quarta-feira, 28 de março de 2012

Continuando a falar do pintor britânico L.S. Lowry

Lowry, "Yachts" (aguarela,1959)

Continuo a falar de L.S.Lowry (1887-1976), visto o interesse e a curiosidade que despertou nos leitores. 
De facto, não é por acaso que é considerado um dos pintores britânicos mais populares...
Lowry pormenor de Yachts (foto MJF, desfocada)

Como a mim sucedera, ao ver o tal calendário da Waterstone’s...

Lowry, The pond

L. S. Lowry nasce na Barrett Street, em Stretford (Old Tratford), onde vive com os pais até 1909, quando a agência imobiliária do pai abre falência e a família tem de se mudar para um bairro suburbano pobre da zona industrial de Salford.
Lowry, Fábrica industrial 
Que vai pintar e pintar e pintar...



Muitos dos seus desenhos e pinturas quadros representam esta paisagem de Salford, de Pendlebury e  dos arredores. 
Dos distritos industriais do Norte, da Grande Manchester, ou de Liverpool, no Lancashire.

Lowry Going work, pormenor

Da Inglaterra mais pobre, a do noroeste, industrializada, cheia de fábricas, em redor, e de gente na miséria. 


É essa gente, esse mundo, que pinta, à saída da fábrica, andando,  cabisbaixos e perdidos, afastando-se a correr. 


Ou entrando, apressados, sem expressão, já vazios, anónimos, pontos negros apenas, um entre muitos, os tais "homens-pauzinhos-de-fósforos" que o caracterizavam...

Fugindo, talvez. 
Lowry, Going to work (1959), entrada na fábrica

Lowry, pormenor de Yachts (MJF)

Outros, pasmados a olhar. Os barcos e as corridas nos canais.  E os iates dos outros.


Os cães a verem o que se passa, ao lado dos donos...

capa do "Calendário 2012", Coming from the mill (1930)de Lowry 

Essa zona miserável onde Lowry viveu e cuja realidade pintou durante mais de 40 anos.
Lowry, idem, pormenor

O pai de Lowry morre em 1932 e deixa a família com dívidas. LS. Lowry toma conta da mãe que sofre de neurose e depressões contínuas e depende absolutamente do  filho.

Ele só conseguia pintar quando a mãe adormecia, tarde, noite entrada, por vezes quatro  horas seguidas, conforme o cansaço.

Lowry frente ao retrato de Iesel (1961)

Lowry revela anos mais tarde o seu pesar por não ter sido reconhecido o seu valor durante  o tempo de vida da mãe. Ela era uma artista, uma pianista, e teria sido bom ver o filho ser admirado como o veio a ser.

De facto, depois da morte dela,  a sua obra tem grande sucesso.

Lowry, Flores à janela, pormenores

Costumavam passar férias na Escócia, em Berwick, onde tinham uma casa. 


Berwick, na Escócia
Mais tarde sozinho irá passar as suas férias em Sunderland no Hotel Sunburn.

Durante esse período, muitas dessas pinturas eram auto-retratos assustadores  a que ele chama “horrible heads” -  que o aproximam do expressionismo.

Lowry The Flat iron Market, em Salford (desenho a lápis, 1925)
Lowry,  Fábrica em  Hoodersfield

Sente-se nele também a influência também de Van Gogh. Em 1931 houve de facto uma grande Exposição de Van Gogh, na Manchester Art Gallery, exposição que ele de certeza viu.

Lowry conhecia já a pintura francesa que o seu mestre, o pintor francês impressionista, Adolphe Valette,  lhe ensinara a conhecer.

Em cima, South Shields, desenho a lápis, 1961
Em baixo, Saída do ferry
Lowry, Passagem de nível
Football Match: Lowry era um adepto do Manchester City!
paisagem do Lancashire

Quando a mãe  morre em 1939, é a vez dele cair numa depressão, abandonando por completo o cuidado a casa de tal modo que o senhorio lha retira em 1948.

paisagem em Longdale

Entretanto já ganhara dinheiro e compra The Elms, em Mottram, no Longdendale, bela região. Apesar de achar que a casa era desconfortável e feia, viveu lá mais 30 anos.

Trattford

Para Lowry, bastava um tecto, a paisagem campestre ou “urbana”, telas e pincéis...

Centro The Lowry, em Salford

Em Salford, (Grande Manchester) existe hoje um Centro de Artes e Espectáculos, The Lowry, dedicado ao pintor, na que foi a sua terra natal.
Biografia de L.S.Lowry, por Sandra Martin

Sobre Lowry:
Pinturas de Lowry no youtube:


5 comentários:

  1. Adorei o post.
    Gosto da pintura dele.
    Um beijinho

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  2. Antes deste novo post sobre Lowry já te tinha roubado um quadro para o próximo meu.
    Gostei muito, precisamente vou pôr primeiro este pintor que gosta de pintar os seres humanos e outros animais como figuras breves, multitudinárias, todas iguais, e abaixo um de Botero, que é o caso oposto, e que também adoro pela sua originalidade. Onde não há verdadeira inovação não há verdadeira arte, ¿verdad?
    Verdadeiramente tua, Maria

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  3. Verdad! Ainda estávamos a pintar os mamutes nas cavernas!
    Inovação, rebeldia, coragem! Beijinhos
    Ainda bem que "roubaste" um Lowry! Fico mais contente!
    Verdadeiramente tua,Jane

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  4. MJ,
    Foi uma novidade o anterior post sobre este pintor e continua a ser. Gosto do seu trabalho.
    Quanto ao filme: #Camino" é muito triste. A menina está a ser alvo de um processo de canonização. É algo que me transcende.
    Beijinhos. :)

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