quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Recordando a canção "Le Temps des Cerises" e o momento em que foi criada...



Para a Maria, que me sugeriu que falasse da história desta canção...

Le Temps des Cerises foi uma canção escrita em 1866, em França. A letra do poema é de Jean-Baptiste Clément e a música de Antoine Renard.

Era o tempo da Comuna de Paris, tempo conturbado - de pequenas conquistas, mas de grandes de combates contra as injustiças. E de mortes. 
fusilamento dos chamados "insurrectos",  28 de Maio de 1871

E de muitos dramas sangrentos.
 prisioneiros, no final da Comuna

A Comuna, o breve “momento” em que o movimento dos "Federados", apoiados por alguns regimentos da guarda nacional, governou Paris: de 18 de Março (ou, antes, formalmente, desde 28 de Março) até 28 de Maio de 1871. Antes da "ruptura" entre marxistas e anarquistas.

o fim da Comuna: 28 de Maio de 1871

Hoje ambos os movimentos políticos consideram que se deve a “eles” a primeira tomada do poder pelas classes trabalhadoras durante a Revolução Industrial.
o começo: barricada em 18 de Março de 1871

Supõe-se que a canção foi dedicada pelo escritor da letra a uma jovem enfermeira que foi morta durante a “semana sangrenta” - quando as tropas do governo francês deitaram abaixo as barricadas da Comuna de Paris.
Place Vendôme durante a Comuna

A Comuna tinha durado pouco mais de dois meses....
Existem muitas versões da letra da canção. A mais popular é a que cantou Yves Montand e que nós conhecemos melhor.


É interessante ler o que sobre isto escreveu Louise Michel (1), na sua “La Comune Histoire et souvenirs” (1898) conta:
Quando se ouviam os últimos disparos, uma jovem que chega da barricada  da rue Saint-Maur vem oferecer os seus serviços.
Todos querem afastá-la deste cenário de morte, mas ela fica. Poucos instantes depois, resolvem fazer explodir as munições que lhes restam. Morreram todos os que ali estavam presos.
É à jovem enfermeira da “última barricada” e do “último momento” que J-B. Clément dedica, anos mais tarde, esta poesia da “canção das cerejas”. Ela nunca mais foi vista, a Comuna desaparecera enterrando com ela milhares de heróis desconhecidos.”

No cemitério Père Lachaise, onde estão enterrados os mortos da Comuna, há um muro em que está escrito:
"Tombe sans croix et sans chapelle, sans lys d'or, sans vitraux d'azur, quand le peuple en parle, il l'appelle le Mur”.

(1)   Louise Michel (1830–1905) foi uma anarquista francesa, professora e trabalhadora social. Usava por vezes o pseudónimo de Clémence e era conhecida pela “virgem vermelha de Montmartre”. 
O jornalista inglês Brian Doherty chamou-lhe “a grande dama francesa da anarquia”.
(2)    Aqui fica -para os interessados que queiram cantá-la- a letra da canção. E os links com algumas canções ou versões da mesma...

Encontrei este blog que diz ser criado como uma "homenagem à Comuna de Paris"...


Letra da canção 

LE TEMPS DES CERISES...


Quand nous chanterons le temps des cerises  
(outra versão diz: "quand nous en serons au temps des cerises")
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au cœur

Quand nous chanterons le temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur

Mais il est bien court le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreille...
Cerises d'amour aux robes pareilles (vermeilles)
Tombant sous la feuille (mousse) en gouttes de sang...
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu'on cueille en rêvant !

Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d'amour
Évitez les belles !
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai pas sans souffrir un jour...

Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des chagrins (peines) d'amour !

J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps-là que je garde au cœur
Une plaie ouverte !
Et Dame Fortune, en m'étant offerte
Ne pourra jamais calmer(fermer) ma douleur...
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur !

OUVIR:
Yves Montand
Jean Ferrat canta "la Comune"
Nana Mouskouri

5 comentários:

  1. Excelente explicação.
    Uma canção de amor que se tornou o símbolo de uma revolução.

    Cordial abraço,
    mário

    Post scriptum:

    O belogue de Vitor Dias ,O TEMPO DAS CEREJAS,é já o dois,pois o um foi atacado e eliminado.

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  2. Muito interessante a história da canção.

    É bonita tanto na voz de Yves Montand, como na da Nana Mouskouri.

    Um beijinho

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  3. Très bien: é uma canção linda que se tornou o símbolo de uma revolução e de tantas coisas universais da alma humana...
    Um beijo grande

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  4. Visitamos a dona e lá colocamos flores, do outro lado, outra mulher Le normandi. Mulheres que o mundo jamais esquecerá.

    bjs nossos

    a canção é linda.

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  5. Gostei muito de ler o seu post, gostei das escolhas musicais e gostei de relembrar o acontecimento e as canções nas três vozes esplendorosas.

    Não posso comentar porque ainda não tive tempo de resolver ou saber como resolver o problema. :(

    É que às vezes comentar é como dizer um bom dia! sabe tão bem ler e responder. Parece que tenho uma mordaça é horrível.
    Ana

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