Breve apontamento...
Relendo Steinbeck e a sua evocação da Sexta-feira Santa senti-me acompanhada.
Quando ia com a minha avó ao Calvário era essa tristeza do Cristo solitário, carregando a cruz, que me afligia.
Diz John Steinbeck, pela voz do seu herói d' "O Inverno do Nosso descontentamento" (livro admirável), Ethan Hawley:
“A Sexta-Feira Santa sempre me perturbou. Ainda criança, já me sentia profundamente entristecido, não pelo suplício da crucificação, mas pela sensação de ilimitada solidão do Crucificado. Nunca me abandonou essa tristeza implantada por Mateus e lida pela minha tia Deborah na sua maneira hesitante.”
Masaccio, Cristo e a moeda
Ethan não conseguia deixar de pensar, tantos anos depois, na frase do Evangelho Segundo Mateus:
“Ao meio-dia o Sol escurecerá, a noite cairá sobre a Terra e tereis medo!"
E ficava triste, quase assustado, como quando era um menino pequeno.
Mas o Cristo deixará de sofrer nesse momento a sua solidão?
in “O Inverno do Nosso Descontentamento” (Ther Winter of Our Disconfort), Edição Livros do Brasil, Colecção Dois Mundos, 1962, pág. 48.
A mim ficou-me gravada uma leitura do meu professor de literatura, numa tarde cinzenta de vento e chuva, do famoso passo de Nietzche (El loco, de La Gaya Ciencia), quando ouvi as palavras para mim terríveis naquele momento: "Deus morreu"
ResponderEliminarPelo sonho é que vamos
ResponderEliminarSim, Maria, a "morte de Deus" pode levar a muita coisa... E levou.
ResponderEliminarAcredito que foi um choque para ti. beijos
Obrigada, por me teres chamado a atenção...
ResponderEliminarDeus , nesse dia morreu.... mas também ressuscitou e é aqui que a Sua existência é grande e nos dá a força que temos...Bjitos
Está bem, está bem. Ouço-te sempre, anónima querida!
EliminarBjitos como tu dizes
A Paixão é algo que nos toca e nos faz arrepiar. Gosto muito do que Rilke escreveu sobre ela.
ResponderEliminarBeijinhos. :)