domingo, 5 de janeiro de 2014

O pintor que Cézanne amava: Achille Emperaire


Paul Cézanne, Maçãs

Cézanne, Mãe e filha (ou Jovem ao piano)

Falo de Achille Emperaire que não conhecia até há poucas horas. Até ao momento em que abri o jornal Le Monde e li um artigo de Philippe Dagen, crítico de Arte, que fala da Exposição das suas obras, em Aix en Provence.


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Aix, Atelier Paul Cézanne


Muito se deve aprender pela vida fora, acho eu, e quanto prazer isso nos deve dar!

Achille Emperaire

Achille Emperaire(1829-1898)  é esse pintor que Paul Cézanne admirou, cujo retrato pintou, com quem conviveu e que não teve o sucesso de Cézanne, apesar da sua qualidade. 
Gostei especialmente dos desenhos encontrados com alguma dificuldade (na net). Os títulos não vêm referidos na maioria das peças. Pintou a óleo e a sanguine.




Emperaire, A Amazona

Cézanne, Paisagem

Estudo de Cézanne para o retrato de Emperaire

Paul Cézanne, Achille Emperaire (1867)

Durante muito tempo ele foi apenas o título "ACHILLE EMPERAIRE -PEINTRE", pintado a letras douradas no cimo do quadro que Cezanne realizou entre 1867-1868. 
Encontra-se no Musée d’Orsay, em Paris.

Cézanne, Achille Emperaire-Peintre

Quando Cézanne o apresentou no Salon 1870, em Paris, a figura fez rir os visitantes e críticos, e foi considerada uma caricatura. Mas  o modelo era tal qual como estava no quadro: uma cabeça grande, um corpo de anão, e corcunda.

Paul Cézanne, Baigneuses

Emperaire exerceu a sua influência na formação de Cezanne, mais novo do que ele 10 anos. Foram amigos em Aix, e, mais tarde, encontraram-se em Paris, onde ele viveu em casa de Paul, a seu convite.


Cézanne, Paisagem

Em 1857, Achille estivera em Paris onde frequenta a escola de Thomas Couture (1815-1879). Couture, que foi Mestre de outros Mestres. De facto, com ele estudaram Manet, Fantin-Latour, John La Farge e Puvis de Chavanne.

Thomas Couture, Auto-retrato

Nessa altura, em Paris, Achille passou fome. Dizia ele que "comer uma refeição por 80 cêntimos, era uma orgia".  


Paul Cézanne, Natureza Morta

E, quando não tinha mais nada, “roía um pouco de pão seco, molhado em vinho e açúcar”. No fundo, as conhecidas “sopas de cavalo cansado” que também se comeram (e comem, se calhar, ainda) em Portugal.

Emperaire, (sanguine)  Henri IV

Paris, dizia, é um túmulo para muitos, uma indiscutível e tremenda miragem. Enquanto uns poucos triunfam, muitos de nós falham, acreditem.”


Achille Emperaire, Duelo

Achille amava os pintores venezianos e os flamengos, tal como Cézanne, e ambos apreciavam pintar o nu feminino.  

Sobretudo os nus de formas amplas, ancas exageradas, e pequenas cabeças. As “Baigneuses” e as "Baigneuses Grandes" de Cézanne - que recordamos bem-  terão sido um gosto partilhado dos dois, por este tipo de figuras, influenciando-se mutuamente.


Cézanne, Grandes Baigneuses



Achille Emperaire

Emperaire, Nu e lençol

Cézanne, Baigneuses 

Nos anos 1870 frequentaram-se, em Paris, e, depois,  a correspondência entre ambos mostra a amizade que os ligou. Mas Emperaire não teve o reconhecimento que esperava e voltou para Aix. Pouco se sabe do que terá sido a sua vida.


Achille Emperaire, Nu de mulher

No entanto, como é belo este nu que para mim tem tanto da Vénus adormecida, de Giorgione ou da Vénus de Urbino, de Tiziano!


Giorgione, Vénus adormecida

Tiziano, Vénus de Urbino

Ou o quadro "Amazona nos Rochedos" que me lembra Giorgione e a  Tempestade.


Achille Emperaire, Amazona nos Rochedos

Giorgione, A tempestade

Cézanne, Paisagem

Quando morre, em 1898, ninguém dá por isso. Cézanne era uma celebridade e começava a influenciar os jovens pintores da época.

Emperaire deixou, apenas, um pequeno número de obras.


Paul Cézanne, Auto-retrato

A terra natal  lembra o seu pintor. E homenageia-o. E fez bem, porque o trouxe de novo à vida.

No fim do mês de Dezembro, fechou, em Aix en Provence (terra natal do pintor),   uma exposição das suas obras. Na Gallerie Alain Paire.



Igualmente em Aix, abriu agora, em 7 de Dezembro - até 26 de Janeiro- uma outra Exposição  intitulada: “Achille Emperaire - Peintre”. Como o célebre retrato dele que Paul Cézanne pintou...



O espaço desta vez é o “Atelier de Cézanne”, justamente. Justamente!


(in Le Monde, 5-6 Janeiro, artigo de Philippe Dagen)


2 comentários:

  1. Mais um pintor que desconhecia e sobre o qual gostei de ler.
    Gostei muito do post e das pinturas que escolheu!
    Quem me dera poder ver estas exposições, com pintores que provavelmente nunca verei ao vivo...

    Um beijinho :)

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  2. Muito interessante. Também não conhecia. As analogias são para mim muito frutuosas.
    Beijinho grato. :))

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