Desta vez é o cabeça de lista do FN (Front National, movimento de extrema direita, (que conta já 2 deputados no Parlamento Francês), Paul-Marie Coûteux, ao evocar no seu blog a ideia de "concentrar" os Roms em "campos".
Discurso de bastante mau gosto para já... Mais tarde, quando entrevistado pela AFP, desmente tê-lo "sugerido":
“Não há no meu texto nenhum momento em que eu peça a construção de campos farpados. É em forma interrogativa.” E acrescenta: "Sou católico romano, não ponho pessoas em campos, isso já não se faz há muito tempo...”
Para além do "mau gosto", é extremamente "perigoso" associar as duas palavras: "campos" e "concentrar"... Sem querer, pensamos: campos de concentração? É isso que quer dizer?
O autor da "associação" de palavras é, no entanto, um "recidivista" pois em várias ocasiões deu expressão ao seu sentimento de que os Roms “desfeiam” o ambiente e ficam mal em certos bairros.
De facto, referira-se já à “invasão” e à “lepra” que atingem a “ordem estética” de Paris.
Um dos textos escritos Paul-Marie Coûteux (19 de Fevereiro) intitula-se mesmo:"Sobre a instalação dos ciganos em Paris e a lenta extinção do sentimento e dignidade nacional".
"Ponho-me a fotografá-los", escreve, "quando me cruzo com um número demasiado grande(...´), para apaziguar a raiva que me dá o espectáculo desolador destas mulheres, destas crianças (...) que salpicam o bairro onde vivo -e estragam o encanto que poderia ter esse passeio por ali."
Creio que este senhor deveria preocupar-se, sim, em como é desolador o espectáculo que ele está a dar! A falta de "estética" do seu discurso. A falta de humanidade com que se refere a gente como ele. A "coisificação" de gente que respira, come, dorme, e acorda todos os dias, como ele.
É muito perigoso ter estes discursos. Não basta desculpar-se dizendo que é "católico e romano" - porque já vimos católicos e romanos fazer isso... Ou dizer que "essas coisas (dos campos) já não se fazem há muito tempo...", que não quer dizer coisíssima nenhuma.
A Extrema Direita espalha-se pela Europa como tentáculos do grande polvo da alterofobia e do racismo. Da recusa de receber o outro na sua terra. Do nacionalismo feroz que disfarça sempre lá dentro uma forma de "racismo" populista.
Deve preocupar-nos esse avanço da ideologia que mata!
O outro, o que é diferente de nós, traz-nos sempre algo de bom: a diferença, pelo menos! Quebra a monotonia dos dias, dos sons, das comidas! Traz um coração-outro.
E, temos de reconhecer: no modo como, nas coisas essenciais, na dor e nos sentimentos...somos todos iguais!
P. S. Parece que houve, felizmente, um protesto do Partido Socialista francês...http://www.lemonde.fr/politique/article/2014/03/04/roms-le-ps-outre-par-la-declaration-ignoble-d-un-candidat-fn_4377483_823448.html
Deixo um belo Duo, o "Reprenons", Duo de Jazz Manouche, logo, ciganos...
http://youtu.be/uGMPjvkHcVA
E por cá? Tudo bem? Nem por isso. Podem ler estes blogues que falam do problema...É sempre bom saber o que se passa!
Vamos lá minha amiga, a podridão de novo a tona, os puro sangue, que de puro ou de sangue não tem nada.
ResponderEliminarInfelizmente a inveja é tamanha, como diria Garcia Lorca. As vezes como no Brasil, fazer as coisas acontecerem e dar os mecanismos de conhecimento tb pouco adiante e sequer reconhecem o porrajmos. Vamos lá, não se foje a uma boa briga e por cá, juntando o sangue muito menos.
adelante, adiante, opré romá.
estamos na briga.
bjs nossos
Incrível, França país da liberdade, ocupada pelos alemãs nazis, não aprenderam com a História.
ResponderEliminarFiquei surpreendida, embora não tanto como julgara, este início de século assemelha-se ao início do século XX. :(
Beijinho. :))
Ciganos ou não, o que as pessoas não gostam de ver é a pobreza. Mas ela existe e só deixará de existir se os governantes quiserem. Confesso que cada vez acredito menos na boa vontade geral. É triste uns terem tanto e outros não terem nada.
ResponderEliminarEste senhor, com estas ideias tão geniais, faz-me lembrar algo que recebi, que dizia mais ou menos: "não julgues uma pessoa pelo que te dizem dela, mas sim por como ela fala das outras pessoas". Justement.
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