Hoje Antero foi homenageado, nos Açores, na sua ilha de São Miguel - em Ponta Delgada- onde nasceu a 18 de Abril de 1842.
Toda a vida lutou por aquilo em que acreditava: valores de justiça, igualdade, com a utopia sempre na alma, lutou muito.
E um belo dia cansou-se, porque sentia que "em vão lutamos".
E há tanta incerteza e névoa! E tudo se esvai e dilui e dissolve, por aqui e por ali. Serve a luta? Creio que muito quis, muito duvidou, muito esperou e muito se cansou e esperar!
"Que o destino
Paira mudo e impassível sobre o mundo",
queixava-se.
queixava-se.
retrato de Antero, por Columbano
São Miguel, Lagoa das Furnas
Suicidou-se, em 11 de Setembro de 1891, com dois tiros de pistola. Na sua amada ilha de São Miguel, num banco que ainda lá está a cair de podre.
Estava há dois anos...
Estava há dois anos...
Ponta Delgada, Portas do Mar
Mas é imortal! Hoje saíram em São Miguel os "Sonetos Completos de Antero de Quental", publicados na Livraria Solmar, em Ponta Delgada. Um livro a adquirir! Porque a Utopia continua a viver em cada um de nós...
AD
AMICOS
"Em
vão lutamos. Como névoa baça,
A
incerteza das coisas nos envolve.
Nossa
alma, em quanto cria, em quanto volve,
Nas
suas próprias redes se embaraça.
O
pensamento, que mil planos traça,
É
vapor que se esvai e se dissolve,
E
a vontade ambiciosa, que resolve,
Como
onda entre rochedos se espedaça.
Filhos
do Amor, nossa alma é como um hino
À
luz, à liberdade, ao bem fecundo,
Prece
e clamor dum pressentir divino;
Mas
num deserto só, árido e fundo,
Ecoam
nossas vozes, que o destino
Paira
mudo e impassível sobre o mundo."
(in Sonetos
Completos)
Antes, escrevera:
"Quereis
saber o que é ser-se poeta?
Pois
bem. Aqui vos deixo em breves traços:
É
vaguear em sonhos p’los espaços,
Sem
que o nosso ideal encontre a meta!
Querer
ter a magia dum profeta,
Ter
forças p’ra vencer nossos fracassos,
À
ilusão e à vida dar os braços
Quando
o Cupido atira a sua seta.
É
descer aos mistérios das ravinas,
Desvendar
horizontes nas colinas
E
em tudo achar motivos de beleza!
Ser
simples como as ervas pelo chão
E
agradecer a Deus este condão,
Que
é sentir em nós a Natureza!"
Não desesperemos, pois!
Para quem esqueceu um pouco esta figura emblemática, enorme, da nossa Literatura, deixo um link explicativo.
São muito lindos os poemas que escolheu.
ResponderEliminarGostei muito de ler todo o post e de ver as fotos dos Açores.
Um beijinho grande:)
O grande e desgraçado Antero de Quental! Um representante, com o imenso Eça de Queiroz e algum mais, da renovação ideológica na literatura portuguesa: "É preciso seguir a marcha da cultura europeia" ( Bom senso e Bom Gosto).
ResponderEliminarPena que a tuberculose e a angústia metafísica, alimentada por pensadores alemãos nihilistas, o tenham levado a um final tão trágico, sendo ainda jovem ( e guapo!!).
Bom dia de chuva, bjsss