sábado, 22 de outubro de 2011

Um filme maravilhoso de Wim Wenders: "PINA "

Em baixo, deixo-vos um video com cenas do filme que me encantou. Os bailarinos passeiam ao som da belíssima música de Louis Amstrong, "West End Blues".

Vi o filme de Wenders no passado dia 18, no Pequeno Auditório do TMG, na Guarda (França/Alemanha, 2010).

Fiquei maravilhada!

Pina Bausch nasceu na cidade de Solingen, na Alemanha, em 27 de Julho de 1940. Morreu em 30 de Junho de 2009, em Wuppertal, vítima de cancro, com 68 anos.

Formou-se em Essen (Alemanha) na Escola de Dança de Folkwang, em 1958. Depois foi viver para os USA onde continuou a estudar dança, durante três anos (1959-1962), em Nova Iorque, passando pela Julliard School

Of Music.

Bailarina de grande qualidade e talento, estreou-se como coreógrafa em 1968.

Desde 1973 que era a directora artística do "Teatro de Dança de Wuppertal".


O director Arno Wüstenhöffer foi quem a contratou, nesse Outono de 1973. Ela deu um novo nome ao teatro: chamou-lhe “Tanztheater Wuppertal”.

O seu trabalho é uma mistura de dança moderna e teatro, em que se reflectem quanto a mim todas as tonalidades dos sentimentos: amor, tristeza, solidão.

O filme que Wim Wenders lhe dedicou é uma maravilha de beleza, sensibilidade e de admiração por ela.

E de amor. Porque a obra dela fala tanto do amor, dos gestos esquecidos do amor.

Eu conhecia mal o trabalho dela, mas confesso que desde a primeira imagem fui atraída pela figura de Pina.

Lembro os gestos dela, no início do filme, a "criar" as estações do ano: Inverno, Primavera, Verão, Outono.

Vejo o seu rosto com um sorriso leve e a limpidez dos o

lhos claros, enquanto os braços (apenas os braços) se movem de formas diferentes. Porque o Outono não é igual ao Verão...e portanto todas as estações têm gestos próprios.

É nessa cantilena dos gestos, da passagem da vid

a, quando as estações mudam, que a troupe passeia, sorrindo como ela sorria, ao longo de pontes e ruas, enquanto se ouvem os sons da trompete dos belíssimos Blues do West End, de Louis Amstrong!

Através de entrevistas pequenas, com os artistas

da sua Companhia, recordações comoventes, momentos em que os bailarinos recordam Bausch e os conselhos que ela lhes dava, o modo como os puxava para cima, ou desafiava...

Escrito, realizado e produzido por Wim Wenders, o filme baseado em solos de bailarinos da companhia, ou cenas filmadas no exterior, em

Wuppertal, ou apoiando-se em imagens de arquivo, é uma homenagem à bailarina e coreógrafa.

E os espectadores ficam maravilhados, comovidos. Nunca indiferentes!

Imagens de beleza, limpidez, com matizes e cores suaves.

Ou vermelhas, quentes, violentas e agressivas. Mas sempre vividas, sentidas, representando o humano nas suas componentes várias.

Pina Bausch conta histórias enquanto dança.

As suas coreografias baseavam-se muitas vezes em ideias e e

xperiências de vida dos próprios bailarinos. De facto um desses bailarinos conta como ela lhe disse um dia:

“Exprime a Alegria! Dança a Alegria...”

E ele dançou, começando um bailado louco. E ela acenou com a cabeça.

É assim...”

Muitas vezes os bailarinos “interagem” misturando, no mesmo personagem do bailado, o feminino e o masculino.

Pina aparece, em cada obra, na complexidade da artista que era. Com a sua nostalgia, a sua alegria que “arrancava” a tudo - e a sua força.

A sua humanidade.

Lembro das palavras de uma das bailarinas, frágil figura de mulher asiática, que conta:

“Ela dizia-me: da tua própria fragilidade tens de fazer a tua força...”

Alguns desses seus espectáculos aparecem no filme: "Vem, Dança Comigo" (1977) e no estranho e encantador "Café Müller" (1978).

Cenas de uma sala de dança que por vezes me fizeram lembrar o filme de Scola, "Le bal", em que a solidão impera.

A quem sofria, duvidava, exigia mais do que a desilusão ou o desespero, dizia sempre:

Esqueçam tudo. Dancem, dancem...”


Wim Wenders nasceu em Dusseldorf em 14 de Agosto de 1945. iniciou os estudos de Medicina e Filosofia mas tudo abandonou por um curso de Cinema.

Em 1967 parte para Paris. De 1968 a 1972 é crítico na revista Filmkritik. Influenciado pelos filmes americanos do pós-guerra, especialmente as "séries noires", realiza filmes como "Alice in the cities" (1973), "The wrong move" (1975), ou o "thriller" "O Amigo Americano" (tirado do livro de Patricia Highsmith "Ripley's Game").

a cidade de Wuppertal

http://www.cultura.rj.gov.br/noticia/o-theatro-municipal-apresenta-tanztheater-wuppertal-pina-bausch

http://www.wim-wenders.com/bio/wim_wenders_bio.htm



5 comentários:

  1. MJ,
    Vi quando estreou e é uma maravilha por tudo o que representa: a persistência, a arte, a beleza, a dor, o espectáculo, a alegria.

    A frase que me ficou do filme foi "...da tua própria fragilidade tens de fazer a tua força...”
    Beijinho. :)

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  2. Espero que tudo vá bem. Hoje recebi o embrulho, fiquei muito contente.Vou ler esta noite, escreverei também.
    Oxalá tudo esteja em ordem, espero notícias.
    Pina Bausch era única, inovadora.
    Um grande beijo

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  3. Adorei o filme.
    Adorei o post.
    Um beijinho

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  4. Vou tentar ver esse filme! Eu adoro bailado, acho que é uma vivência única de Liberdade Absoluta.
    Beijinhos querida amiga

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