sábado, 4 de maio de 2013

Ainda ( sempre) a Educação e a Escola...


Quando os cortes vão incidir uma vez mais sobre a Educação, é natural que nos ponhamos certas questões.

imagem tirada do jornal Le Monde


Queixamo-nos dos nossos adolescentes, da má-criação, da falta de respeito.
Os pais queixam-se dos professores...Os professores queixam-se dos pais terem - ou não terem- preocupação com a escola dos filhos.


E pensamos que tudo o que é mau se passa (só) por cá.

Muitos até querem ver nisso uma “culpa” do 25 de Abril que teria aberto as portas à falta de educação geral. O 25 de Abril mudou muita coisa, abriu caminhos, abriu espaço para estudarem os que o não faziam antes.




Escola da noite


Errou (sobretudo em não ter promovido mais a educação ainda, a cultura cívica), mas não pode ser o culpado único de tudo!

Pelo contrário: diminuíu o analfabetismo, permitiu a recuperação dos alunos que não tinham títulos e puderam estudar à noite numa tentativa de melhorar as suas vidas. 


Quantos entraram nas Universidades, depois disso??? Para os que acham "Ah! formou-se gente a mais!", digo: nunca é demais o conhecimento. Nunca é  demais o nível cultural de um país: Sobretudo, o 25 de Abril deu a todos essa possibilidade... à partida!


Diz-se por aí:

Ah! dantes era diferente...
Ah! Dantes, aprendia-se nas escolas...
Ãh! Dantes os alunos respeitavam o professor.
Ah! Dantes era o professor quem educava, ralhava...
Ah! Tinham-lhe respeito, batia...

Confundido receio com educação.

Ah! Ah! e mais Ahs!

É evidente que no momento em que o ensino deixou de ser só para alguns e passou a ser para todas as classes – a massificação decorrente do afluxo aos estudos teve de se sentir.

Tudo se tornou mais difícil, mas não foi o 25 de Abril que trouxe o mal às escolas! Quem ia ao estrangeiro, em visita de estudo, com os seus alunos? 

Lembro-me de –antes dessa data para alguns “fatídica” (et pour cause, tirou-lhes alguns confortos que eram só deles...)- ter turmas com alunos muito mal-educados,turmas  para onde os professores se dirigiam a suspirar (eu própria me incluo no número!)... 
André Kertesz, Alunos

Mal-educados, agressivos, alguns deles de boas famílias, eram um pesadelo para quem queria pôr um pouco de ordem na aula...


Ardósia, de Eduardo Luiz

Não acredito que o professor que ralhava (batia?, nalguns casos, sim, claro: bofetões, puxões de orelhas “caldos” na nuca) ensinasse mais do que os outros.

O receio dos alunos levava-os a estar calados, é certo, mas aprendiam? Ou esperavam que a aula acabasse apenas, com a cabeça noutro sítio?

imagem tirada do jornal Público

Não acredito que os gritos e as palmatoadas educassem mais do que hoje a empatia que se tenta.

Houve sempre os mesmos revoltados, os inconformados, os rebeldes sem causa (ou com causa...) renitentes  a qualquer domesticação, chamemos-lhe assim, e para esses casos dava mais resultado a atenção do professor, por eles, do que todas as faltas de castigo do mundo! Se bem que essas fossem por vezes necessárias...


imagem da net

O problema está em grande parte ligado à falta de professores (que, por sua vez, estão aos milhares no desemprego), às aulas cheias, à indisciplina agravada. 

E conta muito o background familiar. O problema social que é premente. Hoje com tantos desempregados (pais e mães) mais se agravou.

Voskresnoy, Escola dominical


Incapacidade de diálogo, queixam-se alguns alunos. E os professores, é evidente. Falta de educação em sentido lato, queixam-se outros. Insucesso escolar, gritam os pais, é culpa dos professores...
Onde ficamos?

A escola, do Blog Palavras daqui e dali

O professor tem de poder exercer o seu ensino, para todos. 

E é importante que o professor tenha também uma formação para enfrentar certas situações que hoje existem de violência.
Pensar nos professores é pensar nos resultados futuros...

Refiro o que diz Manuel Pereira (Fenprof), perante os novos cortes do governo sobre a educação, que vão incidir sobre o "corte"  de professores e de meios e verbas para as escolas:
Escola de Atenas, "Academia de Platão", de Raffaello Sanzio





Há mais indisciplina, mais desmotivação, o insucesso escolar tende a aumentar e mais horas de aulas para professores significa sobrecarregar mais quem já está sobrecarregado.” (in Público online, de hoje),falando sobre as medidas "novas", as mesmas de sempre!

Sabendo que todos os problemas estão em grande parte ligados à falta de professores - que, por sua vez, estão aos milhares que ficam no desemprego...-  às aulas cheias, à indisciplina, ao insucesso escolar. 

Sabendo como conta o background familiar, o acesso de (todos!) os alunos aos mesmos meios tecnológicos, livros, material, etc, com tantos pais e mães desempregados... 

Sabendo como o problema social é premente, como não recear o agravamento de todos estes problemas?... 



4 comentários:

  1. Concordo completamente com cada palavra que escreve. Tudo o que refere contribui para o "desassossego" nas escolas. Eu acredito que uma das melhores medidas que deveria ser tomada para promover o sucesso era reduzir o número de alunos por turma. Tem sido feito o contrário; turmas cada vez maiores! Gostava muito de ver um daqueles senhores que fazem as leis, a passar uma semana(só a ver!) numa sala de aulas de alunos do primeiro ano, onde um professor se "desunha" para conseguir atender a todos os pequenitos, que estão a começar a aprender a ler.
    E nos anos seguintes é a mesma coisa. As turmas, com excepção talvez dos últimos anos, do secundário, não deveriam ir além de 15, 18 alunos. É um número razoável para se trabalhar.
    Enfim, estes governantes querem lá saber da escola, da cultura ou da educação!
    Ai, este assunto!...

    Um beijinho grande e um bom domingo!

    ResponderEliminar
  2. Pois é, Isabel! Como se pode ensinar a ler assim? Ou dar atenção aos alunos? São turmas impossíveis de "controlar" as de 30 alunos! E há muitas, do básico ao secundário em que, para conhecer os alunos minimamene, o professor tem de levar meses.......
    beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Os recortes em educação, sanidade, investigação, arte, ajudas sociais a pobres e dependentes, etc, são sempre um grande fracasso de países que de repente retroceden décadas de esforço colectivo por ir a melhor. Estamos a atravessar um momento muito difícil, necessitamos acreditar que tudo voltará à senda do progresso, mais cedo que tarde.
    Necessitamos manter a esperança!
    Feliz domingo, beijinho

    ResponderEliminar
  4. Tens toda a razão!Andámos para ttrás e bem! mas acredito que TEM DE MUDAR! Mudamos de civilização? tanto melhor: criemos uma sociedade diferente, mais humana e solidária! É a única solução para continuarmos vivos como seres humanoooooooos!
    Beijo

    ResponderEliminar