quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Vinte anos depois do assassínio de Yitzhak Rabin,,


Nascido em Jerusalém, em 1 de Março de 1922, morre assassinado, em Telavive, por um extremista judeu, em 4 de Novembro de 1995, depois de ter discursado numa manifestação em defesa dos acordos de Paz. 
A morte dele foi como um temporal que desabasse sobre Israel, quando se começava a acreditar que a paz (talvez) fosse possível. Nenhum povo gosta da guerra mas Israel, como bem escreve Ari Shavit, é um país que "está em guerra para a sobrevivência": nenhum povo tem este dilema.
Tempestade, de John Constable 

Rabin faz uma licenciatura em Agricultura e, em 1941, terminados os estudos, entra na Haganah, organização militar judaica de libertação, durante o Mandato Britânico, na Palestina. Entra para o grupo de elite Palmach. Durante a Guerra de Independência (1948-49) comandou a brigada Harel
Anos antes, assistira à assinatura, como membro da delegação israelita, dos Acordos de Camp David, entre Begin e Sadat, sob os auspícios de Jimmy Carter, em 1978. 

Anwar Sadat receberá, por isso, o Prémio Nobel da Paz, em 1979. É assassinado, por isso também, em 6 de Outubro de 1981, por um fundamentalista do seu próprio exército.  
funeral de Anwar El Sadat (6/10/1981)

Primeiro Ministro de Israel, entre 1974 e 77, Rabin regressa ao cargo de 1992 até 1995, ano em que é assassinado. Rabin foi o primeiro chefe de governo “sabra”, quer dizer “nascido em Israel”.
Recebe, em 1994, o Prémio Nobel da Paz, com Shimon Peres e Yasser Arafat.
Assinou os 'Acordos de Oslo', uma série de acordos para a paz entre Israel e OLP, na cidade norueguesa, entre os dois povos - o que permitirá a criação da Autoridade Nacional Palestina (1992). 
Sob a "protecção" do Presidente Bill Clinton. Que será um dos ex-chefes de estado a estar presente, na cerimónia dos 20 anos, em Telavive.
A Paz é mais difícil do que a Guerra, e vêmo-lo bem, nos tempos que correm! E a questão do Médio Oriente tem muito que se lhe diga, porque nestas coisas não há branco e preto, nem bons e maus: há contradições, há paradoxos, há desencontros.
De facto, esses acordos de paz, são ainda hoje contestados dos dois lados. 
Rabin não desiste de  fazer a paz com os países árabes que o rodeiam, ele que fizera a guerra, porque há sempre um tempo de paz, e, como ele afirmava, "a paz faz-se é com os inimigos, não com os amigos”… 
Defendia esta ideia:
Podemos pensar de modos diferentes, olhar para as coisas de modos diferentes. A Paz exige um mundo de novos conceitos e novas definições.”
Penso que ele, com Shimon Peres, foram as duas cabeças que mais pensaram para poder ter a paz é preciso ceder algo.
Shimon Peres e Rabin 
Não era um santo, era um guerreiro, sábio, com os seus valores bem definidos: "Não celebramos nunca a morte dos nossos inimigos."
Era um chefe pragmático, que afirmava: "Lutaremos contra o terror como se não houvesse paz e faremos a paz como se não houvesse terror"

"Não se faz a paz com os amigos. A paz faz-se com inimigos detestáveis até então."
Por isso, assinou os Acordos de Paz de Oslo, com Arafat; por isso assinou a  paz com a Jordânia,  em 1994, com o Rei Hussein, pessoa avisada que, aquando dos Acordos, em Arava, afirmou no seu discurso: 
"Tudo isto é pois o nosso presente aos nossos povos e às gerações futuras". 
E ainda hoje existe a paz entre Israel e a Jordânia. Paz que perdura,  depois da sua morte, no reinado de Abdullah, seu filho.
Hussein e Rabin, 26/10/1994, em Arava
“Estes são os momentos em que vivemos o passado e o futuro”, dissera o Rei. 
Verdadeiro, sem dúvida. Mas, em 4 de Novembro de 1995, Rabin é assassinado com três tiros, em plena Praça dos Reis. E o mundo caíu em cima da cabeça dos que desejavam a paz! 
As suas últimas palavras, frente à multidão que o viera ouvir: “Também eu me preocupo,  e agradeço a cada um de vós, a todos os que aqui vieram, solidários, para dizerem que querem acabar com a violência e viver em paz.”
cena do filme de Amos Gitaï

Vai sair um filme do realizador israelita Amos Gitaï sobre o atentado a Rabin. Foi apresentado no Festival de Veneza e chama-se "Rabin, o último dia"
cena do filme de Amos Gitaï 
"Para a Paz", na Kikar Rabin, sábado passado
"A paz faz-se é com os inimigos”, dizia… O pior é que, por vezes nem certos amigos querem a paz. 
No passado sábado (31 de Outubro), em Telavive, estiveram centenas de milhares de israelitas, na Kikar Rabin (Praça Rabin), pedindo a Paz!

Amos Gitaï no Festival de Veneza 2015
Canta Ninet Tayeb:"To cry for you", canção dedicada a Rabin


https://youtu.be/Ja6Ud_c_xrU

1 comentário:

  1. ~~~
    ~~ Como lamento a partida súbita deste pacifista!
    Dói-me pensar que o assassino conseguiu os objetivos.

    ~ Conforta-me saber que vão honrar a sua memória.

    ~~~ Beijinhos.~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~

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