Na vida há curiosidades de que nos apercebemos só por acaso. E, nisso, a verdade é que a internet é de grande ajuda.
Coisas da vida e da Cultura. Encontros ou desencontros de amigos. A descoberta de assuntos desconhecidos e outros aprofundados.
E aqui eis-me com um artigo encontrado por acaso de na internet muitíssimo interessante que aproveitei logo - e cujo link deixo para poderem consultar, se estiverem interessados.
Esse artigo vem a propósito de um encontro com consequências estranhas e mesmo inesperadas entre a Música e a Pintura.
Refere-se a dois artistas muito famosos, um músico e um pintor: Arnold Schoenberg (1) e Wassily Kandisnsky (2).
Trata-se do compositor judeu austríaco, Arnold Schoenberg e da músca dodecafónica - que ele "criou" - e da "arte abstracta" que Kandinsky vai desenvolver quando se encontra frente a frente com a música que ouviu.
Esta
obra de Schoenberg marca o rompimento definitivo do compositor com a música tonal. Criada na década de 1920, vai ser seguida pelos músicos da Escola de Viena, Alban Berg e Anton Webern. Alban Berg (1885-1935)
Anton Webern (1883-1945)
De todos ouvi falar pela primeira vez, ainda adolescente, ao meu pai. De facto, foi o meu pai que me ensinou que Schoenberg pertencia ao grupo dos músicos "dodecafónicos" de Viena, com Alban Berg e Webern. Explicou que tinham tentado pela primeira vez um tipo de música até então desconhecida, hoje chamada "dodecafonismo" ou "música concreta". Arnold Schoenberg (1874-1951)
Desenho de Egon Schiele
sobre Arnold Schoenberg
Que, no fim de contas, era um 'sistema' diferente de organização das alturas
musicais. Na altura não sei bem se entendi ou não, mas ouvia com atenção porque gostava muito do que o meu pai me ensinava.
Era tudo esquisito, para mim claro. Que vinha do grego, de “dodeka” (como se dizia em grego o número doze) e de “fonos” (que era a palavra grega "som") - explicou-nos. Também nos falou a todas três do pintor Wassily Kandinsky de que muito gostava e mostrou-nos pinturas dele nos livros que o meu pai coleccionava amorosamente. Contava que o tinha visto já num museu.
Wassily Kandinsky, Impressão V
O meu pai gostava muito de viajar e isso era ir à procura da Arte e da Cultura, da Beleza e do Saber.
Lembro-me de uma vez ter dito a um amigo que as cidades de Itália eram bonitas, únicas no mundo, mas que Florença (Firenze, a sua preferida), era "simplesmente bela".
Voltando ao tal artigo que refiro, leio que, no dia 2 de Janeiro
de 1911, o pintor russo Wassily Kandinsky assistiu a um concerto cujo
programa era dedicado a obras do compositor judeu austríaco Arnold Schoenberg.
A música que o pintor
ouviu nessa noite mudou toda sua teoria artística. E, dias mais tarde, no dia 18 de Janeiro,
Kandinsky escreveu uma carta a Schoenberg:
“O que nós dois estamos buscando, e toda a nossa maneira de pensar e de
sentir têm tanto em comum, que eu me sinto plenamente justificado em lhe
expressar a minha empatia”.
Nesta época,
Wasssily Kandinsky trabalhava numa série de quadros a que chamara Impressão. O
primeiro quadro que ele pintou depois desse Concerto foi Impressão III: Concerto.
Impressão III: Concerto
(Ouvir o concerto se quiserem: https://youtu.be/Ypu3Knxl-B4)
O uso da palavra Impressão refere-se a quadros que
reproduzem uma expressão directa de natureza “interior”. Assim, a pintura não está
ligada ao concerto e si que ele ouviu, mas sim à “sua impressão” da execução da música.
A imagem central do
quadro é o piano, um bloco angular negro que parece flutuar num som amarelo.
Os ouvintes, como círculos e arcos, são cobertos pelo som, mas, ao
mesmo tempo, parecem focalizados com os olhos no piano.
Kandinssky, Impressão VII
As obras musicais que tanto
impressionaram Kandinsky foram as Três
Peças para Piano, Op. 11, compostas por Schoenberg em 1909. Esta
obra marca o rompimento definitivo do compositor com a música tonal.
Schoenberg e suas
teorias de composição tiveram grande influência sobre Kandinsky. Em obras
posteriores, Kandinsky retrata a música através de uma teia de sinestesias (*).
As cores podem ser combinadas para criar a equivalência visual das frequências
vibrantes da música.
Quem era Schoenberg, afinal? Arnold
Schoenberg com Webern e Alban Berg, vão revolucionar a música do século XX nas
décadas seguintes com a produção dodecafónica (3). Anton Webern conhece Schoenberg
em Viena e é seu aluno.
Concluindo, pois, neste concerto, a arte abstracta
encontra-se frente a frente com a música dodecafónica e ficarão assim ligadas para sempre.
(1) Wassily Kandinsky foi um pintor russo, nascido em Moscovo em 4 de Dezembro de 1866. Morre em Paris em 1944. Considerado um dos maiores
pintores do séc XX. Com Mondrian e Kazimir
Malevich fez parte do chamado “trio sagrado da abstracção.
(2) Arnold Franz Walter Schönberg (ou Schoenberg) de família de origem judaica da Hungria. Nasceu em Viena em 13 de Setembro de 1874
e morreu em Los Angeles em 13 de Julho de 1951. Compositor de
música erudita é o criador da música dodecafónica.
(3) O
“dodecafonismo” - palavra que vem do grego – “dodeka”, doze, e “fonos”, som.
Tratava-se de um sistema de organização de alturas
musicais crida na década de 1920 pelo compositor Arnold Schonberg. Neste sistema, chamado "atonal", empregam-se indistintamente os 12 intervalos cromáticos em que se
divide a escala.
(*) Sinestesia: associação (de natureza psicológica) de
sensações de carácter distinto, como a de um som com uma cor; de um sabor com
uma textura.
https://classicosdosclassicos.mus.br/obras/schoenberg-e-kandinsky-inventando-a-abstracao/
https://youtu.be/Ypu3Knxl-B4
https://www.ebiografia.com/wassily_kandinsky/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arnold_Sch%C3%B6nberg
Gostei muito desta leitura e das pinturas que juntou ao texto!
ResponderEliminarVir aqui é sempre muito bom.
Beijinhos e uma boa semana:))
Claro, a verdadeira arte é singularidade, se não reflete um pensamento individual e diferente é uma mera cópia sem valor próprio. A mim pessoalmente, nem Kandinsky nem Schoenberg são dos que mais me chegam à alma, para isso está a sensibilidade de cada pessoa. No entanto são dois artistas geniais. Bjss
ResponderEliminar