Embala-nos
a sua dor e vamos atrás dela. Dói-me lê-lo, e continuo a ler.
Picasso, Jovem com um cachimbo
Picasso, Tocador de guitarra
As
figuras de Antero, Poë, Baudelaire e de Cesário perpassam no desespero constante e no triste desafio
à morte.
Não deve ter ilusões quem abrir o seu livro ou ler um seu poema. Na epígrafe que escolheu - da Divina Comédia, de Dante, está tudo dito:
"Deixai fora toda a esperança/ vós que entrais."
Vou-vos deixando uns poemas para lembrar o poeta da minha terra. José Duro nasceu em Portalegre em 1875 e morreu em Lisboa em 1899
Em busca
"Ponho
os olhos em mim, como se olhasse um estranho,
E
choro de me ver tão outro, tão mudado…
Sem
desvendar a causa, o íntimo cuidado
Que
sofro do meu mal – o mal de que provenho.
Já
não sou aquele Eu do tempo que é passado,
Pastor
das ilusões perdi o meu rebanho,
Não
sei de meu amor, saúde não na tenho,
E
a vida sem saúde é um sofrer dobrado.
A
minha alma rasgou-ma o trágico Desgosto
Nas
silvas do Abandono, à hora do sol posto,
Quando
o Azul começa a diluir-se em astros…
E
à beira dum caminho, até lá muito longe,
Como
um mendigo só, como um sombrio monge,
Anda
o meu coração em busca de teus rastros…"
"Fel", Guimarães
Editores, 11ª edição, 1983
O poema é triste, mas muito lindo!
ResponderEliminarGosto muito da pintura de Chagall.
Gostei muito do post:)
Um beijinho grande:)