O livro a que me refiro, “Réponse à une amie”, é uma recolha de uns artigos que George Sand foi publicando, no jornal Le Temps, alguns anos antes da sua morte.
Retrato pintado por Delacroix
A essa amiga conta ela umas histórias e interroga-se.
"Recordo um pobre louco, ainda jovem, pálido e de grande barba negra, que errava pelos campos, na minha infância, com um ar preocupado e que passava por mim. Levantava as pedras do chão, espreitava nos poços, entrava nas casas e quando lhe perguntavam o que pocurava, ele dizia : "procuro a ternura".
E continua George Sand:
"(...) Sim, amar, sim creio que é a palavra do enigma do universo. Empurrar sempre, voltar sempre, e renascer, querer sempre - e procurar- a vida, abraçar o seu contrário para o assimilar, fazer em todos os momentos o prodígio da mistura e das combinações de onde sai o prodígio das criações novas, é essa a lei da natureza."
... "Por que razão pergunta ela- o homem que sabe alguma coisa não pode ensinar aquilo que sabe a outro homem que nada sabe? Seria bem fácil - mas com a condição de amar este ignorante porque é um homem, e não de o desprezar porque é ignorante.
Instruir vários, instruir muitos ao mesmo tempo é difícil. É a mais bela das profissões e é difícil a tarefa. Mas qual é a coisa útil que não seja ao mesmo tempo difícil de realizar?..." p.126
Em nota a essa "carta-resposta a uma amiga" (que Gustave Flaubert sempre acreditou lhe fosse dirigida -até porque "responde" directamente a opiniões dele com as quais não está de acordo), escreve Brigitte Lane:
“Em 5 de Outubro de 1871, na sua casa de Nohan, George Sand escreve na sua Agenda (*):
'Como é triste a história! É sempre a humanidade estúpida e má. Gostaria de ler um dia a história de um planeta melhor e os jornais desse outro planeta!'
Tanta verdade, não é? O homem que sabe continua a desprezar o que não sabe, o ignorante continua sem aprender e nada "evolui" o suficiente.
Ela acreditava na Utopia. Eu também. E também gostava de um dia descobrir uma história de um planeta melhor...
Palazzo de Urbino, Utopia.
Ou uma história melhor deste, remodelado?
Tudo continua igual e as notícias só nos trazem a lembrança de uma e mesma realidade : "estúpida e má"!
"Recordo um pobre louco, ainda jovem, pálido e de grande barba negra, que errava pelos campos, na minha infância, com um ar preocupado e que passava por mim. Levantava as pedras do chão, espreitava nos poços, entrava nas casas e quando lhe perguntavam o que pocurava, ele dizia : "procuro a ternura".
a ternura do anjo de Raffaello
E continua George Sand:
"(...) Sim, amar, sim creio que é a palavra do enigma do universo. Empurrar sempre, voltar sempre, e renascer, querer sempre - e procurar- a vida, abraçar o seu contrário para o assimilar, fazer em todos os momentos o prodígio da mistura e das combinações de onde sai o prodígio das criações novas, é essa a lei da natureza."
... "Por que razão pergunta ela- o homem que sabe alguma coisa não pode ensinar aquilo que sabe a outro homem que nada sabe? Seria bem fácil - mas com a condição de amar este ignorante porque é um homem, e não de o desprezar porque é ignorante.
Sand pintada por Auguste Charpentier
Em nota a essa "carta-resposta a uma amiga" (que Gustave Flaubert sempre acreditou lhe fosse dirigida -até porque "responde" directamente a opiniões dele com as quais não está de acordo), escreve Brigitte Lane:
'Como é triste a história! É sempre a humanidade estúpida e má. Gostaria de ler um dia a história de um planeta melhor e os jornais desse outro planeta!'
Tanta verdade, não é? O homem que sabe continua a desprezar o que não sabe, o ignorante continua sem aprender e nada "evolui" o suficiente.
Ela acreditava na Utopia. Eu também. E também gostava de um dia descobrir uma história de um planeta melhor...
Palazzo de Urbino, Utopia.
Tudo continua igual e as notícias só nos trazem a lembrança de uma e mesma realidade : "estúpida e má"!
Nada é eternamente mau
ResponderEliminarÀs vezes tenho um bocadinho de dificuldade em acreditar que a humanidade vai conseguir melhorar! Estamos constantemente a repetir os mesmos erros, as mesmas maldades, as mesmas crueldades!
ResponderEliminarAdmiro-a porque acredita sempre!
A Maria João é uma pessoa especial!
Um beijinho grande :)
Maria João,
ResponderEliminarMuito bonita esta abordagem da humanidade através de George Sand.
Beijinho.:))