejano que se mantem igual a si próprio e com os mesmos "habitués" de sempre. Eu "habituei-me", naqueles dias, a ir ao Sons e Sabores, na rua Direita. Onde há bom café e uma atmosfera simpática.
o Café Alentejano
o Arco da Rua Direita e a Porta da Devesa
Muito mudou, é certo, mas o prazer de rever ângulos esquecidos, certas ruelas de casinhas brancas, foi bom.
travessa da Rua Garrett
a Rua da Sé
o interior da Sé
O antigo Liceu, átrio coberto
a Igreja de São Lourenço, na Rua Direita
a Rua Direita e muralha da Porta da Devesa
a Rua da Mouraria
ao longe, a Sé
Crisântemos, de Keika Hasegawa 1882-1905)
Crisântemo branco, de Keika Hasegawa
Por
cima do muro do cemitério, vejo a minha terra espraiar-se ao longe, a perder de vista, e os
campos belos, pintados de um verde vivo pelas chuvadas recentes.
O
céu de trovada não anuncia nada de bom. Chove, não chove? Não me preocupei,
tinha levado três guarda-chuvas e o carro não estava longe.
Deixei
com nostalgia ‘il campo santo’, como se diz em italiano, depois de pôr umas pedrinhas no
túmulo dos meus pais. Velho hábito que me ficou de Israel.
Ia
pensando comigo: “Não esquecer os vivos! Dar importância aos afectos”. Sim, aos amigos. Aos que tiveram e têm um lugar dentro de nós.
Que lindo post, mas deixa-nos um nózinho na garganta a assinalar a tristeza.
ResponderEliminarÉ triste ir vendo partir aqueles que amamos, às vezes, demasiado cedo. Mas a vida é assim.
Quando somos crianças nada disto nos passa pela cabeça e a vida é uma festa permanente. À medida que os anos passam vamos morrendo um pouco por dentro, de cada vez que a vida nos magoa.
Perdemos as ilusões, mas ganhamos serenidade.
Gostei muito do café da sua terra e aquele arco parece o nosso "Arco do Bispo".
Definitivamente: tenho que ir a Portalegre!
Um beijinho:)
MEMÓRIA BELA E DOLOROSA
ResponderEliminar~~~
ResponderEliminar~~ Relembrando lugares e pessoas muito especiais,
com a saudade nostálgica de um passado silencioso.
~~ Muito sentido, de uma beleza triste e poética...~~
~~~ Beijinhos, MJ ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~
Que beleza, por tudo...
ResponderEliminarBeijinho.