No último "L'Obs" que comprei (de 31 de Março a 6 de Abril) encontrei uma entrevista a um neo-escritor de livros policiais.
Trata-se de Vincent Peillon que, por acaso, é um filósofo, foi deputado, professor de Filosofia, Ministro da Educação em França -já com Hollande-, escreveu ensaios sobre Merleau-Ponty (L’épaisseur du cogito) ou La tradition de l'esprit, e sobre a reforma do ensino.
É parlamentar europeu, membro da Comissão dos Negócios Estrangeiro, no Parlamento Europeu. E professor na Universidade de Neuchâtel.
Trata-se de Vincent Peillon que, por acaso, é um filósofo, foi deputado, professor de Filosofia, Ministro da Educação em França -já com Hollande-, escreveu ensaios sobre Merleau-Ponty (L’épaisseur du cogito) ou La tradition de l'esprit, e sobre a reforma do ensino.
É parlamentar europeu, membro da Comissão dos Negócios Estrangeiro, no Parlamento Europeu. E professor na Universidade de Neuchâtel.
Apreciador
de romances policiais (Auguste le Breton, Albert Simonin e os ‘rififis’ todos, diz). Também eu os li todos os 'rififis' e os "touchez pas au grisbi" e "le cave se rebiffe"...
E até comprei um dicionário de "argot" para entender esse vocabulário de "calão" tão especial: "rififi", "le cave", "grisbi", "frangin/frangine", etc
E até comprei um dicionário de "argot" para entender esse vocabulário de "calão" tão especial: "rififi", "le cave", "grisbi", "frangin/frangine", etc
Vincent Péillon publicou o seu primeiro livro policial, intitulado "Aurora". As perguntas do entrevistador, François Forestier, incidem sobre a sua vida político-policial.
Por
que razão uma pessoa como ele escreveu
um thriller? Trata-se de um polar de intervenção? Ficção ou
realidade? As respostas são directas.
“Os
problemas são os mesmos. A realidade que se persegue é a mesma. (…) sob a forma
de romance policial, posso atingir outras pessoas, usando outras técnicas, mas o conteúdo é o mesmo que
analisei noutros livros e noutros lugares: crime organizado, tráfico de órgãos,
a podridão do mundo.
Escrever livros policiais é uma fuga?
"Escrevo
este livro para clarificar as coisas. É mais simples saber quem são os
inimigos, indivíduos e nações, escrevendo. (…) É preciso pormo-nos a questão de
saber quem deve fazer reinar a ordem – e deverá mesmo existir uma ordem?
Na nova desordem mundial, temos a impressão de que o Ocidente já não sabe o que quer. O que nos cria problemas enormes. Hesitações, confusões ideológicas, infiltrações…”
Na nova desordem mundial, temos a impressão de que o Ocidente já não sabe o que quer. O que nos cria problemas enormes. Hesitações, confusões ideológicas, infiltrações…”
Por exemplo?
“Neste livro, os soldados devem fazer, por
vezes, coisas horríveis e depois vão ser sacrificados. Há quem queira
convencer-nos de que a paz existe, mas, na realidade, a guerra continua.”
O "polar" fala da vida e dos problemas da sociedade.
“O
‘polar é o local dos grandes temas da vida: inocência, culpabilidade, lealdade,
traição, coragem, covardia – temas que se encontram presentes na vida política
e sobre os quais reflecti como filósofo muitas vezes.”
Vincent Peillon leu
muito Chandler e Hammett e Cain - onde os problemas sociais e morais são
debatidos seriamente e com honestidade, sob uma capa de ‘diversão’ ou pseudo-alheamento da vida quotidiana.
A literatura de hoje:
A literatura de hoje:
“A
literatura que hoje se escreve não me atrai, pelos assuntos: psicanálise,
taras, divórcios. Quis outros mundos! Nos policiais, há muito mal, muita
perversidade, mas os Justos ganham. Pensei chamar ao livro Tikkun –palavra
hebraica que na mística judaica significa ‘reparação do mundo’. A justiça deve
existir, a vingança não.”
E acrescenta: "Não suporto os escritores que se põem a contar os seus divórcios!"
Por
quê escrever este livro agora?
“Comecei-o
há 35 anos. Era jovem e trabalhava na companhia francesa de Wagons-Lits entre a
França e a Dinamarca. Na estação de Copenhaguen, conheci um varredor que se
chamava Carlo e trazia uma gravata com a estrela de David. Falámos muito e ele influenciou-me.
Creio que me inspirei nele, Foi talvez para ele que escrevi o livro.”
Indignação?
Nota-se no livro.
“Sim,
cólera diante do estado do mundo. É um bom modo de compreensão aliar a
indignação à compaixão.”
Tikkun? Reparação do mundo? De facto, como seria bom poder “reparar o mundo de hoje”!
Ontem à noite ainda passei por aqui, mas não deixei comentário, porque o meu computador anda irritantemente lento e volta-não-volta bloqueia. Anda completamente parvo! Tenho que o levar ao "médico"!
ResponderEliminarGosto do novo cabeçalho, com florinhas miúdas.
Um beijinho grande e um bom fim-de-semana...chuvoso:( :( :(