quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Bom dia, Professores!

Uma professora, e os seus alunos, em Londres. Por acaso, esta professora já foi minha aluna... Boa aluna!

capa do romance de Charlotte Brontë, "O Professor"

Bom dia, Professores!

Faço minhas as palavras de Philippe Claudel - em entrevista, há cerca e um ano, ao jornal Le Monde. Professor na Universidade de Nancy hoje, foi durante anos simples professor do ensino secundário.
Philippe Claudel é igualmente escritor e realizador de cinema, arte em que se estreou em 2008, com o filme "Il y a longtemps que je t'aime".

Tal como o professor de "Adeus, Mr. Chips" do filme - tirado do romance homónimo de James Hilton-, e realizado por Sam Woods, com a bela ruiva, Greer Garson.

Ou o "remake" que dele fez Herbert Ross (1969) numa comédia musical, com Peter O'Toole e a cantora Petula Clark.
Ou, ainda, o professor do filme "To Sir, with Love", (Para o o Professor, com Amor), de James Clavell (1967), com Sydney Poitier, que representa um professor negro americano, na Londres do bairro pobre do East End. Filme baseado no texto semi- autobiográfico de E. R. Braithwaite.

Para chegarmos ao magnífico, poético, terno e dramático filme "A Sociedade dos Poetas Mortos" (1989), do australiano Peter Weir, com Robin Williams, o professor que todos os professores/as gostariam de ser!

E que tanta nostalgia - e certa amargura- nos deixa.

Ou outros professores, na vida real,dura e crua de São Tomé, como o Professor João, que ensina na Escola do Riboque e ensaia os seus alunos no "Tchiloli", verdadeiro "entertainer" e cenarista...

E tantos dos meus amigos professores que se esforçam, lutam, e não desistem! A Isabel, a Luísa, a Helena, a Ana, a Amélia, a Alexandra (outra aluna)!

Diz, pois, Philippe Claudel:

Deveríamos venerar os que transmitem o saber. E a coisa mais importante da história do mundo: não há humanidade sem essa transmissão. Quando uma sociedade não é capaz de reconhece o papel civilizador da educaçãp, e de compreender que tal função é essencial e que se deve exercer em condições satisfatórias, anda às avessas...”

De facto nos dias que correm em que a escola “deve” absorver todas as funções –de transmissora de saberes a educadora- são eles que ajudam a crescer os seus alunos, adolescentes que se interrogam, procuram respostas, querem saber mais, têm dúvidas e exigências.

Ou não têm nada destas curiosidades, e pouco lhes interessa estar ali, pintam as unhas, dizem "que seca", baixinho, e só esperam que a campainha toque...

Segundo a minha experiência e de tantos outros professores, esta é uma minoria!

E existe desde que o mundo é mundo...não piorou. Sou optimista!

Há os outros que julgam que sabem tudo, ou acham que eles é que têm razão. E os pais deles muitas vezes pensam o mesmo.

"Na sala de aula - continua- quem sabe é o professor e não o aluno. (...) Não é pelo facto de se navegar pela internet ou ver programas de divulgação na televisão que o aluno passa a saber tanto como o professor...”

Lá deve, pois, vir o professor ensinar, educar, encontrar respostas...

E ser “inovador”, “motivante”, um “animador” do espaço da aula, uma espécie de "entertainer", actor em cena, quantas vezes "domador" em jaula...

Além de “sabedor”.

Tarefa evidentemente dura e difícil.

Tanto mais que o número de professores diminui, as turmas aumentam o número de alunos.

E os tais professores têm -quantas vezes- de andar de terra em terra, ou "cair" no desemprego... e emigrar. Qualquer dia vêmo-los trocar com os emigrantes ucranianos, na busca de um lugar ao sol!

Coragem, Professores!

Mais sobre Philippe Claudel: http://www.guardian.co.uk/books/2011/may/01/monsieur-linh-child-philippe-claudel-review


7 comentários:

  1. Obrigada por este magnífico post.
    Um beijinho grande

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  2. MJ Falcão
    Obrigada pelo incentivo! :)
    beijinho

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  3. Também sou professora, também me comovo sempre com as pequenas vitórias dos meus alunos, mas também me apetece, cada vez mais, fugir da minha profissão... Não é ser pessimista. É ter de enfrentar uma realidade absurda que dói, e dói, e dói.
    Beijinhos
    Luísa

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  4. Só quem passou por uma sala de aula pode falar assim...
    Parabéns pelo post!

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  5. Que bom ouvir a vossa voz! Nenhuma palavra se perde, já dizia André Gide...

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  6. Eu também fui professora (pouco tempo, há muitos anos). Pelo que ouço e leio, as coisas mudaram muito, espero que algumas para melhor. Entre as que foram a pior, parece ser que está a falta de respeito dos alunos, como no filme do maravilhoso Sidney Poituer, e a atitude dos pais, que nâo sabem educar os filhos nem colaborar com os professores nessa difícil e no entanto apaixonante tarefa.
    Um beijo grande

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    1. O Magistério é uma Profissão que exige o Dom mais do que qualquer outra! Até porquê vem deste Profissional a Formação Moral e Intelectual não apenas do Cidadão, mas, ainda, de outros Profissionais de significação tão importante quanto aos da Educação! Lembremos dos Médicos!

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