Cito
M.Poppe quando lembra a frase de alguém: “Nós esquecemos a África, mas ela não
nos esqueceu”.
Para
o bem e para o mal, neste caso. Porque (todos) abandonámos África quando deixámos de “precisar”
dela. Ou julgámos que já não precisávamos.
No que por lá deixámos -todos os povos colonizadores em geral (*)- houve coisas positivas? Sim, algumas tem de haver. Uns mais do que outros...
No que por lá deixámos -todos os povos colonizadores em geral (*)- houve coisas positivas? Sim, algumas tem de haver. Uns mais do que outros...
Mas a verdade é
que nos esquecemos dessa terra generosa que tanto deu para todos ganharem! Porque
não era a Fé, nem a solidariedade, mas era o lucro e a ganância que movia muitos.
Hoje
não vou falar nisso. Inútil. Está mais que dito, está mais que visto, como
diria o outro – que ninguém sabe quem foi.
Neste
momento, quero lembrar os que, abnegadamente, têm partido em vagas sucessivas - ligados a ONGs de saúde, ou como simples “humanitários”- para “socorrer” os
africanos. E que, por essa solidariedade mesma, têm sofrido na pele as
epidemias, as guerras, os contágios.
Nunca se lhes agradecerá o suficiente. E, quando morrem, ainda alguns dizem: "para que se foram lá meter? Ficassem em casa..."
Em casa? Há gente que não consegue ficar em casa a ver a desgraça dos outros. E, se pode, parte!
Nunca se lhes agradecerá o suficiente. E, quando morrem, ainda alguns dizem: "para que se foram lá meter? Ficassem em casa..."
Em casa? Há gente que não consegue ficar em casa a ver a desgraça dos outros. E, se pode, parte!
Li
no jornal inglês Guardian o que escreve David
Milliband antigo ministro do governo de Gordon Brown, em visita à Serra Leoa, a Freetown, na sua condição de Presidente do “International
Rescue Committee” -Comité de Socorro Internacional, fundado por um pedido de Albert Einstein em 1930 (**). Curioso, não é? No entanto, não nos espanta...
Esta Organização tem mais de 500 membros a trabalhar na Libéria e na Serra Leoa - dois países marcados pela pobreza, pela guerra fratricida e, agora, pelo vírus do Ebola.
Serra Leoa, Freetown
Libéria, Mesquita de Voinjama
Esta Organização tem mais de 500 membros a trabalhar na Libéria e na Serra Leoa - dois países marcados pela pobreza, pela guerra fratricida e, agora, pelo vírus do Ebola.
No caso da Libéria e da Serra Leoa, esta organização já se encontrava no território africano, para ajudar os sobreviventes das guerras civis nos dois países, e amparar as crianças órfãs abandonadas, a viver nas ruas, e os soldados-crianças. E foram ficando por lá. O vírus do Ebola apareceu há muitos anos.
Miliband foi agradecer a esses 330 trabalhadores humanitários que estão na Serra Leoa e dar-lhes um apoio. Todo o “suporte” será pouco para essas pessoas altruístas que arriscam a vida pelos outros seres humanos.
Miliband foi agradecer a esses 330 trabalhadores humanitários que estão na Serra Leoa e dar-lhes um apoio. Todo o “suporte” será pouco para essas pessoas altruístas que arriscam a vida pelos outros seres humanos.
soldados-crianças
Serra Leoa, aldeia depois da guerra civil
Libéria e o Ebola
E David Miliband revela - e a informação é assustadora: “Depois de 10 anos de um bom progresso para conter a doença, hoje esse progresso
estagnou.”
(...) É um momento crucial e não basta apenas o tratamento para
parar o número de mortos.”
Toda
essa parte da África corre perigo. Uma parte já doente e a outra correndo o risco de ser infectada. Pelas condições de higiene, frágeis, pela promiscuidade das pessoas sãs com os doentes, nos lugares onde vivem. Pela falta de equipamentos sanitários. Pelo medo. Pelas fronteiras abertas, porosas, pelas comunicações entre países, pelas
relações de comércio, que são muitas. Sem vigilância nas entradas e saídas.
Serra Leoa
“Uma
coisa se tornou clara: não há zona cinzenta entre o controle da doença por um
lado e o avançar da epidemia, pelo outro. Estamos num ponto de não retorno.
Ou a doença é contida, limitando-se a umas dezenas de milhares de mortos, ou torna-se
numa epidemia muito grave.” Invencível? Quem sabe se invencível?
Mas como vencê-la? Menos guerras, mais investigação científica - isso de certeza! Todos pensamos o mesmo: que já estaria muito mais avançada a vacina e o próprio tratamento se o vírus tivesse chegado ao mundo ocidental - civilizado, como se lhe chama- mas calhou estar "instalado" apenas em África durante estes anos todos...
E quem se preocupa com África?
o vírus na Europa, Hospital em Madrid
Agora que o flagelo chegou à Europa e à América ... bem, tudo vai ser a sério, a pesquisa mais rápida. Esperemos só que não seja tarde...
(*) "Em
1462, o explorador português Pedro de Sintra mapeou as colinas onde agora se
situa o Porto Freetown, cuja formação na época era em forma da Montanha de Leão
(também chamada de Serra do Leão), que originou o nome do país.12 Comerciantes
portugueses chegaram ao porto por volta de 1495, quando um forte que agiu como
um posto de comércio foi construído.Os portugueses juntaram-se aos holandeses e
franceses e todos estes passaram a usar o território da Serra Leoa como um
ponto estratégico do comércio de escravos. Em 1562, a Inglaterra juntou-se aos
três países no tráfico de seres humanos, quando Sir John Hawkins enviou 300
pessoas escravizadas para as novas colônias na América."
(* *) “International Rescue Committee” foi
fundado a pedido de Albert Einstein (1930) e oferece ajuda de emergência e
assistência a longo termo aos refugiados ou deslocados pelas guerras, perseguições
ou desastres naturais.
Existe hoje em cerca de 40 países. Trabalhadores “humanitários”,
especialistas para o desenvolvimento, ajuda sanitária e educadora já assistiu
milhões de pessoas no mundo desde a sua criação em 1933.
É a maior verdade: deviam gastar mais dinheiro em investigação e menos, muito menos em guerras.
ResponderEliminarUm beijinho e um bom fim-de-semana:)