A HUMANIDADE DE TCHEKHOV, SEMPRE...

Tchekhov, pelo pintor Ossip Braz

Quem falou dos homens como o doutor Tchekhov? Muito poucos escritores. 

Com tanta ternura e compaixão? Com tanta compreensão e solidariedade?

“Ele é o homem que nos fala da nossa humanidade, como nenhum outro. Da nossa humanidade em pleno desânimo, desorientação. Desorientação política, íntima, intelectual, religiosa.”

Tchekhov com Tolstoi e Gorki

Não sou eu que o digo, escreve-o Fabienne Darge (Le Monde),  a propósito da estreia em Paris (no passado dia 8) de “Platonov”, criação do 'Colectivo Les Possédés, dirigido por Rodolphe Dana, no Théâtre National de la Colline. Em Paris.

Platonov, pelo Théâtre de La Colline

“Este Tchekhov de Dana e do colectivo “Les Possédés” é um primo de Dostoievsky entre a fúria de viver e a morte de Deus. Não é feito de nostalgia mas de cólera contra a resignação, de esperança insensata no amor. Nenhuma saída, no entanto, para Platonov, num mundo tão órfão de certezas como o nosso. Mas nada de tristezas demasiadas também nesta negrura febril. ”

retratado pelo amigo Isaac Levitan, em 1886

Porque Tchekhov não esquece a generosidade e a ternura. E há sempre uma luzinha que ele não quer deixar morrer...

Platonov interpretado por "Les Possédés”

http://www.colline.fr/fr/spectacle/platonov

Não irei ver a peça, é evidente, porque não estou em Paris, mas posso reler o livro.
Platonov é uma peça dos tempos de juventude. Em 1887, com 27 anos, recebe um pedido: pedem-lhe que escreva uma peça para ser representada e escreve Ivanov em quinze dias.

Por isso vos deixo esta sugestão. 

É que Anton Tchekhov é um dos escritores mais humanos que conheço. 

Em tempos de espanto e desorientação, como o nosso, talvez seja bom ir encontrar as palavras e a "cura" do bom Doutor Tchekhov!

(Anton Tchekhov nasce em 29 de Janeiro de 1860 e morre em 15 de Julho de 1904) 

http://www.colline.fr/fr/auteur/rodolphe-dana