O Ratinho Poeta foi o primeiro a descobrir tomate...
Tinham estado aborrecidos toda a manhã, a espreitar à janela.
O céu encoberto, a atmosfera pesada. Até caiu uma chuvinha molha-parvos.
- Estou mesmo aborrecido!, gemia o ouricinho. Até já brigámos...
Decidiram ir para a varanda.
- Vamos espairecer..., disse o Ratinho, virando-se para mim,
irónico.
Pouco tempo por lá ficaram. De repente, chegou,
muito excitado, o Ratinho:
- Já viste? Está lá um tomatito a espreitar no vaso!
Logo atrás dele, vinha o ouricinho que se pôs a contar:
- É tão pequenino! E verde, parece uma bolinha de ping-pong...
- É tão pequenino! E verde, parece uma bolinha de ping-pong...
Fui ver. Afinal, eram dois tomatitos e foi o Ratinho quem acabou por descobrir o segundo.
Ria-se, todo contente.
-Hihihi, este ainda é mais pequenino...
- Tão engraçados! Será que vão crescer e ficar vermelhos como
no ano passado?
Desconfiado:
- Achas que vêm aí mais?
Era o ouricinho Dany que parecia preocupado.
Pensei que tinha razão: “se chega por aí alguma chuvada mais
forte, são capazes de cair”.
As florinhas amarelas
que trariam mais outros frutos, iriam aguentar? Pareciam assustadas.
A minha varanda parecia uma estufa de plantas, na manhã
enevoada e quente.
O ratinho e o ouricinho passeavam pela oliveira, comentando entre si:
- Este ano não há azeitonas! Por quê?
- Houve tantas no ano passado...
Que sabia eu de azeitonas?
“Tanta plantas! Nem se pode aqui passar. Três vasos com
tomateiros é exagerado! Parece uma horta saloia. Mas é tão bom ver as cores! E cheirar... Cheiram tão bem!”
Voltei para a sala,
pensativa. O ratinho veio a correr chamar-me.
- Anda ver! É o amigo chimpanzé!
Franzi as sobrancelhas. De repente não estava a lembrar-me
desse amigo.
- Julga que voltou para a África, vem ver..., insistia o
ratinho.
Ah!, o amigo que tinha vindo de África há pouco. Era um
tímido e pouco o via. Estava empoleirado na palmeira de leque, a olhar um pouco
triste.
Lembrei-me do sagui de São Tomé. Aparecera um dia, e por ali ficou pelo jardim, saltando de ramo
em ramo. Chamámos-lhe Ambrósio nem sei por quê...
Gostava de andar pela vinha trepadeira, que formava uma
pérgola, nas traseiras, ao pé da cozinha. Comia as uvas, cuspindo as grainhas
para cima de nós.
- Como o Zac ficava furisoso!
Pensei no meu cão Zac, na Dáy, no Nini, meus amigos
pequeninos. No doido do Maiquel, o irmão mais novo, a brincar como um samurai.
Vieram os risos, as brincadeiras deles, o cheiro das goiabas
e das mangas a saber a pinhão.
Foi o ouricinho que me tirou dessa saudade em que por
segundos me abismara.
- Como é que ele se chama?, perguntou ele.
- Quem?
- O chimpanzé!, disse o Ratinho, impaciente. Já te
esqueceste?
De repente, ri-me e disse-lhes:
- Ambrósio! Vai-se chamar Ambrósio...
- Não sei se ele vai gostar...
O ouriço Dany encolhia os ombros. Mas o Ratinho já estava na
varanda a gritar:
- Chamas- te Ambrósio! Gostas?
- Chamas- te Ambrósio! Gostas?
O chimpanzé sorria, no
meio daquele bocadinho de selva que encontrara ali.
Pareceu-me menos triste.
Vieram os três e sentaram-se no sofá.
Não sei como, a
raposinha apareceu no meio deles. Tinham um ar sério e compenetrado todos.
O chimpanzé tinha um nome.
Tinha amigos!
Bem, estou toda baralhada!!
ResponderEliminarEnquanto escrevia um comentário, que não sei se ficou, porque me apareceu a dizer que havia um erro, por aqui ficou tudo diferente!!!
Mas melhor!
Adorei.
Tem aí uma bela horta. E uns amigos que são um espectáculo...
Gostava daquela foto (antigamente era a segunda)em que o poeta e o ouricinho com ar displicente estavam à janela. Até me fez rir.
Adoro aquela com eles os dois no meio da oliveirinha. Eu até me esqueço que eles são bonequinhos...têm vida própria!
Mais um lindo e ternurento post.
Um beijinho
Foi o blogger a fazer partidas! aparecia tudo às listas brancas e não se lia o que lá estava! Irritei-me e fiz tudo outra vez! escaparam-me algumas fotos, claro.
ResponderEliminarObrigada pelo que dizes, os amigos ficaram contentes!
Uma oliveira também?! A tua varanda é como a cartola dum mago que não tem fundo!
ResponderEliminarNão duvido que acabarás por fazer algum azeite para regar a salada desses tomates que devem estar saborosíssimos!
Boa colheita, querida, que o tempo te acompanhe e esses frutos cheguem a bom termo.
Cuida-te muito, e distrai-te também muito, é bom teres aí a tua menina.
Beijinhos
Ficaram muito bem os quatro na fotografia e adorei este post, como escreveu a comentadora em cima, eles não parecem bonequinhos, mas parecem ter vida própria :)
ResponderEliminarum beijinho
Que vida tem a tua casa, a tua varanda, ele é tomateiros, oliveiras, palmeiras, o ratinho, o ouricinho, uma raposa e o Ambrósio??
ResponderEliminarQue bonitas histórias, acho que já vão merecendo um livro, eheh.
Beijo
Tens que vir cá ver, Carlota! Com a tua imaginação, vais "ver" o mesmo que eu vejo...
EliminarHahaha
beijinhos
Mais uma vez a contadora de histórias (ou estórias?) a deliciar-nos e a encantar-nos.
ResponderEliminarParabéns!
Um beijo de satisfação
Raul
Obrigada, Raul
EliminarTambém já tinha comentado... é o blog a fazer partidas.
ResponderEliminarSão tomates, são azeitonas,... uma autêntica casa de agricultores!
E, os nossos amiguinhos lá andam tão felizes.
Uma casa cheia de vida! Que bom.
Beijinhos para todos.
Linda, minha querida e obrigada. Adorei os meninos e a horta/selva.Também gostei de conhecer os outros personagens. Ainda bem para o Sr. ratito, assim não está tão só.... Beijitos muito grandes. Madade
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