O
meu amigo
Ele
era um doido bom, um doido visionário,
Que
andava quase sempre de olhos rasos d’ água,
E,
às vezes, costumava a soluçar, com mágua,
A
lenda original dum Fado extraordinário…
Entrava
na taberna assim que anoitecia,
Bebia
só absinto e nunca se fartava;
Daí,
quem sabe lá se no absinto achava
Um
meio de esquecer a dor que o oprimia…
Amava
a cor do luto e odiava a cor o ouro,
E
é certo que deixou –estranho tipo aquele!....-
Poemas
de nevrose em que só punha Choro…
E
eu, que desejo ser o que ninguém deseja,
Julguei-me,
por ventura, um doido como ele…
Que
um doido já eu sou, embora não no seja!
"Fel",
O Livro do meu Amigo, Guimarães Editores, 11 edição, 1983
Muito bonito!
ResponderEliminarOs poemas de José Duro são bonitos. Ainda bem que os trouxe até aqui e nos deu a conhecer este poeta.
Um beijinho grande:)