Marc Chagall, o anjo azul
capa sobre um desenho de Apolinário
Ainda bem. Faz falta a poesia...Tantos poetas esquecidos do meu país de poetas...
Fui buscar este soneto de José Régio, aqui ainda Poeta adolescente, que não conhecia e
que está numa publicação intitulada: “Primeiros Versos Primeiras Prosas" (*)
desenho de Apolinário
Poeta ainda adolescente, tem pouco mais que 14 anos, perdoemos-lhe as
ingenuidades e as rimas fáceis: é uma homenagem que eu quero fazer aos “poetas adolescentes" que existem sempre dentro de nós, mesmo que nunca escrevam poemas! Bom dia da Poesia!
NOIVOS
Quando vai mergulhar o sol no vasto mar,
Quando a briza suspira, à tarde, nos rosais,
De mãos dadas, os dois lá vão pelos trigais
No seu amor tão casto e puro meditar.
Sob os galhos em flôr dos belos laranjais
Como ela cora e treme ao ouvi-lo falar!
Ele ala d’amor ...duns sonhos virginais...
E beija-lhe a mão fina e branca a suspirar...
Os pássaros até calam seus gorjeios,
Interrompem as flor’s seus
doces devaneios,
Para vê-los melhor, p’ra os
poder escutar...
E mãos dadas, os dois,
trémulos, enlevados,
Nem repara sequer, num sonho
extasiados,
que há muito mergulhou o sol
no vasto mar...
VENUS, 18 de Junho de 1916
(*) Edição integrada nas comemorações do 25º aniversário da
morte de José régio Vila do Conde, 1994, com uma capa do irmão de Régio,
Apolinário dos Reis Pereira.
O Soneto foi publicado no jornal “O Democrático”, com o pseudónimo
de Venus (às vezes Phoebus) Venus, e 18 de Junho de 1916.
José Régio nasceu em Vila do Conde em 17 de Setembro de 1901 e morreu na sua cidade natal em 22 de Dezembro de 1969. Tinha pois 15 anos...
Apesar de jovem, eu acho que já escrevia belos poemas. É muito bonito o poema!
ResponderEliminarE o desenho também. Eram talentosos todos os irmãos.
Gostei muito do post. Até da letra que escolheu. Tão apropriada!
Um beijinho grande
Ainda bem que gostaste, minha fiel seguidora!
Eliminarbeijos
Muito belo o poema, o texto introdutório e Chagall.
ResponderEliminarAndo cheia de trabalho e fora da blogosfera mas dei um pulo para agradecer e deixar um beijinho.
Temos tantos poetas! faz pena não se ouvir falar deles, não é?
EliminarPermito-me ter uma opinião diferente à nossa querida Isabel...Fartei-me de rir, porque me lembrei do meu pai quando nos fazia uns versos, no dia dos anos ou assim. Não vem nada mal rir de boa manhã, e mais hoje que volta a tocar um dia cinzento. Agora é dia sim, dia não
ResponderEliminarVi que voltaste a mudar os quadros, e achei piada à escolha, porque no fundo tudo o que fazemos livremente tem uma razão de ser. Acho que tens muito da Alice de Lewis Carroll, e que adoras as janelas, mulheres à janela, olhar através de, o que pode haver ao outro lado da janela, etc.e tal.
Depois pensei nos que tenho eu: sempre rostos, em casa é a mesma coisa, caras e flores, não saio disso.
Se tens alguma explicação, para algum dos casos ou para os dois, não deixes de contar-me.
Desejo-te um lindo dia de chuva com um beijinho meu.
Um inciso, ainda a propósito dos Noivos do Régio: Ele fala e ela treme, não se pode ser mais narciso e mais machista aos 14 anos!!!! Ha, ha, ha...
ResponderEliminarBom humor matinal, querida Maria, só faz bem!Também me ri "ela treme quando ele fala": foi sempre assim! Podemos rir: hahaha!
EliminarBom finde, minha querida!
Vejo o poema à luz daquele tempo e mesmo que assim não fosse, acho que fala de um amor bonito, ingénuo e puro de adolescentes. Porque rir?
ResponderEliminarNão concordo contigo Maria.
Talvez fosse "foleiro" se fosse escrito nos nossos dias. Assim não acho.
Mas enfim, são opiniões diferentes.
Um beijinho para ti e outro para as outras meninas.
E tens razão, Isabel, eu não devia ter rido, acho, mas De repente pode-nos parecer ridícula uma certa situação. Que, no entanto, pode ser viva...até ainda hoje, porque os sentimentos são sempre sentimentos e a emoção leva a muitas reacçoes!
EliminarUm beijinho grande.
EliminarSempre RÉGIO!
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