domingo, 12 de janeiro de 2014

Gardénias para Billie Holiday, há tantos anos, com o Ballet Bat Dor!



Numa noite de Verão, 22 de Julho de 1998, assisti em Israel, em Jaffa, no norte de Telavive ( no Noga Theater - Gesher Theatre) a um ballet fora do vulgar. Intitulava-se “Gardénias para Billie, homenagem à artista de jazz americana, Mrs. Billie Holiday". 

A música que acompanhava os bailarinos era a das  canções de Billie Holiday. 


Gesher Theatre, Jaffa



A Companhia de Dança era a Bat-Dor, de Telavive, a companhia "mais jovem" do Ballet Batsheva, e estreou-se em 1968 com Jeanette Ordman (sul-africana), como prima ballerina, depois Directora da Companhia. A companhia extinguiu-se em 2006.



O Bat-Dor e Jeanette Ordman

Há dias, nas eternas e infrutíferas arrumações de papéis, encontrei o Programa... Soube, então, o que tinha esquecido: era a estreia mundial do ballet. que a coreografia era de Randy Duncan, coreógrafo do Joffrey Ballet de Chicago. 




O espectáculo tinha três partes: a primeira, com música de Miles Davis, Marcus Miller e Peter Gabriel, "Temperata", com coreografia de Ora Dror; a segunda era "Mare Nostrum" e a coreografia era do italiano Luciano Canitto.  A terceira era Gardénias para Billie e a coreografia era de Randy Duncan, coreógrafo do Joffrey Ballet de Chicago, ainda hoje a primeira companhia de Ballet. 


Randy Duncan



"As letras -diz o programa- falam das dores emocionais e das lutas e do sofrimento pelo amor perdido, reencontrado e desejado, tal como aparece nas  canções de Billie". canções como "God bless the Child", "I'll Get By", "Fine and Mellow" e "Sophisticated Lady" (música escrita por Duke Ellington) - uma das minhas canções preferidas dela.
A música que fechou o espectáculo foi "The Sunny Side of the Street", dançada por todos os elementos da Companhia. 

Era a voz dela, era a melancolia do seu grito - e a suavidade da melodia- que se uniam à beleza dos passos e dos corpos, às cores azuladas das luzes, que queriam repetir, recriar essa emoção



Billie e Lester Young


 No fundo, ouvia-se o saxofone de Lester Young. Foi comovente porque eu adoro Billie Holiday! 


Billie e Coleman Hawkins



O repertório do "Bat Dor" era sobretudo moderno, os bailarinos vinham de todo o mundo e os coreógrafos também. Como Antony Tudor, Vam Dantzig, Lar Lubovitch, Judith Jameson e o italiano Luciano Cannitto. Ou os israelitas Domy Reiter-Soffer ou Igal Perry ou Idmo Tador. 


Batsheva Rothschild

A Companhia de Ballet Batsheva, de que fazia parte o Bat Dor, foi co-fundada em 1964 pela Baronesa Bethsabée de Rotschild (Batsheva, em israelita) e  por Martha Graham, a grande bailarina americana, amiga e professora de Batsheva.  


Marta Graham


Batsheva, 2007


NOTA: Bethasabée (Batsheva) Rotschild nasceu em Londres em 1914 e morreu em Telavive em 1999. Estudou na Sorbonne, em Paris, licenciando-se em Biologia. Depois da invasão de Paris pelos alemães, a família foge para os USA. Aí, Bethsabée forma-se em Biologia e Química na Universidade de Columbia. Volta em 1944 e participou na batalha da Normandia e na Libertação de Paris. Em 1951, foi viver para Nova Iorque. Depois, fixou-se em Israel, que visitou pela 1ª vez em 1962. Morreu em Telavive, em 1999.



A Companhia Batsheva continua a apresentar-se hoje em dia. Quis participar convosco esta alegria enorme e estes momentos de beleza. Espero não vos ter cansado...

http://youtu.be/olv8nlgcga0
http://youtu.be/ieeJyRnkZZIhttp://youtu.be/zOMl5l6kEg8




3 comentários:

  1. Estive a ver os vídeos de dança e gostei imenso! Também gosto muito da Billie Holiday e esse espectáculo que refere deve ter sido uma maravilha!
    Para a semana espero poder ver aqui no Cine-Teatro um bailado contemporâneo, com uma companhia de Évora.

    Gostei muito deste post!
    Um beijinho grande :)

    (A ver se desta o comentário sai sem dúvidas, que há pouco tive uns percalços!)

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  2. Deve ter sido maravilhoso, por tudo o que contas.
    Hoje recebi um lindo postal de Coimbra, adoro receber "correio amigo", mas é algo em vias de extinção, como tantas coisas mais. Umas desaparecem e outras vão chegando,c´est la vie...
    Besitos

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  3. Saudações Mrs Falcão e uma vez mais receba minha paz além mares, de terras distantes mais próximas pelo coração. Lady Day e sua dimensão maior no plano quase absolutos de homens e mulheres a procura da finidade eterna na voz etérea, flexível e levemente rouca que deixou insuperáveis baladas. Suas interpretações eram elegantes e despojadas e no entanto conseguiam transmitir grande dramaticidade de vidas cotidianas e imperfeitas dos interlocutores a beira de seu lirismo. Homenagem merecida para essa diva que deixou um legado insuperável, magnífico e único - parabéns falcão, superando outra vez.

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