“O
que é para mim superior? O efémero. É a alma do ser, é o que confere à vida um valor,
uma dignidade, um interesse; porque é o efémero que cria o tempo, e o tempo é,
pelo menos potencialmente, o dom supremo, o mais útil, aparentado -pela essência
ou mesmo pela identidade- a todo o elemento criador e activo.”
Fim de tarde no Guincho
A efemeridade da beleza, da juventude, dos momentos que passam. Como um fim de tarde ou um pôr do sol que não se repetirá nunca mais, ou uma noite de luar, ou a flor que abre de manhã e a planta que murcha e continua bela.
Ou como certos lagos efémeros de outros continentes. Ou imagens de lugares que nunca veremos mas "vivem" nos nossos olhos, pela arte de outros que as fixaram...
E o tempo, diz Mann, é o "dom supremo" para apreender o efémero de cada momento. Senti-lo, vivê-lo. "O elemento criador e activo."
O tempo, a duração, a intensidade também dão valor a esses . O que conta é saber que vão passar, que são transitórios como nós, afinal. Nós, sombras que passamos, mais ou menos rápidas no "tempo" infindável. Sombras que, durante um tempo definido (ou indefinido?) se crêem imortais. E parecem brilhar com uma luz própria.
Por isso, é urgente agarrar esses instantes com as mãos ambas e interiozá-los. Saber vivê-los na sua unicidade -para nós intemporal.
É urgente saber viver intensamente o (nosso) momento, a (nossa) "oportunidade cósmica", enquanto durar!
a flor que abre de manhã
Ou como certos lagos efémeros de outros continentes. Ou imagens de lugares que nunca veremos mas "vivem" nos nossos olhos, pela arte de outros que as fixaram...
um lago efémero
"Pôr do sol em Rada Tilly" (foto de Marisa Volonterio)
Composição ao espelho (MJF)
O tempo, a duração, a intensidade também dão valor a esses . O que conta é saber que vão passar, que são transitórios como nós, afinal. Nós, sombras que passamos, mais ou menos rápidas no "tempo" infindável. Sombras que, durante um tempo definido (ou indefinido?) se crêem imortais. E parecem brilhar com uma luz própria.
flor selvagem na Praia Grande
Por isso, é urgente agarrar esses instantes com as mãos ambas e interiozá-los. Saber vivê-los na sua unicidade -para nós intemporal.
"Flor" do fotógrafo vietnamita Tu Le Thanh, a quem agradeço
(1) In
“L’artiste et la Société”, Grasset, Paris, 1ª ed. de 1925, capítulo “Eloge de
l’ephémère” (pgs. 323-325)
Biografia breve do escritor Thomas Mann, na wikipedia:
"Thomas
Mann nasceu em Lübeck, 6 de Junho de 1875 — e morreu em Zurique, a 12 de agosto
de 1955.
Foi
um romancista alemão. Recebe o Prémio Nobel de Literatura, em 1929, tornando-se ainda mais
famoso.
Emigrou
da Alemanha Nazista para Küsnacht, na Suíça, perto de Zurique, em 1933, ano da
chegada ao poder de Hitler.
Durante o regime nazista, o jornal Völkischer
Beobachter (Observador Popular) publicava as chamadas listas de "expatriados". Os
nomes de Thomas Mann, sua mulher e dos seus filhos mais novos constavam da lista
número 7. Aos mais velhos – Erika e Klaus – já havia sido retirada a cidadania
alemã.
Após
ter perdido a nacionalidade alemã, em 2 de dezembro de 1936, Thomas Mann
permaneceu na Suíça até 1938, mudando-se então para os Estados Unidos.
Inicialmente, trabalha como convidado em Princeton, mas o ambiente acadêmico o
entediava. Decidiu então mudar para Pacific Palisades, Estados Unidos, em 1941.
Em 1944, obteve a cidadania americana. Tornou-se uma figura política
reconhecida, constando que Franklin D. Roosevelt chegou a cotar seu nome para
assumir o governo alemão na pós-guerra.
Diante
da perseguição aos intelectuais emigrados perpetrada durante o mccarthismo,
Mann retornou à Europa em 1952. Viveu em Kilchberg, próximo de Zurique, na
Suíça, até a sua morte, em 1955. Encontra-se sepultado em Kilchberg Village
Cemetery, Kilchberg, Zurique na Suíça."
Gosto muito de Thomas Mann mas não conhecia este livro sobre o Artista e a Sociedade.
ResponderEliminarVou procurá-lo.
Obrigada pela partilha.
Beijinho. :))
É curioso que ontem me estive a lembrar da Montanha Mágica, queria relê-lo, mas não o encontrei, perdi-o, emprestei-o, emprestaram-mo, era duma biblioteca, já não recordo. Como em la novela de Proust, o tempo é um dos temas centrais. Adorei o livro, e tenho a certeza que se o lesse agora seria ainda melhor.
ResponderEliminarSabes que a mim a ideia de viver eternamente, sem poder "apear-me", me produz angústia, uma espécie de claustrofobia?
Gostei da composição ao espelho.
Um xi - coração
É o Tempo que nos permite viver tudo, intensamente ou não, e é ele que também nos dá a certeza de como tudo é tão efémero.
ResponderEliminarGostei muito de ler o post e gostei das suas imagens, especialmente do Fim de Tarde na Praia do Guincho e da Composição ao Espelho, que me deixou intrigada: é uma papoila verdadeira?
Um beijinho grande e desejo-lhe um bom domingo :)
Obrigada Maria.....vc sempre nos faz vibrar aquelo de EFIMERO que temos : a nossa vida ..!!
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