quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Entre cá e lá…



Sou "Charlie" vai apagar-se nas memórias. Ou talvez não. A maior parte dos que foi à rua, de madrugada, para estar em filas infindáveis, a tentar comprar o novo número de 'Charlie Hebdo', nem conheciam o jornal, nem o que ele dizia. Não conheciam Charlie nem antes, nem depois. No entanto, moveram-se” para o ter em casa, para o dar a uma pai mais curioso, para mostrar aos filhos um dia... 
Até já me disseram que "parecia a bicha para os saldos". Que importa? Queriam mostrar alguma coisa de si, do que os tinha chocado, do que não queriam que voltasse a acontecer. O gesto conta. Para mim conta.
Não vou voltar a escrever “eu sou Charlie” (ou talvez escreva!), porque o importante não é escrevê-lo, ou dizê-lo, é, sim, realizá-lo: ser capaz de, em cada situação injusta,  criticar; ser capaz de ouvir as críticas dos outros, de viver em sociedade com os que têm as nossas opiniões e com os que discordam delas. 
Sem “fundamentalismos”, pois há muita forma de radicalização e a pior e mais frequente é não ouvir os outros, pensar que nós é que sabemos, e não respeitar a diferença dos outros: seja ela física, religiosa, ou apenas diferença de ideias…

Vale a pena é, em cada situação, de injustiça, prepotência, ou intolerância saber dizer as palavras certas: isso será ser “Charlie”, o símbolo em si da liberdade de expressão - e esse será sempre possível!


4 comentários:

  1. Que lindo texto!
    Um beijinho grande:)

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  2. Tem razão, as coisas mudam conjugando o verbo fazer.
    Cada um, cada eu, presente: eu faço!

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  3. ... até admito que os terroristas nunca tenham lido o Alcorão

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  4. Nos momentos difíceis para a liberdade é imprescincível estar unidos, ser todos Charlie, ou judeos, ou árabes, ou ciganos, ou homosexuais, ou qualquer mártir do mundo inteiro.

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