CIGANOS...
Venho falar uma vez mais do grupo de Mulheres do blog da “Cozinha dos Vurdóns” (e de outro que vou consultar: “Homeopatas dos pés descalços”): cozinhando, falando na cozinha - como elas dizem- vão pondo na mesa, ao lado da comida e dos petiscos, as ideias, as dúvidas as preocupações.
Paul Gauguin perguntou e voltou a perguntar...
Gauguin, o amigo de Van Gogh “que era amigo dos ciganos” como bem refere a minha amiga Elisa.
Gauguin, o amigo de Van Gogh “que era amigo dos ciganos” como bem refere a minha amiga Elisa.
Não deixou resposta, por isso perguntamos o mesmo, sempre...
E outras perguntas virão, logo a seguir: O que é o céu? Por que brilha o azul? Por que gostamos dos campos de trigo amarelo do Van Gogh? Por que não gostam de nós? Por que não nos compreendem?
Ou ainda: Como saber? Como ajudar os outros? Como fazer mais ainda?
Para elas, começou há um ano exacto, o chamado “Projecto kalinka”: a integração dos ciganos na escola.
Ou, melhor: explicar na escola o que são os ciganos, esse povo Rhom que viajou de Oriente a Ocidente, se perdeu e se encontrou por aqui e por ali.
E foi deixando, atrás dele, o rasto: na música, na dança, nas cores garridas, na comida simples feita daquilo que aparecia pelos caminhos, pelas estradas poeirentas e sem gente.
As bagas vermelhas que colhiam...
As ervas daninhas que comiam tantas vezes.
As bagas vermelhas que colhiam...
As ervas daninhas que comiam tantas vezes.
Com imaginação, dançando, sofrendo, com alegria, com palmas...
Deixando o rasto onde aparecem nomes inesquecíveis de hoje e de ontem: o jazzista mestre de jazzistas, Django Reinhardt (em França), que Jean Cocteau desenhou;
o realizador Gatlif, e os filmes que nos "ensinaram" um pouco mais sobre o "povo da viagem", os "filhos do vento" como, poeticamente, ainda hoje se chamam a si mesmos;
o cigano-bailarino de flamenco, Camarón de la Isla (em Espanha);
os andaluzes e as suas guitarras gitanas;
os tsiganes da Europa Central, os Romanès das “fêtes foraines” e dos circos.
Os boémiens que encontram os heróis do “Grand Meaulnes”, de Alain Fournier.
Os gipsies que aparecem no livro de George Elliot, "O Moinho à beira do Floss"!
Que, no fundo, sempre enriqueceram o nosso imaginário...
O saltimbancos dos Circos fantásticos: os ciganos que, sem sabermos que o eram, encantaram as nossas infâncias.
o realizador Gatlif, e os filmes que nos "ensinaram" um pouco mais sobre o "povo da viagem", os "filhos do vento" como, poeticamente, ainda hoje se chamam a si mesmos;
o cigano-bailarino de flamenco, Camarón de la Isla (em Espanha);
os andaluzes e as suas guitarras gitanas;
os tsiganes da Europa Central, os Romanès das “fêtes foraines” e dos circos.
Os boémiens que encontram os heróis do “Grand Meaulnes”, de Alain Fournier.
Os gipsies que aparecem no livro de George Elliot, "O Moinho à beira do Floss"!
Que, no fundo, sempre enriqueceram o nosso imaginário...
O saltimbancos dos Circos fantásticos: os ciganos que, sem sabermos que o eram, encantaram as nossas infâncias.
Livros que foram parar ao Brasil, enviados pela Livraria Lumière
Eduardo Viana, Pousada de Ciganos
Mulher cigana, mosaico da Antiguidade
Jazz Manouche "Les Imposteures"
Virgem negra
Por isso, a “guetização” a que foram ( e ainda são) obrigados em tantos países “civilizados” da Europa é tão chocante.
Ligam-se os “ciganos” sempre à ideia de parasitas, à pobreza, à vida asocial, enfim, consideram-nos uma espécie de nómadas sem rei nem roque que tudo fazem para sobreviver...
As minhas amigas fizeram-me compreender o que já intuíra: a profundeza de um povo perseguido e a luta enorme que é ser-se cigano!
É dessa gente que elas, mulheres brasileiras, vão falar nas escolas. Durou um ano inteiro, falaram, levaram essa cultura, ensinaram a cozinha, a dança. E tantas coisas mais.
