domingo, 11 de dezembro de 2011

Manoel de Oliveira, Raul Brandão e o tempo infinito...



Manoel de Oliveira fala do seu último filme: “Gebo e a Sombra”.

Por quê escolher uma obra de Raul Brandão?

“A situação é muito difícil, nós estamos em crise e “Gebo e a Sombra”, o meu último filme, fala da honestidade, da honra e da pobreza”, lembrou o mais velho cineasta do mundo em actividade.”
Alguém lhe perguntou um dia por que não fazia um filme que falasse dos pobres... Pensou logo em Raul Brandão.

Na obra esquecida de Raul Brandão o grande escritor das vidas sombrias, dos Pobres (título de uma das suas obra «os mais pungentes e tremendas) e da vida

Fez o filme, afirmou, porque um admirador o interrogou por que não fazia um “filme sobre os pobres” e ele lembrou-se da obra de Raul Brandão.  


“Trata da pobreza, da falta de valores, da falta de honradez, passa-se no princípio do século XX e por isso não tem um carácter muito ofensivo para representar a actualidade, mas, por formas indirectas, representa a actualidade”, afirmou.

Aproveita a peça de Brandão "Gebo e a Sombra". Os actores são dos melhores, alguns já no seu "sunset":  Jeanne Moreau, Claudia Cardinale, Michel Lonsdale e os "habitués" dos seus filmes de sempre Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira.

 Breve nota biográfica de Raul Brandão: nasce na Foz do Douro, Porto, em 12 de Março de 1867 e morre em Lisboa no dia 5 de Dezembro de 1930.

Escritor, jornalista e  militar de carreira foi famoso pelo realismo das suas descrições e pelo lirismo da sua linguagem.
Recordo livros que me entusiasmaram. Estudava então na Faculdade de Letras e um dos temas era exactamente Raul Brandão. 


O professor era Jacinto d Prado Coelho. Lemos quase tudo do autor! Lembro os  mais amados: Os Pescadores, Diário de K. Maurício, O Mistério da Árvore, Os Pobres. A Morte do Palhaço...





"O homem material –pensava o Palhaço- não existe. A vida é uma convenção. O que existe é o sonho, o sonho é a única realidade. Sonhar! Sonhar!..." Como faz Manoel de Oliveira cada vez que termina um filme e começa logo outro: sonhando!

5 comentários:

  1. Quero muito ver o filme, pois gosto de Raul Brandão.
    A Morte do Palhaço foi o livro que mais gostei.
    De Manuel de Oliveira gosto muito. A escolha é ouro sobre azul.
    Obrigada, MJ por esta novidade.
    Bjs. :)

    ResponderEliminar
  2. Gosto dos filmes de Manuel de Oliveira.
    Vi poucos. Em video são difíceis de encontrar. É uma pena.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Conheço mal a obra de Raul Brandão mas tem um livro que gosto imenso: "As Ilhas Desconhecidas". Talvez por causa da minha forte ligação ao arquipélago, mas as suas descrições, a forma encantadora e mágica como escreve prendem e entusiasmam o leitor.

    "...aqui acabam as palavras, aqui acaba o mundo que conheço; aqui, neste tremendo isolamento onde a vida artificial está reduzida ao mínimo, só as coisas eternas perduram..."

    Mais um filme para ver...

    Abraços

    Raul

    ResponderEliminar
  4. Gosto de Raul Brandão, mas não é dos meus preferidos.. Vou tentar ver o filme!
    Beijinhos e saudades

    ResponderEliminar
  5. O filme não sei quando sairá, Luísa, também quero ver. O Raul Brandão é muito duro! Ontem fui ler a peça dele e fiquei de rastos! deve ser um filme terrível...
    AS ILhas Desconhecidas eu sei que é muito bom, Raul.A Morte do Palhaço é do melhor, para mim, Ana.
    Abraços

    ResponderEliminar