Kitagawa Utamaro, Flores de Edo
Como esquecer Fukushima? Depois do 11 de
Março muitas desgraças aconteceram pelo mundo, muita gente morreu, muita gente
matou, a morte persegue esta terra meio enlouquecida.
Os homens são o lobo dos
homens, ouvíamos dizer. É. Continua a ser. E não tem perdão que o seja...
"Mas a Natureza senhor? diria o poeta. Por que nos
dá tanta dor?”, perguntarão em Fukushima.
Utamaro, a beleza
De facto Mika Nemoto, uma jovem japonesa do bairro de Miyakoji, em Tamura (in Le monde online), lamenta:
Van Gogh e as suas amendoeiras, sobre fundo vermelho
“Na
nossa região nós só tínhamos a natureza...Hoje, temos de desconfiar dela. Não
podemos comer os seus produtos, beber a sua água. As nossas crianças não podem
brincar na montanha, nos campos e devem andar com um dosímetro pendurado do
pescoço. A natureza era uma amiga. Hoje...”
Hocusai, pintor japonês
Sim, hoje tudo mudou: "As andorinhas e os pardais desapareceram.
Já não há rãs. As árvores morrem sem sabermos a razão. Os ratos e as serpentes
multiplicaram-se. Vemos mais falcões e aves de rapina. Nas casas cheias de
bolor, frequentemente assaltadas, já não conseguimos viver. Aqui, não há
futuro" - conta um membro de uma equipa de descontaminação que preferiu manter o
anonimato.
paragem de autocarro em Fukushima
“Toda a nossa vida, todos os dias, em
todos os momentos é um ponto de partida”. Dizem os habitantes das regiões
atingidas pelo tsunami”. Quem o diz é um monge zen, um monge da seita Zen Rinzay, Genyu
Sokyu. Chefe do templo Fukuju-ji, na
pequena cidade de Miharu a 40 kms da central de Fukushima. "Tudo mudou." Nunca mais voltarão as flores de cerejeira? Mas começou agora o Tempo da Sakura...
O futuro qual será? Genyu Sokyu procura
trazer conforto aos habitantes, ajudá-los, tentar reflectir sobre o que se
passou. Acaba de publicar um livro no Japão, uma recolha de contos “A Montanha
da Luz”.
Explica que as histórias foram inspiradas pela sua confusão psicológica actual, depois da
catástrofe.
Hiroshige
Hocusai
Tentar compreender e ajudar...Falar das coisas ajuda a compreender. Ajuda a não esquecer, também, para o bem e para o mal.Ah! Fukushima, meu desgosto, quando renascerás?!
Gauguin e o Japão
O pesadelo do que pode ser o mundo de amanhã já está entre nós, já há muita gente a sofrer as consequências terríveis dos escapes nucleares. Chernobyl, Fugushima, onde será o próximo? O planeta está-se a converter num lugar hostil por culpa das nossas loucuras. Temos que ter esperança num mundo melhor, não há outro remédio!
ResponderEliminarBeijos
Tanta tristeza...
ResponderEliminarLindíssimas todas as pinturas escolhidas!
Também gosto das novas pinturas ali de lado, especialmente das crianças na praia!
Um beijinho e um bom dia...com SOL!
Um dia seremos de novo crianças
ResponderEliminarBj
Sim, tem de haver esperança... Mas por vezes é muito difícil acreditar que as coisas vão mudar e melhorar.
ResponderEliminarEnquanto "os homens forem o lobo dos homens"... estaremos muito mal! Aliás, cada vez pior!
Quando aquilo em que acreditamos e nos é primordial nos falha... esperar o quê? Acreditar em quê?
Um beijo terno.:))