Cenarista, realizador de cinema, jornalista, escritor, nasceu em 1928 em Chamalières (Puy-de-Dome) e morreu há dias em 14 de Março.
Foram ontem as exéquias dele, em França.
Interno no Colégio Técnico de Annecy, durante a guerra, lê tudo o que encontra à mão e admira os aventureiros de todos os tempos.
Foram ontem as exéquias dele, em França.
Interno no Colégio Técnico de Annecy, durante a guerra, lê tudo o que encontra à mão e admira os aventureiros de todos os tempos.
Leu Joseph Conrad, Melville e adorou Joseph Kessel, cujo livro “La Fortune Carrée” o entusiasmou ao ponto de decidir da sua vida futura. Que o "encorajam", como ele diz, a seguir um caminho novo na vida...
Herman Melville
Joseph Conrad
Josph Kessel
E vem o sonho de se tornar marinheiro, ele que nunca tinha visto o mar!
De Shoendoerffer vi há muito tempo um filme que não esquecerei: “Secção 317” (Prémio do Festival de Cannes de 1965), com dois grandes actores: Bruno Cremer e Jacques Perrin. A verdade é que escolheu sempre os mesmos actores para os seus filmes.
De Shoendoerffer vi há muito tempo um filme que não esquecerei: “Secção 317” (Prémio do Festival de Cannes de 1965), com dois grandes actores: Bruno Cremer e Jacques Perrin. A verdade é que escolheu sempre os mesmos actores para os seus filmes.
Filme de guerra, duro, cheio de dor, de desencanto e ao mesmo tempo - nem sei bem como - de esperança... Pela solidariedade? Talvez...
Schoendoeffer escreveu também um livro, “A asa da borboleta”. Lembram-se do “efeito borboleta”? "Ali, revela os movimentos íntimos, as convulsões, acções que “afectam” todo o mundo, (todo o ser humano?), mesmo que se passem do outro lado do planeta".
Schoendoeffer escreveu também um livro, “A asa da borboleta”. Lembram-se do “efeito borboleta”? "Ali, revela os movimentos íntimos, as convulsões, acções que “afectam” todo o mundo, (todo o ser humano?), mesmo que se passem do outro lado do planeta".
Ou, apenas, num barco, a meio do mar...
Encontrei mais este apontamento no L’Express online, numa notícia sobre a sua morte, em que se fala do livro:
“ (...) a ideia não é nova: o bater de asas de uma borboleta no mar da China pode provocar um tufão no Golfo do México.
Mas na “Asa da borboleta”, de Pierre Schoendoerffer, a ideia toma toda a sua a outra dimensão.
Romance do mar onde os homens se rasgam num cargo infame".
Lembro o filme de Hitchcock “Um barco e nove destinos" (Lifeboat, 1944)), baseado numa história de John Steinbeck, onde o drama acontece, idêntico.
Lembro o filme de Hitchcock “Um barco e nove destinos" (Lifeboat, 1944)), baseado numa história de John Steinbeck, onde o drama acontece, idêntico.
Barco de sobreviventes, à deriva, durante a Guerra, a luta pela vida, contra tudo e contra todos acirra-se.
Porque o homem na necessidade (ou mesmo sem a necessidade...), perde a dignidade, regressa aos instintos e... torna-se num lobo! Pior, porque o lobo é o lobo, os seus "motivos" são outros e tem sempre categoria!
Porque o homem na necessidade (ou mesmo sem a necessidade...), perde a dignidade, regressa aos instintos e... torna-se num lobo! Pior, porque o lobo é o lobo, os seus "motivos" são outros e tem sempre categoria!
Vi no domingo passado, na TV franco-alemã, ARTE, outro filme “Le crabe-tambour”, realizado em 1977. Filme doloroso, por vezes difícil de seguir pelos constantes flash-backs.
A história de dois militares, ex-combatentes - na Marinha de Guerra Francesa- , na Indochina e na Argélia, cruzam-se, nesses períodos de guerra, com uma estranha personagem.
A história de dois militares, ex-combatentes - na Marinha de Guerra Francesa- , na Indochina e na Argélia, cruzam-se, nesses períodos de guerra, com uma estranha personagem.
Na viagem, na acção presente, evocam o jovem militar que, separadamente, conheceram, e a quem chamavam o “crabe-tambour” (o caranguejo-tambor, do nome que o pai lhe dera em miúdo), sempre acompanhado por um gato preto que ele dizia ser a sua consciência – "pesada, mas incorruptível".
Figura misteriosa que se tornou numa lenda para os que o conheceram: combatente na Indochina, prisioneiro de guerra, combatente na Argélia "do lado errado", que no fundo admiraram mas talvez não tenham sabido compreender sempre.
No filme perpassa a sombra da morte adiada, a dificuldade de viver e de morrer: a “morte passa sempre, vai e volta e um dia para em cima de nós”.
Como não pensar nos “talentos” perdidos? Como não saber perdoar? Como não prestar homenagem aos que a mereceram?
É o que pensa o Comandante - chamado pelos seus subordinados, afectivamente, "le vieux", ou "o rabugento". Nesses longos meses, passa em revista a sua vida e a dos que com ele viveram de perto, parte dela.
Nesta, que ele sabe vais ser a última viagem, o Comandante do barco-escolta "Jaurèguiberry" vai inconscientemente (ou conscientemente) à procura dessa personagem perdida que apenas sabe ser pescador solitário num bacalhoeiro, nos mares do Norte.
Como não pensar nos “talentos” perdidos? Como não saber perdoar? Como não prestar homenagem aos que a mereceram?
É o que pensa o Comandante - chamado pelos seus subordinados, afectivamente, "le vieux", ou "o rabugento". Nesses longos meses, passa em revista a sua vida e a dos que com ele viveram de perto, parte dela.
Nesta, que ele sabe vais ser a última viagem, o Comandante do barco-escolta "Jaurèguiberry" vai inconscientemente (ou conscientemente) à procura dessa personagem perdida que apenas sabe ser pescador solitário num bacalhoeiro, nos mares do Norte.
E mais: “não há mal e bem, há apenas um bem ...e outro bem...”, diz o Comandante, papel dado a Jean Rochefort (que ganhou em 1978 um César para o melhor actor por essa interpretação).
É, de facto, ele o extraordinário Comandante do “Jaurèguiberry” - que cruza os mares do Norte, socorrendo os barcos pesqueiros isolados nas águas geladas da Terra Nova, levando-lhes víveres, o correio, medicamentos.
Claude Rich, Jacques Perrin, Bruno Cremer e Jacques Dufilho são outros actores perfeitos...
É, de facto, ele o extraordinário Comandante do “Jaurèguiberry” - que cruza os mares do Norte, socorrendo os barcos pesqueiros isolados nas águas geladas da Terra Nova, levando-lhes víveres, o correio, medicamentos.
Claude Rich, Jacques Perrin, Bruno Cremer e Jacques Dufilho são outros actores perfeitos...
Digno de Melville, Kessel e Conrad, filme inesquecível!
La passe du diable, 1958
Ramuntcho, 1958
Pescador da Islândia, 1959
Secção 317, 1965
Le crabe-tambour, 1977
Dien Biên Phù, 1992
L’honneur d’un capitaine, 1998
Là-haut dans les nuages, 2003
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