Saíu novo volume de Correspondência de José Régio, desta vez com o irmão Antonino. Régio tivera uma irmã, Ana, e quatro irmãos: Júlio, Antonino, Apolinário e João Maria. Todos dedicados às artes, literatura ou pintura ou desenho, excepto Antonino a que Régio chamava o irmão à parte, o irmão que vivera sempre longe.
ilustração de Apolinário para 'Poesias' de Régio
Por
estranho que pareça - porque, no fundo, deviria estar a par do que se relaciona com José Régio que
muito admiro, como sabem- escapou-me a saída da Correspondência de Régio com o
irmão Antonino que foi para o Brasil aos 17ou 18 anos e nunca mais voltou.
Antonino nascera em 1905, poucos anos depois de Régio (1901), emigrara para o Brasil, em 1924, de nunca mais voltou. Nunca mais se reuniria com a família.
Estranho, também, porque estive quase para “copiar”
uma passagem de uma carta de Régio para o pai, pouco tempo antes de ele morrer em que se referia à conversa que tivera com o pai para o nome de Antonino o dinheiro de uma conta existente no Brasil.
E estranho, finalmente, porque foi o comentário de um leitor do meu blogue que me alertou!
outra ilustração de Apolinário
E lá fui à procura, na internet. Encontrei no blogue de um portalegrense, "largo dos correios" (1) - que muito sabe de Régio- tudo o que precisava de saber.
De facto, em 9 de Março de 1957, José Régio pergunta ao pai, no post scriptum da carta:
"O pai já tornou a pensar nessa mudança de nome (para o Antonino) do dinheiro do Brasil?"
José Régio lembrava-se muito desse irmão, di-lo ele no seu Diário.
O livro “José
Régio, Correspondência com seu irmão Antonino”, (Chiado Editora) foi
apresentado, no dia 20 de Novembro, no Tivoli Fórum, da Avenida da Liberdade, em Lisboa (2).
Reli n'o Diário Íntimo, o que escreveu no dia 7 de Outubro de 1965, dia em que soube da morte do irmão:
"Recebo
hoje de chofre a notícia da morte do meu irmão Antonino. Foi para o Brasil com
17 ou 18 anos (*) e nunca mais o vimos. (…) talvez
o mais infeliz de nós todos; pelo menos um irmão à parte, com um temperamento
muito paticular. Uns nervos terríveis que, em parte, nos ensombraram a infância,
ao Júlio e a mim. Não quis estudar, quis ir para o Brasil (…) e lá foi, lá
ficou, nunca mais o vimos. As partilhas por morte do nosso pai fizeram com que
ultimamente eu me correspondesse muito com ele."
E recorda "(…) O vivo interesse que mostrara para que não se vendesse nenhuma das nossas casas de Vila do Conde. Ele, que resolvera nunca mais voltar a elas! Bem gostaria de poder trazer para cá, para perto dessas casas, para o nosso jazigo de família, os seus restos mortais. O Antonino! Já lá vai o Antonino, quatro ou cinco anos mais novo do que eu. (…) Caio num melancólico devaneio em que se misturam, me oprimem tantas recordações não só dele como de todos os outros que partiram…” (pg.366)
De
notar que o poeta conseguiu que os restos do irmão voltassem para Portugal e estão hoje juntos em
Vila do Conde.
(2) Iniciativa de 'CHIADO, Clube Literário & Bar'', realizou-se na Galeria Comercial
Tivoli Fórum. A Correspondência é integrada na Colecção Passos Perdidos.
Deve ser interessante:)
ResponderEliminarUm beijinho e desejo-lhe um bom domigo:)
E por aqui a respirar por guelras despontam as camélias
ResponderEliminarVou procurar.
ResponderEliminarJá tenho alguns volumes de correspondência de José Régio...
Deve ser muito interessante, sim!
Um beijinho.:))