terça-feira, 11 de março de 2014

Fukushima, minha dor...

Kitagawa Utamaro, Flores de Edo

Como esquecer Fukushima? Depois do 11 de Março muitas desgraças aconteceram pelo mundo, muita gente morreu, muita gente matou, a morte persegue esta terra meio enlouquecida. 
Os homens são o lobo dos homens, ouvíamos dizer. É. Continua a ser. E não tem perdão que o seja...
"Mas a Natureza senhor? diria o poeta. Por que nos dá tanta dor?”, perguntarão em Fukushima.
Utamaro, a beleza

De facto Mika Nemoto, uma jovem japonesa do bairro de  Miyakoji, em Tamura  (in Le monde online), lamenta: 
Van Gogh e as suas amendoeiras, sobre fundo vermelho


“Na nossa região nós só tínhamos a natureza...Hoje, temos de desconfiar dela. Não podemos comer os seus produtos, beber a sua água. As nossas crianças não podem brincar na montanha, nos campos e devem andar com um dosímetro pendurado do pescoço. A natureza era uma amiga. Hoje...”

Hocusai, pintor japonês


Sim, hoje tudo mudou: "As andorinhas e os pardais desapareceram. Já não há rãs. As árvores morrem sem sabermos a razão. Os ratos e as serpentes multiplicaram-se. Vemos mais falcões e aves de rapina. Nas casas cheias de bolor, frequentemente assaltadas, já não conseguimos viver. Aqui, não há futuro" - conta um membro de uma equipa de descontaminação que preferiu manter o anonimato.

paragem de autocarro em Fukushima
“Toda a nossa vida, todos os dias, em todos os momentos é um ponto de partida”. Dizem os habitantes das regiões atingidas pelo tsunami”. Quem o diz é um monge zen, um monge da seita Zen Rinzay, Genyu Sokyu.  Chefe do templo Fukuju-ji, na pequena cidade de Miharu a 40 kms da central de Fukushima. "Tudo mudou." Nunca mais voltarão as flores de cerejeira? Mas começou agora o Tempo da Sakura...

O futuro qual será? Genyu Sokyu procura trazer conforto aos habitantes, ajudá-los, tentar reflectir sobre o que se passou. Acaba de publicar um livro no Japão, uma recolha de contos “A Montanha da Luz”. 

Explica que as histórias foram inspiradas pela  sua confusão psicológica actual, depois da catástrofe.
Hiroshige
Hocusai

Tentar compreender e ajudar...Falar das coisas ajuda a compreender. Ajuda a não esquecer, também, para o bem e para o mal.Ah! Fukushima, meu desgosto, quando renascerás?!
Gauguin e o Japão




4 comentários:

  1. O pesadelo do que pode ser o mundo de amanhã já está entre nós, já há muita gente a sofrer as consequências terríveis dos escapes nucleares. Chernobyl, Fugushima, onde será o próximo? O planeta está-se a converter num lugar hostil por culpa das nossas loucuras. Temos que ter esperança num mundo melhor, não há outro remédio!
    Beijos

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  2. Tanta tristeza...

    Lindíssimas todas as pinturas escolhidas!

    Também gosto das novas pinturas ali de lado, especialmente das crianças na praia!

    Um beijinho e um bom dia...com SOL!

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  3. Sim, tem de haver esperança... Mas por vezes é muito difícil acreditar que as coisas vão mudar e melhorar.
    Enquanto "os homens forem o lobo dos homens"... estaremos muito mal! Aliás, cada vez pior!
    Quando aquilo em que acreditamos e nos é primordial nos falha... esperar o quê? Acreditar em quê?

    Um beijo terno.:))

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