andorinhas (da net)
Fascinavam-me os chilreios, a alegria, e aquele movimento todo, apoiada nos braços, a olhar para lá janela.
andorinhas, foto de Isabel Vaz
a "rata-china"
flores da minha varanda
Edward Munch, Primavera (1890)
Vincent Van Gogh, "Jarra com malmequeres"
“Ó Maia ó Maia,
Ó Maia das cachopas...
Pr'onde vai a Maia?,
Vai por essas barrocas...
Pr'onde vai a Maia?,
Vai por essas barrocas...
Ó minha senhora,
venha lá à janela
venha lá à janela
Venha ver a Maia
Que parece uma donzela...”
Segundo uma lenda da minha terra, havia uma Maia pastora, um pastor Tobias que eram jovens e felizes. Um dia, um vagabundo veio e, invejoso da beleza e da juventude deles, mata-os. Verdade? mentira?
desenho duma aluna
(Escola de Monte Carvalho, Portalegre)
A beleza e a poesia da Maia ficou... Para mim, chegava todos os anos, com as andorinhas!
Era a beleza, a poesia e a pobreza que se uniam. Sim, porque as maias da minha infância eram meninas pobres, vestidas com velhos vestidos das mães ou das irmãs, descalças, mas que as flores da Primavera, colhidas frescas nos campos, tornavam novos e belos...
Contava-me a minha mãe que, em Alegrete, gostava de andar a colher os malmequeres amarelos, em volta da vila. Contava-me que ali lhes chamavam “boninas”...
"Os malmequeres vivem em todas as terras, a todas as latitudes", pensava eu...
"Os malmequeres vivem em todas as terras, a todas as latitudes", pensava eu...
malmequeres da "taiga" russa na minha varanda
papoilas
Ainda haverá “maias” pelas ruas da minha terra? Ou só já há desfiles "para o turista ver"?...
Nota: O desfile das Maias é uma tradição infantil praticada em Portalegre há muitos séculos com a qual se pretende festejar o início da primavera.
Maia é uma menina a quem vestem de branco e enfeitam de malmequeres amarelos, confeccionando com os mesmos, cordões, pulseiras, brincos e coroa para adorno do cabelo.
Durante o mês de Maio as crianças reúnem-se , pegam na orla da saia, e percorrem as ruas da cidade, cantando:
Ó minha senhora
Chegue lá à janela
Para ver a Maia
Que parece uma donzela.
Ó Maia ó Maia
Ó Maia das cachopas
Onde vai a Maia
Vai por essas barrocas
a lenda da Maia, contada por uma aluna do ensino básico:
Essa varanda de flores, anda a tirar o fôlego, dão vida, dão alegria.
ResponderEliminarbjs nossos
Que lindo post! Adorei tudo. (obrigada por colocar a foto das andorinhas num post tão bonito )
ResponderEliminarSabe que quando comecei a trabalhar, algumas das primeiras aldeias onde estive, também tinham a tradiçao das Maias.Só me recordo que estava associada à chegada da Primavera: o costume de apanhar as maias e depois fazer colares e coroas para o cabelo.
Gosto de ouvir as suas histórias de infância.
Então era como uma ratita curiosa? E havia tanto para descobrir naquelas casas antigas, nos espaços que se podiam explorar descontraidamente...
Não é como agora, que a maior parte das crianças vive fechada num espaço pequeno e não podem brincar na rua.
Já espreitei os links que aqui colocou. Gostei.
Um beijinho com carinho
Sempre aqui venho aprender.
ResponderEliminarAs Maias,cá para o Norte,ainda não abriram,estão em botão.
Há uma giesta,muito mais rara,que também dá flor amarela,e vem um pouco mais cedo.
Distinguem-se,porque,esta mais temporã,é de folha caduca,e as flores são comestíveis,fazem-se alcaparras,ao contrário das maias que são tóxicas.
Todas vêm com a Primavera.
Cordial abraço,
mário
Houve um ano em que assiti às Maias em Portalegre. Gostei tanto, era dia de festa, era a festa da cidade, era calor e lembro-me do cheiro das coroas de malmequeres das meninas.
ResponderEliminarAdorei este post, as flores, as andorinhas, tudo.
Obrigada!:)
Beijinhos. :)))
As maias na sua simplicidade branca, na fragilidade das suas pétalas, algumas com um olho castanho no fundo, são como flocos de neve, enormes, a branquearem o verde forte e viçoso das primaveras,
ResponderEliminarFicam lindas as encostas da "nossa" serra, com as maias e as giestas a competirem na profusão... e as papoilas, claro, como gotas de sangue vivo a darem mais cor à vida.
Abraço
Raul
Que legal poder conhecer um pouco da cultura regional com você.Lindas imagens a que você postou, principalmente as de Munch e Van Gogh.
ResponderEliminarAbraços!!
Sim, sim, sim!
ResponderEliminarDe quem é a aguarela naïf tão linda, é tua?
"Volverán las oscuras golondrinas
en tu balcón sus nidos a colgar, y otra vez con el ala a sus cristales
jugando llamarán;
pero aquellas que el vuelo refrenaban
tu hermosura y mi dicha al contemplar,
aquellas que aprendieron nuestros nombres...
esas..¡no volverán!
Si, las golondrinas volverán!
ResponderEliminarTão bonito o poema, Maria.
A aguarela não é minha, é de uma meninda da Escola. Vou já pôr a legenda...
Estes famosos versos são de Gustavo Adolfo Becquer, um poeta "romântico tardio" que em Espanha é toda uma instituição.
ResponderEliminarMudaste a foto! Vais de combóio?
Feliz primavera,beijos
Como sabes que vou de comboio? por acaso até ia para o Porto...
ResponderEliminarOs versos de Becquer são lindos. Não os identificava se não me dissesses...
beijinhos
Muito obrigada pela sua dedicatória, Maria João, sensibilizou-me muito. E por ter referido que achava o céu da nossa terra mais azul que noutros lados, lembrei-me que o seu pai, num postal que nos escreveu da Alemanha e que é capaz de estar para aí guardado nas minhas gavetas ( talvez na casa de Portalegre) disse que tinha saudades desse azul " absoluto". É assim que o vejo, absoluto. Beijinhos e obrigada.
ResponderEliminar