Foi essa gente pobre e excluída que estas mulheres tentaram ajudar, foi os “ninhos” de pobreza que tentaram erradicar onde a encontravam – e no que lhes foi possível-, trazer as “luzes”, dar de comer à crianças ciganas...
Ciganos e Holocausto
E dar conhecimento disso aos outros. O Brasil é um grande país. O Brasil compreendeu.
E, por isso, finalmente puderam ver alguns resultados maravilhosos: tudo culminou na grande “festa-manifestação-explicação” - como chamar-lhe?
"Nos dias 9 e 10 de Abril 2012 a AMSK/BRASIL em parceria com a Universidade de Brasília realizou um ciclo de debates: Ciganos uma história invisível, pautado no trabalho do Projeto kalinka.” (blog “Cozinha dos Vurdóns”)
Reuniram-se, pois, todos na Universidade de Brasília (que festejava os seus 50 anos) para, como diz Elisa Costa, “traçar uma ajuda possível, para ajudar à compreensão e ao entendimento. Todos os que aqui estiveram souberam da necessidade de ajudar, conversando, discutir em prol da construção visível dos Rromá – os ciganos no Brasil.
A todos os que aqui estiveram e aos que distantes mantiveram seus pensamentos e seus corações juntos com os nossos, a cada um Nais Tukê!”
Penso que nós todos, que seguimos de longe esta aventura, esta luta sem quartel contra todas as formas de racismo, de exclusão, de ignorância, temos que lhes dizer a elas –também- o nosso “Nais Tukê”.
Obrigada, amigas! Pela parte que me toca, agradeço. Fiquei mais rica.
Um dos meus sonhos perdidos, sonhos de adolescente, era um dia largar tudo e partir, decalça, com os ciganos que apareciam na minha cidade. Acho que me seduzia a liberdade! Desses sonhos, ficou-me o vício de andar descalça...
ResponderEliminarBeijinhos
Gostei muito do seu post e junto-me a si nesta homenagem a estas amigas Cozinheiras que lutam por um mundo mais justo.
ResponderEliminarUm beijinho para si e outro para elas.
Existe um breve ditado que diz: "o sangue é mais denso que a água, mas o espírito é mais denso que o sangue". Somos todos irmãos e é de mãos juntas que podemos e devemos fazer alguma coisa. Nossa vitória só foi possível, porque tivemos de presente pessoas como vocês - amigos, mais densos que o sangue.
ResponderEliminarDevlessa - deus contigo
sempre, pois entre irmão amigos podemos e devemos dizê-lo: sempre amigos, sempre irmãos.
amamos você.
Todas nós.
Gracias,Falcão,pela linda postagem homenageando as amigas da Cozinha dos Vurdóns e o Ciclo de Palestras sobre os Rrhons,na UNB!Que Sara te dê caminhos cada vez mais plenos de alegria,saúde, amor e muito progresso!Adorei o teu blog!É fantástico,maravilhoso! Beijos zíngaros!
ResponderEliminarLindo o post... um bom trabalho de pesquisa com imagens muito simbólicas.
ResponderEliminarQuando se fala de ciganos lembro sempre a canção "La mamman" interpretada por Charles Aznavour: ils sont venus ils sont tous là Dès qu'ils ont entendu ce cri Elle va mourir la mamman...
ABRAÇOS
Raul
Querida amiga,
ResponderEliminara luta pelo conhecimento a fim de vencer os estereótipos que avançam sempre mais e por vezes são postos pelos próprios de nós, é enorme. O esforço delas é maior do que elas mesmo pensam, eu acho isso. Entretanto sem elas, as coisa seriam piores.
Parabéns pela amizade que conquistaram uma das outras.
Obrigada por existirem - gestena
zerafim
" AS COZINHEIRAS SÃO GUERREIRAS"!!!
ResponderEliminarO êxodo é, sempre, um grito de liberdade! Já o foi para os judeus que Moisés conduziu.
ResponderEliminarOs ciganos recusam a servidão e isso é um sinal maravilhoso de grandeza de alma.
Emocionou-me o que li neste post.
Um grande beijo para as minhas amigas ciganas brasileiras!
Magnífico...
ResponderEliminarPor muito que se escreva, que se leia, que se divulgue, que se mudem mentalidades, que se lute para diminuir o preconceito, o racismo, a indiferença, é sempre pouco. Mas é MUITO importante que se continue a escrever, a ler, a divulgar, a mudar mentalidades. E, todos somos poucos!!
Beijos para todas.
Beijinhos