domingo, 20 de junho de 2010

Billie Holiday - Strange Fruit


O que dizer mais sobre Billie Holiday que não tenha já tentado dizer? Mas há sempre qualquer coisa que vale a pena, sobretudo trazê-la ao pé de nós, uma e outra vez.
Sempre.
Para já, quero lembrar-vos a existência de um “blog de Jazz” que visito frequentemente para “ver” o que há “de novo” –ou “de velho”?- de música Jazz.

Chama-se “Borboletas de Jade”.

Ali há sempre coisas novas: quero dizer: coisas antigas sobre o grande velho Jazz –de New Orleans à Costa Ocidental- tudo “re-visitado”, como novo.

"Vivo", outra vez.

Billie, a eterna Billie Holiday, a mais sensitiva, a mais dolorida –e dolorosa- voz do jazz.

Faz 50 anos em Julho que Billie Holiday morreu...

Ultimamente, tem-se dedicado o meu colega, e já amigo, Mr Butterfly, do "Borboletas de Jade", a escrever sobre Billie Holiday.

Todas as histórias da vida de Billie Holiday. Muita coisa tenho aprendido, apesar de sempre me ter interessado por ela.

Li, aliás, há uns dois anos, uma óptima biografia "Billie Holiday, Wishing on the Moon" (Desejando a Lua), por Donald Clarck (Da Capo Press, 2000), com uma séria introdução do autor -livro que vos aconselho.

Ignoro se está traduzido em português... Na apresentação do livro, citam-se passagens de "recensões" ao livro:

"Agora temos finalmente uma biografia definitiva, diz o New York Times Book Review na sua apreciação, biografia "escrita por alguém com o respeito, a empatia e a abertura de espírito de um biógrafo [cujo] retrato abarca todas as facetas da natureza paradoxal de Billie, desde o seu orgulho à imensa vulnerabilidade, desde a sua infantilidade à elegância inata e à espantosa força!" Bem verdadeiro!

No blog a que me refiro, vi, pela primeira vez, a fotografia –tipo "foto antropométrica" - de “cadastrada”, quando a frágil Lady Day foi presa, acusada de posse de droga, fotografada por funcionários do departamento de Prisões em Maio 1947, ela com 32 anos na época.

Esteve presa oito meses, na Prisão Federal em Alderson, West Virginia, condenação por drogas e agressão.Cito algumas frases do "Borboletas de Jade:

“Billie Holiday morreu em 1959. No dia de sua morte ela tinha US$ 0,70 no banco e US$ 07 na bolsa. O resto o vício em heroína havia consumido. O que sobreviveu foi a voz que cantou com uma beleza sem paralelo na história do jazz.

“Dizer que Billie Holiday foi só uma cantora de jazz é como dizer que os Beatles foram só uma banda de rock”, refere.

"A vida da cantora é um retalho de histórias não confirmadas e, muitas vezes, inacreditáveis."

Depois, descobri noutro "post" a letra (o video já conhecia) da canção “Strange Fruit”, a canção brutal que ela canta de um modo quase “arrancado” da alma, vivida, “vivendo-a” dentro dela, quase agressiva e insuportável no sofrimento.

A canção –escrita pelo compositor judeu Levvis Allan- fala de um linchamento no sul dos Estados Unidos. E do seu enforcamento numa árvore donde pendem como “estranhos frutos”...
Deixo-vos um pouco do que vem no blog “Borboletas de Jade sobre esta música:
Ao contrário do que se acredita a música não foi escrita pela cantora mas pelo poeta Lewis Allan, também conhecido como Abel Meropool. A música é um protesto contra o racismo no sul dosEstados Unidos. O estranho fruto que dá nome à música se refere aos corpos dos negros linchados e depois dependurados pelo pescoço em árvores. Billie Holiday tinha o hábito de terminar seus shows com a música. O teor político da canção causou problemas para a cantora."

Cito o que li no blog “Borboletas de Jade sobre esta música: Ao contrário do que se acredita a música não foi escrita pela cantora mas pelo poeta Lewis Allan, também conhecido como Abel Meropool. A música é um protesto contra o racismo no sul dos Estados Unidos. O estranho fruto que dá nome à música se refere aos corpos dos negros linchados e depois dependurados pelo pescoço em árvores. Billie Holiday tinha o hábito de terminar seus shows com a música. O teor político da canção causou problemas para a cantora."

Strange Fruit

Southern trees bear strange fruit/,
Blood on the leaves and blood at the root/,
Black bodies swinging in the southern breeze/
,Strange fruit hanging from the poplar trees.
Pastoral scene of the gallant south/,The bulging eyes and the twisted mouth/,Scent of magnolias, sweet and fresh/,Then the sudden smell of burning flesh./Here is the fruit for the crows to pluck,/For the rain to gather, for the wind to suck,/For the sun to rot, for the trees to drop,/Here is a strange and bitter crop
."

Estranho Fruto

"Árvores do sul produzem uma fruta estranha,

Sangue nas folhas e sangue nas raízes,

Corpos negros nadando na brisa do sul,

Fruta estranha pendurada nos álamos.

Pastoril cena do valente sul,

Os olhos inchados e a boca torcida,

Perfume de magnólias, doce e fresco,

Depois o repentino cheiro de carne queimada.

Aqui está a fruta para os corvos arrancarem,

Para a chuva recolher, para o vento sugar,

Para o sol apodrecer, para as árvores deixarem cair,

Aqui está a estranha e amarga colheita. "

Deixo-vos a canção, amigos leitores, para pensarmos juntos.

Para não esquecer...

Ouçam Billie Holiday agora. Interpretação inigualável!


3 comentários:

  1. Olá

    A canção para não esquecer.Sim.Sobretudo para continuar a lutar.
    O racismo e a escravatura continuam aí,bem presentes.

    Saudações cordiais,
    mário

    ResponderEliminar
  2. Saudações nobre amiga e que a paz esteja com voce e seus visitantes e amigos.Grato pela referencia bem como as doces palavras ao Borboletas a que tenho dedicando como paixão e sempre.Valeu pela dica e parabéns pelo blog alinhado de idéias e passeios
    pelo mundo do aprendizado.

    ResponderEliminar
  3. Obrigada, amigos. Tentando sempre não esquecer o que fica para trás e...caminhando -como diz Mr. Butterfly- pelo caminho da aprendizagem...
    Bom caminho aos dois.
    o falcão

    ResponderEliminar