(Poema Vou-me embora pra Pasárgada, lido por Manuel Bandeira)
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no Recife, a 19 de Abril de 1886 e morreu no Rio de Janeiro, a 13 de Outubro de 1968.
Foi poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor.
Manuel Bandeira fez parte da "geração de 22" da literatura moderna brasileira, sendo o seu poema "Os Sapos" o manifesto da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como Gilberto Freire, João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, e José Condé representa a produção literária do estado de Pernambuco.
Manuel Bandeira fez parte da "geração de 22" da literatura moderna brasileira, sendo o seu poema "Os Sapos" o manifesto da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como Gilberto Freire, João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, e José Condé representa a produção literária do estado de Pernambuco.
Em 1904 termina o curso de Humanidades e foi para São Paulo, onde iniciou o curso de arquitectura na Escola Politécnica de São Paulo, que interrompe depois por causa da tuberculose, doença fatal. Esteve em Campanha -Campos do Jordão- e noutras lugares à procura de um clima suave para repousar.
A dada altura, com a ajuda do pai que reuniu todas as economias da família, foi para Suíça, onde esteve no Sanatório de Clavadel. Ali conheceu o jovem Paul Eugene Glidel, mais tarde famoso como poeta em França sob o nome de Paul Eluard, e Gala, a pintora, mulher de Paul Eluard e que, mais tarde, casa com Salvador Dali.
Manuel Bandeira morreu no dia 13 de outubro de 1968 com uma hemorragia gástrica aos 82 anos de idade, e foi sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Manuel Bandeira morreu no dia 13 de outubro de 1968 com uma hemorragia gástrica aos 82 anos de idade, e foi sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste.
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão.
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um, a quem faltava o braço,
Tocava cuma só mão;
Mas, como ele mesmo disse
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço:
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão,
Quer a rima fosse em inha,
Quer a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
A Eneida estava boba;
O Cavalcanti, bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida;
Enfim, toda a Comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão;
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha suadação.
Manuel Bandeira
(1886-1968)
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste.
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão.
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um, a quem faltava o braço,
Tocava cuma só mão;
Mas, como ele mesmo disse
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço:
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha
Ou uma oitava em quadrão,
Quer a rima fosse em inha,
Quer a rima fosse em ão,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
A Eneida estava boba;
O Cavalcanti, bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida;
Enfim, toda a Comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação,
Como faz Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão;
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha suadação.
Manuel Bandeira
(1886-1968)
CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA VIDA
O vento varria as folhas,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
O AMOR, A POESIA, AS VIAGENS
Atirei um céu aberto
Na janela do meu bem:
Caí na Lapa - um deserto... -
Pará, capital Belém!
A ESTRELA
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
CANTIGA
Nas ondas da praia
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.
Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d'alva
Rainha do mar.
Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.
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