Para a minha amiga Asmâa, lembrando Chefchaouen..

Ontem dizia...

"Chefchaouen, ou como lhe chamam, afectivamente, os marroquinos, Chaouen - é uma cidade quase inimaginável antes de se ver. Ao norte de Marrocos, perto de Tetouan, na cordilheira do Rif, num vale, com montanhas à volta."

"Espalhadas sobre o sofá, fico a juntá-las, a separá-las, a isolar um bocadinho de céu – ou será do chão?- um pedacinho de azul, uma janela com vista para o Paraíso? Tudo podia acontecer. 

Entrará pela janela o Pássaro do Paraíso, ou uma asa branca cheia de rumores? Tudo é possível, nesse momento. O olhar perde-se nas fotografias, espalho-as com a mão, e volto atrás dez anos...

Volto a um mundo azul de nuvens em que passeamos a procurar um equilíbrio porque aquele espaço não parece humano. 

O Paraíso? Um mundo terrestre ou um mundo divino? Ou de sonho?

 E penso na frase de Nietzche,  citada por Thomas Mann (*): “Queremos penetrar a razão do humano, queremos prender aquilo de que precisamos para sonhar para lá do homem”.

Entra a beleza pela janela aberta, vem o sonho no imaginar, nas casas caiadas de azul, na oliveira centenária perdida no meio de uma rua, a fonte onde uma mulher se debruça com o cântaro, onde as crianças brincam, como em todas as ruas...

No fim, esqueci-me de pôr as fotografias... Voltei ao post e pus algumas, mas penso que, sem fotografias da cidade azul, não se pode imaginar Chaouen! Aqui ficam!

Cheguei ao hotel. A noite desce sobre Chefchaouen e o azul espalha-se nas montanhas em redor. 

O que faço eu no meio de tanto azul?