Enquanto não se provar que um homem é culpado de uma acção, ele tem o direito de ver respeitada a sua “presunção de inocência”.
Chocou-me – sei que muitos sentiram o mesmo - ver o cidadão francês, Dominique Strauss-Kahn, até agora pessoa respeitável, homem político com valor, presidente de uma organização mundial respeitável, que nada - a não ser, por enquanto, a palavra de outra pessoa que o inculpa- ser tratado como um vulgar assassino, "serial killer", "pedófilo" - ou coisa pior- numa das mais soturnas e "duras" esquadras dos USA.
E, aguardando julgamento, numa das mais tenebrosas cadeias - na ilha de Ryders Island.
Acaso, apenas?
Não esqueçamos que, no sistema judiciário dos USA, a humilhação faz parte da penitência do "suspeito".
Mas o suspeito ainda não foi condenado, pois não? Então, por que deve ser "castigado"?
E se (azar dos Távoras!) estiver inocente?
Quando um homem -seja ele quem for- é tratado sem respeito, sem humanidade, sem lhe ser evitada toda a humilhação: algemado, direito a um tribunal depois de mais de 20 horas de interrogatório - isso é uma vergonha para a toda a Humanidade!
A justiça deve ser igual para todos, claro, mas em certos casos a “condenação mediática” é mais feroz e rápida para os que são “conhecidos”. E até agora tratou-se de verdadeiro "linchamento" de uma imagem.
Desumano.
Humanamente incorrecto, para mim.
Não compreendo também a atitude das Ministras da EU que pedem a sua demissão - parece-me ridículo: ele não é ainda culpado!
Sou mulher, defenderei sempre os direitos das mulheres, mas considero que TODOS (mesmo os homens...) têm esse direito de ser considerados inocentes emquanto se não provar a sua culpabilidade.
Todos os cidadãos têm direito a ver respeitada a sua “presunção de inocência”.
Um cidadão é considerado “inocente” até se “provar” a sua culpabilidade.
Não se deve fazer "justiça prévia", nem “linchagens mediáticas” prévias (que é o que está a acontecer a DSK) - entregando uma pessoa “às feras”, i.é, fotógrafos, público, humilhando-o.
Todo o homem ou mulher tem direito a ser tratado dignamente, culpado ou inocente. Este ainda não foi julgado...
Presumível inocente, pois.
Encontrei num blog francês o que eu penso:
“Não estamos aqui a defender especialmente Dominique Strauss Kahn, nem sabemos a verdade dos factos. Parece-nos no entanto que o tratamento mediático do início deste caso repousa, por um lado, num conhecimento muito limitado dos factos, por outro desconhece em parte a lei (francesa) da presunção de inocência. Por isso, queríamos apenas lembrar os termos do direito na matéria."
Como disse Martine Aubry, líder do Partido Socialista Francês:
“Felizmente estamos em um país no qual, graças à presunção de inocência, não se pode mostrar homens e mulheres algemados nesta etapa do procedimento. É profundamente humilhante. "
Também eu agradeço estar num país onde a justiça prevê essa “presunção de inocência”!
Tem toda a razão.
ResponderEliminarA justiça deveria ser aplicada sempre de forma correcta.
Um beijinho
Isabel
Obrigada pelo apoio, Isabel! assim já somos duas...
ResponderEliminarSe DSK for culpado, logo se verá, mas enquanto -de uma pessoa- se não provar que é "culpado", para mim "está inocente", homem ou mulher, seja de que cor for...
Um grande beijo
Prezada MJ, não é difícil lidar com o óbvio?
ResponderEliminarO mais bem cotado candidato às próximas eleições da França preso sob acusação de ataque a uma camareira...
Como disse ou poderia ter dito Pessoa: a história é escrita pelo vencedor.
Grande abraço, JL.
Concordo inteiramente com o seu ponto de vista.
ResponderEliminarDesnecessária, excessiva e humilhante a postura da policia de Tio Sam.
Não creio que o DSK oferecesse qualquer perigo ou pudesse ser capaz de ameaçar policiais armados.
Se ele realmenre cometeu algum crime, que enfrente o processo e seja condenado.
Abraços!
Mais que leio sobre esta história e mais que eu acho incrível, a nao ser uma spy-story de John le-Carré.
ResponderEliminarAinda não chego a dizer que seja uma conspiração, como acredita o
57% dos franceses... Mas claro, eu tbm não posso acreditar numa tal
ingenuidade para um que deve conhecer a justiça dos EUA. Para este
razão estou lendo td os jornais, não sò os italianos e franceses sobre o caso. No entanto, acho a melhor análise tem sido feita
por uma mulher, a jornalista Barbara Spinelli República. aqui é o
link do artigo http://www.repubblica.it/esteri/2011/05/18/news/dostoevskij_nella_suite-16419270/index.html?ref=search
Tens toda a razão, Nela. Spy-story e uma série de dúvidas que não se coadunam com o que deveria ser o político sabedor que ele é. Nenhum ingénuo, nenhum parvo. Tudo menos um "anjinho"...
ResponderEliminarEngraçado: li o artigo de que falas porque comprei La Repubblica ontem!Já a lemos há muitos anos. O M. conheceu-a bem, eu já não me lembro. Grande jornalista!
Já agora parabéns por Bologna e Torino!
Mò vediamo Milano e Napoli...
Baci