quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Falando de livros... Um novo policial!

Voltando aos livros, de que nunca me afasto muito...


Desta vez venho falar de um escritor policial russo. Encontrei uma entrevista com ele há uns meses (2 de Março de 2013) num suplemento literário do Financial Times.

Falo de Boris Akunine, aliás, Grigory Chkhartishvili que nasceu, em 20 de Maio de 1956,  na Geórgia post-staliniana. Nasceu, pois, em Zestafoni, filho de pai georgiano e de mãe judia, professora de Literatura Russa. Mudam-se para Moscovo quando ele era ainda uma criança.
Zestafoni, na Geórgia


Filólogo e tradutor, interessa-se pela língua e pela cultura japonesa. E pelo Zen.
Aos 40 anos, decide que não lhe apetece continuar a fazer a mesma coisa, monotonamente, a vida toda e, por isso, começa a escrever.



Procura escrever um género de histórias que –segundo o que ele próprio conta- ele próprio e a mulher gostassem de ler... Gente como eles, culta, com uma certa exigência e, ao mesmo tempo, com o desejo de se alhearam. Assim, escolhe os romances policiais.

É discutível se a literatura policial – a quem alguns chamam “escapista”- será um alheamento. Não sei. 
Por que não será antes um mergulho, bem fundo, na psyche humana, sempre a precisar tanto de arranjo?



O pseudónimo escolhido revela algo de si e da sua curiosidade  pela Rússia czarista pré-revolucionária: Boris Akunine (B. Akunine), quem não pensa logo em Bakunine (Mikhail Bakunine), o anarquista russo? Akunine escreveu cerca de 50 livros, em 15 anos, o que é  muito. 
Escreve o entrevistador, John Thornhill: "O seu estilo mistura literatura russa, boa e má, e divertimento."

Levyathan

Gustave Doré, Destruição do Levyathan

O herói dos romances é Erast Fandorin, um misto dos seus heróis preferidos dentro da literatura (russa).
Este é o rosto de Erast Fandorin, numa série televisiva




Quimicamente, responde ele para surpresa do jornalista, misturei o Príncipe André Bolkonsky, da “Guerra e Paz”, com o Petchorin d’ “Um herói do nosso tempo”, de Lermontov".
a morte do Príncipe Bolkonsky (aqui, o actor russoYacheslav-Tikhonov)

O escritor Mikhail Lermontov


Casa-Museu Dostoievsky, em São Petersburgo


Na entrevista não refere isto, mas outro personagem da "mistura" de Fandorin é o Príncipe Myshkin, de "O Idiota" de Dostoievsky. Portanto, escolheu os maiores!





E (surpresa maior!) tem um pouco de Sherlock Holmes e de James Bond! E uns toques de Zen, que tirou da cultura do Oriente que aprecia.



Fandorin é popular porque – explica- tem tudo o que falta na nossa mentalidade russa. Tinha de ser moderado, porque os russos são excessivos, um homem de ordem, quando os russos preferem o cáos, e é também bastante confuciano.”

Continua: "Começou deste modo. Mas quando nos começámos a conhecer melhor, ele passou a ter uma vida própria. E começou a ser bastante desobediente...”

(A entrevista interessantíssima de John Thornhill que foi correspondente  do jornal F.T., em Moscovo, nos anos 90 foi realizada no restaurante russo Mari Vanna, na zona de Knightsbridge.)




Mais elementos sobre Boris Akunine:


Com o seu nome verdadeiro participou na edição de uma obra em 20 volumes de uma Antologia da Literatura Japonesa. Escreveu  “O Escritor e o Suicídio”,  The New Literary Review, Moscow, 1999.


Traduziu vários livros de Literatura Japonesa, americana e inglesa. Foi Director-Chefe da Biblioteca Pushkin.

O primeiro romance de Fandorin intitula-se a Rainha de Inverno e foi publicado na Rússia em 1998. A sua última novela saiu em Novembro de 2012.



as jóias da coroa...


Leio neste momento a tradução francesa (na colecção 10/18) de A Coroação do Último dos Romanoff, publicado em 2000, na Rússia, e traduzido para inglês em 2009.




2 comentários:

  1. De policiais, nada lhe escapa!
    Se calhar não há traduções em português...por curiosidade, ainda hei-de ver no site Wook.
    (A amiga dos meus heróis está muito só e muito tímida...onde andarão aqueles malandros?)

    Um beijinho grande :)

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  2. Os teus posts são muito belos. Suponho que te custa pouco ser prolífica, e que desfrutas com o que escreves.
    Um beijão

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