segunda-feira, 18 de abril de 2016

Antero de Quental nasceu num dia 18 de Abril...

Hoje Antero foi homenageado, nos Açores, na sua ilha de São Miguel - em Ponta Delgada- onde nasceu a 18 de Abril de 1842. 
Toda a vida lutou por aquilo em que acreditava: valores de justiça, igualdade, com a utopia sempre na alma, lutou muito. 
E um belo dia cansou-se, porque sentia que "em vão lutamos". 

E há tanta incerteza e névoa! E tudo se esvai e dilui e dissolve, por aqui e por ali. Serve a luta? Creio que muito quis, muito duvidou, muito esperou e muito se cansou e esperar! 
"Que o destino
Paira mudo e impassível sobre o mundo", 
queixava-se.
retrato de Antero, por Columbano

São Miguel, Lagoa das Furnas

Suicidou-se, em 11 de Setembro de 1891, com dois tiros de pistola. Na sua amada ilha de  São Miguel, num banco que ainda lá está a cair de podre. 
Estava há dois anos...
Ponta Delgada, Portas do Mar

Mas é imortal! Hoje saíram em São Miguel os "Sonetos Completos de Antero de Quental", publicados na Livraria Solmar, em Ponta Delgada. Um livro a adquirir! Porque a Utopia continua a viver em cada um de nós...

AD AMICOS

"Em vão lutamos. Como névoa baça,
A incerteza das coisas nos envolve.
Nossa alma, em quanto cria, em quanto volve,
Nas suas próprias redes se embaraça.

O pensamento, que mil planos traça,
É vapor que se esvai e se dissolve,
E a vontade ambiciosa, que resolve,
Como onda entre rochedos se espedaça.

Filhos do Amor, nossa alma é como um hino
À luz, à liberdade, ao bem fecundo,
Prece e clamor dum pressentir divino;

Mas num deserto só, árido e fundo,
Ecoam nossas vozes, que o destino
Paira mudo e impassível sobre o mundo."

(in Sonetos Completos)

Antes, escrevera:

Ser Poeta

"Quereis saber o que é ser-se poeta?
Pois bem. Aqui vos deixo em breves traços:

É vaguear em sonhos p’los espaços,
Sem que o nosso ideal encontre a meta!

Querer ter a magia dum profeta,
Ter forças p’ra vencer nossos fracassos,

À ilusão e à vida dar os braços
Quando o Cupido atira a sua seta.

É descer aos mistérios das ravinas,
Desvendar horizontes nas colinas

E em tudo achar motivos de beleza!
Ser simples como as ervas pelo chão

E agradecer a Deus este condão,

Que é sentir em nós a Natureza!"

Não desesperemos, pois! 

Para quem esqueceu um pouco esta figura emblemática, enorme, da nossa Literatura, deixo um link explicativo.



2 comentários:

  1. São muito lindos os poemas que escolheu.

    Gostei muito de ler todo o post e de ver as fotos dos Açores.

    Um beijinho grande:)

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  2. O grande e desgraçado Antero de Quental! Um representante, com o imenso Eça de Queiroz e algum mais, da renovação ideológica na literatura portuguesa: "É preciso seguir a marcha da cultura europeia" ( Bom senso e Bom Gosto).
    Pena que a tuberculose e a angústia metafísica, alimentada por pensadores alemãos nihilistas, o tenham levado a um final tão trágico, sendo ainda jovem ( e guapo!!).
    Bom dia de chuva, bjsss

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