Rosto no Outono visto por Etsuko Nagamatsu
Ou que "merecem" ser vistos... porque nos enriquecem. Por isso, associo aos poemas que escolhi os desenhos, as criações 'poéticas' com folhas do Outono que a minha amiga japonesa, Etsuko Nagamatsu, artista, vai imaginando: rostos, expressões, tristeza... Ou divertimento na procura da beleza.
Etsuko Nagamatsu
Os poemas são de uma poetiza alentejana, Maria
Albertina Dordio. Alentejana é “restritivo”? Não. Não reduz nem limita. Pelo
contrário, para mim amplifica porque me traz o ar da minha terra – livro que me
veio parar por mão amiga.
Maria
Albertina Dordio nasceu no Ervedal, distrito de Portalegre, e vive em Portalegre. Já foi
professora e hoje está aposentada.
Publicou,
em edição própria, alguns volumes de poesia: "Encontro" (1987), “Portalegre a
Cidade e a Serra” (1989); “Transparências” (1991), “Sentires” (2005), entre
outros. Este volume, “Inquietude”, saiu em Maio de 2014 e tem uma bonita fotografia, na capa.
Etsuko Nagamatsu
Livro
honesto, recolha de sentires, de inquietudes, de reflexões, medos, os poemas escolhidos
são -como diz no 'Prefácio'- “reflexo ou reflexão daqueles momentos muito
marcantes e humanos em que as nossas fragilidades, os nossos medos, os nossos
fantasmas, ilusões, desilusões, sonhos, ansiedade (…) enfim, inquietudes nos
atormentam.” (p.8)
Jardim de Outono, em Portalegre
São
um modo de se expor, diz, “da forma talvez menos directa mas mais gratificante”,
de falar de um certo mal-estar, da sensação de solidão sem aparente razão, do
sentimento de ser, como diz, “carta fora do baralho”. De ter, um dia, enfim sentido
que “algo se quebrou”.
Etsuko Nagamatsu
Talvez porque “a dureza
da vida é espinho agreste,/torniquete de angústia perfurante/ e nunca é apenas
dor somente”…
Deixo
à vossa apreciação estes poemas de uma pessoa que fala com verdade – talento e sentimento- daquilo
que sentiu e sente.
UM
DIA
Algo
se quebrou dentro de mim!
Há
uma fragilidade constante
A
travar aquilo que sinto e sou…
Perdi
forças e entusiasmo
Para
ultrapassar barreiras
E
vencer os escolhos e ciladas
Que
a vida me armou…
Acho
que é ela a pôr-me à prova…
Um
dia faço dessa fragilidade
Uma
arma poderosa
E,
sem mais entraves,
Avanço
destemida, determinada
Em
direcção à eternidade!…
*
OUTONO
SOU
Ao Outono cheguei com chuva e vento,
Lembrando
o Inverno…menos frio…
Trazendo
na lembrança o vazio,
De
abraços perdidos, um amor bento
O
Outono tristonho e pardacento
Corre,
dentro de mim, como um rio,
Arrebanha-me
a alma, ao arrepio
E
solta a minha voz em dor, lamento.
Eu,
filha do Outono, que nasci
Em
seus primeiros dias, me vesti
Com
suas tristes cores o cinzento.
Queria
ter nascido em primavera,
Ser
luz, flor colorida …ai quem me dera
E
rir-me do outono sofrimento!!!
*
NOITE
É na noite que encontro a companhia
superante das horas dolorosas,
que a vida me impõe no dia a dia,
passadas em silencios de morrer...
É à noite que agarro a fantasia,
embrulhada de esperança, na alegria
que o sonho me traz, para esconder
os cansaços e a melancolia,
de me calar e não poder dizer...
É à noite que eu...volto a viver!
Van Gogh, Noite estrelada
"O que não nos mata torna-nos mais fortes!"
ResponderEliminarGostei muito de tudo.
Um beijinho grande e um bom fim-de-semana :)
Lindas as imagens de Outono de Etsuko Nagamatsu ! Lindos os poemas de cristal da poetisa Albertina Dordio e linda esta homenagem, Danke !
ResponderEliminarM.
Ambos trabalhos são encantadores!!
ResponderEliminarLindo, lindo este Outono.
ResponderEliminarBeijinho. :))
Maria João, ainda bem que utiliza este espaço para dar abrigo a outras vozes, pois assim ficamos todos a ganhar!
ResponderEliminarPoemas com sentimento e alma!
Quanto aos desenhos em folhas feitos, simplesmente maravilhosos!
Um beijinho e bom fim-de-semana.:))