Damien Hirst posando sobre caveiras coloridas
Mario Vargas Llosa, 2012, dixit (El Pais, 17 de Junho, hoje mesmo), a propósito do sucesso
de Damien Hirst na Tate Modern, de Londres, chocando-se com o seu “sucesso” de
bilheteira - e o preço astronómico dos seus quadros.
“Damien Hirst, ('artista '?) desprovido do mais elementar talento e originalidade que, em vez de dissimular esta condição,
exibe-a em tudo o que faz com a mais perfeita desfaçatez tenha conseguido escalar
todos os degraus da consideração do establishment (...)”- choca o escritor.
"Com mais desarmante sinceridade, fala da sua
trajectória explicando de certo modo a eleição das suas opções artísticas em
função da s carências e limitações que tinha. Quisera ter sido pintor mas
percebeu que pintava muito mal e então optou pelas “collages” onde se sentia
menos deficiente.
Quando descobriu a arte “conceptual”, o surrealismo e o
minimalismo, tudo misturado, viu que havia um caminho- o do festo, do
desplante e do espectáculo- em que podia superar os defeitos e, inclusive,
triunfar.”
Ignorando duas outras
exposições em Londres –de Picasso, uma na Tate Britain (la Suite Vollard) e outra no Museu
Britânico- a multidão massificada do "grande público" fez filas de várias horas para ver o “famoso” Damien Hirst.
Esquecendo a maravilha de humanidade e beleza que são os Picasso desta Colecção Vollard, onde pouca gente foi e ninguém fazia fila..
Esquecendo a maravilha de humanidade e beleza que são os Picasso desta Colecção Vollard, onde pouca gente foi e ninguém fazia fila..
Picasso e "Minotauromachia"
Picasso e "Salomé"
O 'artista' das cabeças
de vaca cortadas e sangrentas, cheias de moscas, dispostas numa
urna de cristal, ou do tubarão em formol, das vacas conservadas (em formol?) mais o filho, das cabrinhas e reses “seccionadas
cirurgicamente”.
Ou das dezenas de
milhares das borboletas sacrificadas, borboletas a que arrancou as asas antes, para
enfeitar o seu quadro Enlightment - ou para outros obras!
Questão de gosto...
Quem não gosta de borboletas? São belas...
Como aceitar, então, que se dizimem aos milhares e se lhes arranquem as asas?
Por que não, antes, "olhá-las" e "pintá-las"?
Questão de gosto...
Quem não gosta de borboletas? São belas...
Como aceitar, então, que se dizimem aos milhares e se lhes arranquem as asas?
Por que não, antes, "olhá-las" e "pintá-las"?
Hirst e as suas "asas de borboletas"
Picasso, e a sua "borboleta" desenhada
Damien Hirst "borboletas e fruta"
Ou os milhões de
moscas – “o genocídio” –como lhe chama Vargas Llosa- para a criação do seu pegajoso “Sol
negro”.
Sucesso? Rei das vendas?... De facto, em Outubro
de 2004, através da Southeby vendeu a
sua Pharmacy, por uns 15
milhões de dólares, e, em Setembro de 2008, pela mesma galeria londrina, vendeu
244 novas obras pela soma astronómica de 111 milhões de libras esterlinas.
"O que significa - continua Llosa- que
Damien Hirst é o mais caro artista (vivo) do nosso tempo. O seu êxito económico
está à altura do artístico”.
O seu futuro está
garantido? Talvez não...
"Se tudo dependesse do mercado da arte, sem dúvida. Mas, ai!, pressinto uma ameaça nesse futuro : a da Real Sociedade Protectora dos Animais do Reino Unido."
"Se tudo dependesse do mercado da arte, sem dúvida. Mas, ai!, pressinto uma ameaça nesse futuro : a da Real Sociedade Protectora dos Animais do Reino Unido."
tubarão em formol
tubarões, contentes, em liberdade
Os animais vêm protestar e dizer "protejam-nos!"
Além
destas torturas impossíveis de “perdoar”, já chega de Koons, Hirsts e outros embustes que tais! A Arte é outra coisa!
http://sobreorisco.blogspot.pt/2012/06/um-vigarista-no-mundo-da-arte.html
http://www.tate.org.uk/whats-on/tate-modern/exhibition/damien-hirst
http://sobreorisco.blogspot.pt/2012/06/um-vigarista-no-mundo-da-arte.html
http://www.tate.org.uk/whats-on/tate-modern/exhibition/damien-hirst
MJ,
ResponderEliminarAlgumas peças foram novidade para mim. Já tinha visto alguns dos seus trabalhos mas confesso que tenho alguma dificuldade em gostar dele. Contudo, a provocação é a melhor coisa do mundo.
Beijinho. :)
Viva a provocação! Pim! Pam! Pum!
EliminarMas..mas...não gosto dele! talvez por causa das borboletas, como diz a Isabel...
Como disse Louis Aragon: " ...importa é saber o que volta ao fim de um certo número de anos."
ResponderEliminarEm pintura, em literatura, em qualquer forma de arte e em todas as coisas afinal, só o tempo põe tudo no seu sítio. ¿Verdad que sí?
Un beso de tarde de domingo
Sim, há tanta coisa que "se apaga". Tantos "famosos" que se esvaem na paisagem da vida!É o tempo que traz a justiça? Nem sempre, claro...
EliminarMas este "enervou-me"!
Beijinhos nesta noite de domingo
É um exemplo de que o reconhecimento na arte nem sempre assenta em talento, originalidade, exigência, estética ou mesmo ética...
ResponderEliminarTem toda a razão...
EliminarNão gosto das obras. Mesmo que esteticamente alguma pudesse ter beleza (a das asas de borboleta, por exemplo) só o facto de pensar que tantos daqueles bonitos bichinhos foram mortos para fazer tal coisa, tira-lhe qualquer sinal de beleza. O da cabeça da vaca, das moscas...acho repugnantes.
ResponderEliminarEnfim...mas há quem aprecie, não é?
Um beijinho
Também acho que a arte é outra coisa!
ResponderEliminarNossa cultura está permeada de atrocidades com animais, seja para consumo ou até prazer, e "ninguém" se incomoda. Vejo esse artista como alguém que eleva ao máximo as farsas do real para testar nossa moral. É triste, mas funciona, pois nos põe a questionar nossa própria vida.
ResponderEliminarTalvez tenha razão, Guilherme: o que nos choca mais é o que "ouvimos" ou "vemos", agressivamente. Talvez assim se torne consciente a brutalidade do nosso tempo.Mas... será Arte?
EliminarAbraço
Acho que a verdadeira arte é aquela que vai além do conceito de arte; aquela que não se deixa apreender imediatamente. Entretanto, tendo a pensar: "mas afinal, faz diferença?". Acho que as obras não devem ser julgadas por sua participação ou não numa pré-definição valorativa.
EliminarAbs... Ahh, parabéns pelo blog.