Banalidades vulgares? Sim. Ou como bem o disse Régio: "monstruosidades
vulgares", título de um dos volumes do grande romance (tão, injustamente, pouco lido!) "A Velha Casa"...
Porque nos versos deste seu livro (1), Irene Lisboa fala da banalidade monstruosa, do doloroso dia a dia, do mal-viver e da guerra, nas nossas vidas!
E no mundo!
E tudo tão real, tão verdade e tão duro o que ela escreve! Como a Arte o deve ser: um chicote que aponta, e a palavra, um punhal.
E os versos de Irene Lisboa arrepiam por vezes.
O ódio? A guerra? Matar? Morrer?
Basta olhar as páginas dos jornais, abrir a televisão e é ódio, sangue, guerra, guerra, guerra!
E os versos de Irene Lisboa arrepiam por vezes.
Rogier Van der Weyden, São Jorge e o Dragão
O ódio? A guerra? Matar? Morrer?
Basta olhar as páginas dos jornais, abrir a televisão e é ódio, sangue, guerra, guerra, guerra!
Guerra de todos os géneros, de frente-a-frente, às escondidas, guerrilha
urbana, bombas que explodem no meio de inocentes, mártires-kamikazes dispostos
a matar e morrer por acharem que é guerra-santa! E, nessa Jihad (2), morrendo mártires, terem
7000 virgens, depois, no céu?!
(Desculpem a ironia, mas, como diz um amigo meu: "Já pensaram que 7000 virgens equivalem a 7000 sogras!")
Mas nenhuma religião exige isso! Nenhum Deus exige ou desculpa o “irreparável”!
Ilya Repin, Ivan o Terrível, que, num ataque de fúria, comete o irreparável e mata o filho
E há quem meta as crianças nisto tudo a combater! Meninos-soldados, soldadinhos de chumbo com idade de brincar, meninos-assassinos...
As guerras são consideradas “santas” por quem as faz ou quem as manda, porque lhes
convém fazê-las– é o seu interesse, apenas!
Nunca a pensar no interesse dos mais simples, dos que não ganham nada com a Guerra. Os que, tal como o soldadinhos de chumbo, da história de Hans Andersen, são feridos ou morrem.
Nunca a pensar no interesse dos mais simples, dos que não ganham nada com a Guerra. Os que, tal como o soldadinhos de chumbo, da história de Hans Andersen, são feridos ou morrem.
É para defender isto ou aquilo de um “poder” ou de um “senhor
da guerra” qualquer - recorrendo ao argumento da soi-disante defesa da religião “em perigo”, servindo-se da
ignorância e de lavagens ao cérebro!
"Quem brinca aos soldados?
Eles todos."
A caminho de um Apocalipse qualquer...
"Quem brinca aos soldados?
Eles todos."
A caminho de um Apocalipse qualquer...
Viktor Vasnetsov, Apocalipse
Ora leiam o poema que se intitula BANALIDADES 2
“A canseira dos tambores.
Exércitos de crianças?
E de velhos?
O vento traz-me os sons.
E com os sons os passos que adivinho, o ritmo.
As marchas à roda, ou de uma parede para
A outra.
Os sons parece que têm cabelos que se desgrenham.
Quem brinca aos soldados?
Eles todos.
Um infinito anónimo.
Não tem ódio, mas querem tê-lo.
Que bebedeira!
Quem é o inimigo?
Qualquer. Qualquer!
Mas há ódio, há ódio, ódio!
Todos anseiam por o ter.
É encher, corações!”
Deus? O que faz Deus nisto? Deus - se Deus existe- nunca mandaria fazer a
guerra, nem matar inocentes. Ou, quando muito, apenas metaforicamente...
O homem? Ah, esse é que
sim!
“Que
bebedeira!
Quem é o inimigo?
Qualquer. Qualquer!”
Sim, inimigo qualquer serve. Até mulheres e crianças...
Guerra santa? E as armas para vender? E os traficantes delas? Que coisa melhor do que
chamar ao “ódio”! Racial, religioso, social!, tanto faz...
E Irene diz, lúcida: “Não têm ódio, mas querem tê-lo.”
Criam-no, inventam-no, impingem-no nas cabeças menos esclarecidas.
Criam-no, inventam-no, impingem-no nas cabeças menos esclarecidas.
“Mas há ódio, há ódio, ódio!
Todos anseiam por o ter.”
Que importa quem matam? Podem ser mulheres ou crianças...
“É encher, corações!”
Paolo Ucello, a virtude da Esperança
Por que não olham a beleza? por que não a imortalizam na Arte? Por que não guardam a esperança?
