"Salvar Abril", Henrique de Matos
Faz-me impressão pensar quantos jovens não sabem nos tempos que passam o que foi o 25 de Abril!
Porque nunca lhes falaram nisso?
É certo, muitos deles não foram “informados”...
Porque lhes parece longe de mais esse dia?
Nada do que é verdadeiramente importante tem tempo...
Para que foi afinal?, podem perguntar hoje.
Talvez muitos, face aos problemas que se lhes deparam na vida,
um futuro que não é futuro nem é nada, sem trabalho à vista, no desemprego,em fuga para o estrangeiro à procura do Eldorado que já não há, possam perguntar:
“Para estar tudo assim?”
Sim, compreendo alguma desilusão...
Talvez compreenda que nem queiram saber o que "isso do 25 de Abril" foi...
No entanto, é importante que saibam! A culpa desta desgraça de hoje não é desse dia...
Há dias ouvi uma amiga, a Elisabete, que me contou ter explicava à filha, estudante universitária:
“Tu tens de ir para a rua! Quem tem medo, compra um cão! Porque
se não fosse o 25 de Abril tu não tinhas chegado à Universidade! A tua avó, eu
mesma, lutámos por ti, pelo teu futuro! Agora é a tua vez de lutares! E de ires
lá!”
Conheço há muito tempo
a força desta jovem mulher decidida, sincera e corajosa.
Sorri e gostei de a ouvir.
Porque ela lutou toda a vida por condições melhores, avançou, conquistou um lugar digno, e não quer que volte tudo onde estava no 24 de Abril: quando só estudavam os filhos de pais ricos!
Porque ela lutou toda a vida por condições melhores, avançou, conquistou um lugar digno, e não quer que volte tudo onde estava no 24 de Abril: quando só estudavam os filhos de pais ricos!
Lutou para que todos os outros, pobres, menos pobres, tivessem regalias, mais direitos, do que os
pais e os avós tiveram!
Para que todos pudessem partir do mesmo ponto: crescer, poder estudar e
avançar.
Para que o analfabetismo brutal -que existia antes- fosse “apagado”!
Perdeu-se pelo caminho a chama frágil?
Não creio. Há sempre alguns que acreditam e continuam a
lutar.
Porque não se pode baixar os braços.
Muito menos agora.
Há quem queira voltar atrás? E esquecer de vez essa revolução “gentil”,
com cravos e sem sangue?!...
Claro que há. Logo no dia 26 de Abril
houve, e desde aí houve todos os dias quem quisesse voltar atrás. A força dessas
forças foi enorme durante estes anos todos.
Não julgo ninguém: o 25 de Abril foi feito para que todos pudessem ter a sua opinião: diferente e em liberdade!
Por mim, penso que, numa
sociedade, se deve devemos pensar no bem de todos – o que nem sempre é fácil.
Sobretudo numa sociedade (esta em que hoje vivemos) que criou
“necessidades” e que abafou esse sopro.
Há a força negativas ( e retrógrada!) do capitalismo selvagem trazido pelos anos da "férrea" Thatcher, na Europa, e pelo actor Ronald Reagan na América e nunca mais nada foi como
era...
Criando “a concorrência selvagem”, criaram terreno para a falta de escrúpulos, para a
ausência de solidariedade, a começar nos bancos dos liceus...
“Eu é que tenho que estar à frente e não tu!”, pensaram.
Muito se perdeu dos valores em que acreditávamos. Mas eles
continuam lá e o saldo continua positivo.
Hoje nada se respeita das “conquistas” e ideais, mas eles existem.
É só ir buscá-los onde estão: e lá vem a solidariedade, a igualdade, a fraternidade - que devem continuar a ser
valores!
E estiveram nesse dia do 25 de Abril de 1974.
E estiveram nesse dia do 25 de Abril de 1974.
Porque Abril volta sempre. Basta que chegue a Primavera...
