Li no jornal Libération (de Fevereiro 2014), jornal francês conceituado, um artigo que me deixou indignada. Não que não soubesse o que se passa por cá, mas porque me "chocou" que lá fora falassem mais e mais pormenorizadamente de um assunto que por aqui é "tocado" ao de leve.
O artigo, intitulado “O Êxodo Português”, de que me dei ao trabalho de traduzir alguns excertosa, aqui fica. É da autoria da economista Cristina Semblano (*), professora de Economia Portuguesa na Universidade Paris IV- Sorbonne.
O "triunfo" da nova política do Governo fez baixar a taxa de desemprego? Oh, que mentira! Quem julgam enganar?
O artigo, intitulado “O Êxodo Português”, de que me dei ao trabalho de traduzir alguns excertosa, aqui fica. É da autoria da economista Cristina Semblano (*), professora de Economia Portuguesa na Universidade Paris IV- Sorbonne.
O "triunfo" da nova política do Governo fez baixar a taxa de desemprego? Oh, que mentira! Quem julgam enganar?
“Estávamos
longe de imaginar que uma sangria
equivalente à dos anos 60, que viu o grande êxodo dos Portugueses para a
Europa, viria a reproduzir-se. Os números
necessariamente aproximativos apontam para fluxos semelhantes, ou mesmo
superiores aos daquela época. (...) Sabemos
que fluxos importantes atingiram outros
países, sob o império directo ou indirecto da troika, mas Portugal é com
certeza o único em que o governo apela de forma vergonhosa os seus cidadãos a
emigrar. Um governo que se alegra da baixa –necessariamente relativa- do
desemprego - que a debandada desta população está a provocar-, apresentando-a como um sucesso de uma política que põe o país
a saque e empobrece ainda mais a população de um dos Estados mais pobres e mais
cheio de desigualdades sociais da EU.
(...) Esta
emigração de massa tem efeitos devastadores para o país, para além dos dramas
humanos, pessoais e familiares que traz consigo. Além de acentuar o
envelhecimento da populão que, fruto da vaga migratória e da guerra colonial
dos anos 60 e di baixo índice de natalidade –um dos mais baixos da Europa- é
uma das mais envelhecidas do mundo e da EU. Com tais medidas, acentua ainda
mais a baixa da natalidade(...)
No plano
económico, as consequências deste estado de coisas são a longo prazo
calamitosas, mas a primeira e a mais dramática é a de privar o país das forças
vivas que dele constituem a trama e de que asseguram a sobrevivência, estas
forças vivas de que o país teria cruelmente necessidade no quadro da
recuperação do seu plano de desenvolvimento que está, com a arquitectura
institucional disfuncional do euro, na base da sua dependência exterior."
O artigo de Cristina Semblano refere os exemplos de situações abnormes que surgem, recentemente, em França:
"(...) os professores que vão trabalhar como porteiros nos bairros chiques de Paris, os licenciados que estão a trabalhar como operários da construção civil, os arquitectos e os engenheiros a exercerem a sua profissão mas abaixo das suas qualificações, com ordenados de 20% a 30% inferiores aos dos seus homólogos franceses.
E que dizer, ainda, dos trabalhadores não-qualificados - a grande massa dos exportados por Portugal, com salários de miséria?"
E indigno-me! O quê? Como há setenta anos?...
Como no poema de Rosalia de Castro?!
"Este parte,
Aquele parte
E todos se vão
Galiza ficas sem homens
Que possam cortar teu pão."
Só que desta vez se trata de uma jovem ( e menos jovem, pois o artigo refer que essa "massa" vai dos 16 aos 65 anos!) população "preparada": que estudou, que esperou, que acreditou que valia a pena. E a quem os pais e avós desses tempos de emigração sofredora quiseram dar uma oportunidade...
E que o próprio país "expele". Pela boca dos seus governantes que os "aconselham" a expatriar-se! E a Pátria de que tanto falam? Fica mais pobre, fica reduzida ao osso...
Nota: avalia-se em meio milhão o número de portugueses que emigraram depois da crise.
Bansky: "E que mais?
http://www.liberation.fr/monde/2014/02/03/l-exode-portugais_977523
(*) Cristina
Semblano - Professora de Economia Portuguesa na Universidade Paris IV-
Sorbonne.
É revoltante!
ResponderEliminarA mim o que me indigna mais que tudo, e porque o resto é consequência disso, é a total falta de amor e de respeito que esta gentalha tem ao País.
Revolta-me!
É uma tristeza vermos o país morrer assim às mãos de gente corrupta, pobre de ideais e de ideias. Vendidos!
( Gosto dos trabalhos de Banksy ) .
Um beijinho e bom fim-de-semana.
(Vou daqui a pouco à última sessão do Festival Literário. Ontem fui e foi muito interessante.)
Maria João,
ResponderEliminarUma realidade que faz doer. Mais uma falácia das estatísticas e dos nossos governantes... Distorção da realidade.
Gostei do Memorial dos imigrantes, não conhecia. And What Next? :((
Beijinho.
Estamos a atravessar uns tempos muito difíceis e indignantes. A única solução está em que a juventude consiga unir-se e reagir, negar-se a ser a "geração perdida", epíteto que acho vergonhoso e inaceitável: os jovens não podem resigar-se, e aos que os calificam assim desde as suas poltronas, devia dar-lhes vergonha não mexer uma palha pelos mais necessitados, cómodamente instalados na vida. Os desempregados
ResponderEliminarde hoje não têm o perfil dos anos 60, conheceram vidas dignas nas suas casas, muitos têm estudos superiores, e não vão engulir isto com facilidade. E senão, já veremos!
Bom finde, beijinhos
Doi este desgoverno
ResponderEliminarmas ainda quem o elegeu