fotografia fotografada de "Le Nouvel Observateur"!
Num interessante artigo de "Le Nouvel Observateur", li que foi publicada,
em 14 de Junho, na revista NRF (“Variété, Littérature et chanson”, Gallimard) uma
pequena entrevista radiofónica com o poeta francês Louis Aragon (1963-1964).
Entre outras coisas, fala dos cantores que interpretaram os
seus versos, pondo-os em música, criando uma canção.
Foram tantos...
Diz ele:
Georges Brassens no Olympia, em 1960
“Houve quem cantasse antes de Brassens os meus poemas. Mas, de facto, Brassens foi o mais conhecido,
e a canção a partir do meu poema “Il n’y a pas d’amour heureux” foi apreciada
pelo grande público, não por mim, mas pelo talento de Georges Brassens”.
Brassens, 1960, Johnny Halliday, 1961, e Jean Ferrat, 1966
Outros: Léo Ferré,
Jean Ferrat e Johnny Halliday.
“O homem que deu, realmente, força às canções tiradas dos
meus poemas foi Léo Ferré - se bem que, antes dele, um jovem cantor tenha feito uma canção do poema “Les Yeux d’Elsa”.
Não conhecia o seu autor que não assinara a canção. Ouvi-a
pela primeira vez na rádio, era muito popular, e só muitos anos mais tarde que
um jovem muito tímido, que se chamava Jean Ferrat que me apareceu confessando ser ele o autor da
canção.”
Continuando, refere-se a Léo Ferré que tirou alguns versos
dos seus poemas (“Elsa”, “Le Roman inachevé”, por exemplo) e os organizou à sua
maneira, numa canção, modificando o lugar dos versos, escolhendo um para
refrão, etc.
Quando o entrevistador lhe perguntou se essa “liberdade” não
o chocou, respondeu:
“Não. Por que é que me chocaria? (...) Acho natural que um homem com o talento de Léo Ferré -e a sua sensibilidade- tirasse de mim alguma coisa, isso até me honra. Fico muito interessado no que ele vai fazer, cortando aqui, acrescentando ali: é como se fizesse uma crítica da minha poesia. (...) ensinou-me coisas sobre os meus poemas.”
Afirma que, depois dessas canções, esteve mais atento, nos
poemas mais recentes.
Louis Aragon, a mulher Elsa Triolet ("Elsa") e, atrás, Léo Ferré
“Quem sabe se não se poderá encontrar neles alguma influência
de Léo Ferré...”
“Não tenho qualquer forma de desprezo pelas formas mais
recentes da canção. Mesmo as de Johnny
Haliday –algumas das quais considero boas. Não é o facto de usar a expressão do
sentimento feita por certas al palavras -mas com outros meios- que elas perdem em intensidade. Pelo
contrário. Querer opor um tipo de música a um outro, matar uma canção por causa
de outra, isso é que é mau. (...) Não vou denegrir um tipo de música que agrada
à juventude”.
"Para agradar à juventude? Resta saber durante quanto tempo se pode agradar à juventude”,
diz o entrevistador, irónico.
Aragon, "cantado" por vários intérpretes
Confesso que gostei da "mini-entrevista".
Conheço Aragon desde que alguém mo ofereceu nos meus dezasseis anos e gosto dele.
E um belo romance triste, "Aurélien"...
E Georges Brassens, Léo Ferré e Jean Ferrat estão entre os meus cantores franceses preferidos.
Jean Ferrat
Jacques Brel (tive de o pôr também!), Léo e Brassens
Gosto destes nomes todos.
ResponderEliminarDe Louis Aragon, que conheci aqui no seu blogue, consegui apenas, em português "Os sinos de Basileia".
Um beijinho e bom domingo