Fernando Pessoa e as suas quadras populares

Dia de Santo António, andei à procura de quadras populares.  

E lembrei-me que foi num dia 13 de Junho que nasceu Fernando Pessoa. O qual, "curiosamente" (como diriam os nossos locutores), apesar de ser dia de Santo António, se chamou Fernando...

Fui parar ao site da Casa Fernando Pessoa, onde descobri poeminhas de encantar que ele escreveu. Sentimento, simplicidade, e profundidade...

Aqui vai uma mão cheia deles, dos muitos -e lindos- que ele tem!

*

barcos na tempestade (foto MJF), na piscina

"Cantigas de portugueses

São como barcos no mar -

Vão de uma alma para a outra

Com riscos de naufragar."

*

"Rosa verde, rosa verde,

Rosa verde é coisa que há?

É uma coisa que se perde

Quando a gente lá não está."

*

andorinha vulgar

"Andorinha, que passaste,

Quem é que te esperaria?

Só quem te visse passar

E esperasse noutro dia."

andorinha da Dinamarca

*

"As gaivotas, tantas, tantas,

Voam do rio pr’ó mar…

Também sem querer encantas,

Nem é preciso voar."

*

René Magritte, Pomba  e Bouquet de Flores

"Toma lá, minha menina,

O ramalhete que fiz.

Cada flor é pequenina,

Mas tudo junto é feliz."

*

Rouxinol

"Rouxinol que não cantaste,

Gaio que não cantará,

Qual de vós me empresta o cante

Para ver o que ela faz?"

gaio comum

 *

"O vaso de manjerico

Caiu da janela abaixo.

Vai buscá-lo, que aqui fico,

A ver se sem ti te acho."

*

"O manjerico e a bandeira

Que há no cravo de papel –

Tudo isso enche a noite inteira,

Ó boca de sangue e mel."

*

"Entreguei-te o coração,

E que tratos tu lhe deste!

É talvez por estar estragado

Que ainda não mo devolveste…"

Oxalá tenham gostado - como eu gostei- destas poesias de Fernando Pessoa, que me surpreenderam. Se bem que, na verdade, nada me surpreenda vinda dele...