E que se queira acreditar
outra vez!
“Mas há sempre uma candeia/dentro da própria desgraça/Há
sempre alguém que semeia/canções no tempo que passa...", diz Manuel Alegre.
E, ainda:
"Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.”
Não deixemos cair por terra e ser espezinhado o gesto
generoso dessa manhã de Abril!
Mário Soares, Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho
"Grândola, Vila Morena", canta Zeca Afonso: a canção que "acompanhou" o dia 25 de Abril de 1974.
Associação 25 de Abril:
E vamos continuar plantando o sonho para lutarmos de novo e mais uma vez pela liberdade nossa de cada dia.
ResponderEliminarbjs muitos de todas nós.
Pelo sonho é que vamos...
Eliminarbeijinhos
Gosto de falar aos meus pequenos alunos, deste dia e do que significa e ainda de como a revolução foi um exemplo, porque foi pacífica.
ResponderEliminarFalo-lhes de Salgueiro Maia.
Muitos dizem que às vezes o avô conta...
Admiram-se do que não se podia fazer, do que não tinhamos, de como a escola era tão diferente...
É dificil para quem nasceu na liberdade, dar-lhe valor, porque para eles e para os pais é uma coisa natural, tão natural muitas vezes, que se esquecem da liberdade dos outros e de a respeitar.
Úm pormenor engraçado: admiram-se muito de "naquele tempo" não haver cá coca-cola.
Contei-lhes a história "O tesouro" de Manuel António Pina e gostaram muito.
Um beijinho e feliz dia da Liberdade!
Para ti também querida Isabel!
ResponderEliminarJá voltei, obrigada pelas palavras. Roubei-te a papoila.
ResponderEliminarLetra para um hino
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
Manuel Alegre
É possível, sim!
EliminarAssassinam a pessoas,nunca conseguirão assassinar ideias,por mais que tentem.
ResponderEliminarUm abraço,
mário
Esqueci-me de dizer que a papoila vermelha foi "rouubada" no blog "Trepadeira"!
ResponderEliminarAbril não se fez em 1974, apenas se iniciou então. Foi o grande e corajoso começo de uma empreitada inacabada. Cabe-nos a tod@s contribuir para que seja cada vez mais justa e generosa. Não há desculpas inter-geracionais. Não preciso de ter vivido em ditadura para saber que não a quero e, sobretudo, para valorizar a democracia, imperfeita, é certo, mas como diz o Sérgio Godinho "a democracia é o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros"! :)
ResponderEliminarUm abraço e 25 de Abril Sempre!!
Acabo de descobrir un fotógrafo que é um grande artista, e que casualmente é teu cunhado, e uma mulher interessantemente bela, que também por acaso é tua irmã...
ResponderEliminarPARABÉNS!!
Fiquei "flipada"!
O acaso é assim...por acaso!Vou-lhes dizer.
Eliminarbeijinhos
Talvez seja urgente recuperar o ideal de Liberdade.
ResponderEliminarBeijinhos
Luísa
O quanto é importante que se explique às crianças/jovens o que foi e para que serviu o 25 de Abril. Para que se respeite o outro, a sua liberdade. Para que seja possível viver sem medo. Submissão, NUNCA! Igualdade, SEMPRE!
ResponderEliminarBeijinhos
Pode parecer palermice ou pieguice mas é o que sinto: A LUTA CONTINUA!
ResponderEliminarEnquanto persistir esta ignorância que por aí se vê; enquanto houver trastes e figurões a querer matar a memória; enquanto houver cravos vermelhos por abrir; enquaNto o obscurantismo persistir nas mentes agrilhoadas pela ignorância... eu gritarei: A LUTA CONTINUA!
ABRIL SEMPRE!!!!!!!!!
Saudações Mrs. Falcão, uma rápida passagem pra deixar um eterno abraço de final de semana, de muita paz e prosperidade. Saluto
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