Não, não se trata do livro de Harper Lee, se bem que é sempre um momento bom para
lembrar que o devem ler ou reler "Por favor não matem a Cotovia" (To Kill a mocking bird).
Trata-se, sim, de um grave problema
à escala mundial: neste Novembro, o relatório dos ornitólogos revelou que, em
trinta anos, a Europa perdeu 420 milhões de pássaros! A começar pela cotovia...
É muito, numa
população total estimada, em 1980, em 2 biliões. São números que não
imaginamos, mas percebe-se que é uma percentagem enorme de desaparecidos!
Esperava-se
que o quadro fosse mau, mas não esta “hecatombe” de passarinhos…
E
quais desaparecem mais depressa? Os mais insignificantes, podíamos dizer: a "alouette, gentille alouette" da canção, a cotovia foi-se, com perdas enormes : 46%!
cotovia de popa
O "assassínio" do estorninho ainda pior: foram ao ar 58% dos estorninhos da Europa.
E o pardalinho doméstico?, perguntarão os mais curiosos amigos dos pardais. Pior, ainda:
61%, ou seja 147 milhões de pardais!
estorninho
Por
outro lado, esses mesmos ornitólogos descobriram que houve um aumento noutras sub-classes de pássaros, as espécies protegidas, acção devida -e ainda bem!- às políticas
europeias de protecção às que estão em perigo: os 'busardos dos canaviais' (*) aumentaram 256% e os 'grous' (**) 400%.
um casal de busardos "moros"
Richard
Gregory -investigador da Real Sociedade Britânica de protecção aos pássaros- diz que "estes
resultados espectaculares devem-se ao facto de que é mais fácil agir num
território limitado do que em vários países ao mesmo tempo.”
'grous', numa reserva
E, também, acrescenta, porque "é mais gratificante tomar conta de certas aves de rapina ou dos
grandes pássaros migradores do que …dos passarinhos."
Dão mais nas vistas do que os pequenos...?
Penso que sim: entre estes, na
generalidade, o desaparecimento é da ordem dos 80%...
No
entanto, estes pequenos seres que se acercam ao homem e às suas culturas - e que o auxiliam- são
os grandes prejudicados- por isso mesmo: a proximidade.
E são os que mais sofrem: pelos insecticidas que matam qualquer minhoca
que se atreva a querer viver, pelas culturas alargadas, pelas sebes arrancadas
que conduzem à destruição do seu habitat preferencial.
Causas desse desaparecimento em massa?
A destruição dos insectos com que se alimentam - destruição que acontece já na semente "transformada" de muitas sementes, o excessivo zelo nos pesticidas -"visando a quantidade sem se importarem com a qualidade do produto nem com o respeito pelo ambiente" - dixit o mesmo professor.
Causas desse desaparecimento em massa?
A destruição dos insectos com que se alimentam - destruição que acontece já na semente "transformada" de muitas sementes, o excessivo zelo nos pesticidas -"visando a quantidade sem se importarem com a qualidade do produto nem com o respeito pelo ambiente" - dixit o mesmo professor.
Enfim,
até entre as aves há passarinhos e… passarões! Já o sabia Pasolini ao fazer o
seu filme “Uccelini e Uccellacci”…
E já o sabia São Francisco que (no filme) procura aprender a linguagem dos passarinhos...para os avisar do perigo que são os passarões!
E já o sabia São Francisco que (no filme) procura aprender a linguagem dos passarinhos...para os avisar do perigo que são os passarões!
(in Le Monde, 5 de Novembro 2014, artigo de Frédéric Jiguet, Professor no Museu Nacional da História de França)
(*)
“busardos” - aves de rapina da família dos falconídeos
(**)
“grous” (feminino geralmente “gruas”) – aves pernaltas migradoras
É desanimador,os habitantes destruindo sua morada...qta inconsciência.Mto triste.
ResponderEliminarQue pena!
ResponderEliminarOxalá se tomem medidas para os proteger, como aconteceu com as espécies maiores.
Este Verão senti aqui a falta das andorinhas. Viram-se menos. Será por um problema idêntico?
Hoje, curiosamente fotografei garças! Apareceram na cidade. Só as vi hoje, mas quem passa ali perto, diz que já se vêem há dias. Nunca tinha visto...
Um beijinho grande:)
Também tenho pena.
ResponderEliminarOs números impressionam.
No jardim aparecem corvos e pardais.
Para a Isabel,
Este ano vi muitas andorinhas mas elas voam tão rápido que é difícil fotografar sem um tripé.
Beijinhos para as das. :))
Por vezes sós
ResponderEliminarmas nunca isolados
Maria João, quando comecei a ler este post, lembrei-me logo do livro "Não matem a cotovia", sobre um problema que diz respeito a todos: o racismo!
ResponderEliminarUm livro belíssimo que deve ser lido, como referiu.
Mas o problema que aqui nos traz é diferente mas não menos preocupante: o desaparecimento de milhões de pássaros!
Desejo que se tomem medidas imediatas para minorar este problema!
É triste e preocupante!
Um beijinho.:))
Chegará um dia em que o desiquilíbrio ecológico já será irreparável. É tudo tão escuro!
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