E penso em Paolo Ucello que, se pintou a guerra, soube igualmente pintar a Esperança...
E penso em Paolo Ucello que, se pintou a guerra, soube igualmente pintar a Esperança...
E volta-me a imagem de beleza de Vermeer de Delft. Ah! Se, ao menos, olhassem...
Alegoria da Pintura
(1)
"Outono havias de vir", João Falco, 1937
(2)
"A Jihad" : Já agora, para não morrermos burros, vejamos:
"Outono havias de vir", João Falco, 1937
(2)
"A Jihad" : Já agora, para não morrermos burros, vejamos:
“A Jihad aparece referida nos escritos de Maomé. Uma é a a "Jihad Maior"
– descrita como uma luta do indivíduo consigo mesmo, pelo domínio da sua alma;
e a outra era a "Jihad Menor", descrita como um esforço que os muçulmanos fazem
para levar a teoria do Islão a outras pessoas.”
A verdadeira Jihad, tal como Maomé disse, a Jihad Maior, é a conquista de nós e da nossa alma e não a guerra, ou a luta contra os outros. E os muçulmanos distinguiram-se por serem de grande abertura às outras culturas. Basta pensar no seu contributo para a Arte, ciência, arquitectura. De cujos ensinamentos nós, portugueses, beneficiámos...
E, igualmente, defenderam a Cultura clássica, "salvando" as obras da Grécia antiga, quando os "bárbaros" da cristandade medieval os queriam destruir.
A verdadeira Jihad, tal como Maomé disse, a Jihad Maior, é a conquista de nós e da nossa alma e não a guerra, ou a luta contra os outros. E os muçulmanos distinguiram-se por serem de grande abertura às outras culturas. Basta pensar no seu contributo para a Arte, ciência, arquitectura. De cujos ensinamentos nós, portugueses, beneficiámos...
E, igualmente, defenderam a Cultura clássica, "salvando" as obras da Grécia antiga, quando os "bárbaros" da cristandade medieval os queriam destruir.
A guerra é só destruição.
ResponderEliminarHá tantos interesses por trás. É terrível ver crianças com armas. Crianças que deviam estar a brincar e ser felizes.
A guerra, a droga, os males que destroem...é muito difícil acabar com eles, pelos interesses que têm por trás...
É muito triste tudo isso.
Gostei muito de ler o seu post.
Há dias em que temos confiança na humanidade e acreditamos que um dia o mundo vai ser melhor, mas realmente quando se vê televisão, quando se lêem jornais, fica muito difícil acreditar...
Um beijinho grande! :)
Não há no mundo quem não seja contra a violência e as guerras, apesar disso esse é um mundo consumido por ambos além dos cárceres da ditadura e do egoísmo. Num momento diferente, o homem é pacífico e brutal, rude e carinhoso, tranquilo e agitado. O amor a paz e a não violência é as vezes o lado de um rosto que não entende o outro porque é seu oposto e uma vez que exista em nos a pequena violência, essa que não explode bombas e nem assassina a alma mas faz grandes estragos num pequeno circulo, é preciso inventar um pacifismo que se interessa pelo dia a dia mas comum onde são travado as batalhas mais terríveis que nunca são vistas ou ignorado nas primeiras páginas dos jornais - Mr. Butterfly
ResponderEliminarTem toda a razão amigo Mr. Butterfly! Tudo isso é verdade... Há dia ouvi esta frase: "é necessária a insurreição das consciências" e estou de acordo:mudar as mentalidades!
EliminarAbraço amigo
Maria João, se estas palavras fizessem eco na cabeça de alguns... Mas infelizmente não fazem! De quem deveriam fazer não fazem!
ResponderEliminarMas é importante alertar consciência, temos esse dever, essa obrigação!
José Régio... Irene Lisboa... simplesmente do melhor!
Um beijinho amigo.:))
A maldade existe, parafraseando a Irene Lisboa, " Mas há maldade, há maldade, maldade!". Ontem, hoje e sempre, a maldade existe, e é de tudo o que mais arrepia.
ResponderEliminarAs ilustrações muito a propósito, claro, falam de desolação e morte. Gostei especialmente do Vasnetsov de Cavaleiros nas Cruzadas.
Um bom dia para ti, amanhã choraremos, sempre amanhã!
Gosto muito do Vasnetsov que consegue ser brutal e, ao mesmo tempo, cheio de sensibilidade e poesia! É horrível que exista esta maldade! Acredito na mudança das mentalidades! Como dizia Jean Ziegler há dias: "faz falta a insurreição das consciências!" Aprovo e subscrevo...
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