sábado, 21 de maio de 2011

Thomas Hardy, o grande romancista inglês (1840-1928)

É um autor que nos traz gente viva para convivermos com ela, com os seus dramas, aspirações, desilusões, amores. Tal é a humanidade do que escreve. E o pessimismo também...


retrato por Reginald Eves, pintor inglês (1823-1903)


Figuras que se não esquecem. Aldeias e paisagens que não se esquecem...

Recordo, antes do mais, o romance de Hardy "Tess of the D'Ubervilles: A Pure Woman Faithfull Represented" (título original), que inicialmente aparece em versão censurada, no jornal Ilustrado inglês, "The Graphic", XLIV, Julho-Dezembro de 1891.



The Graphic



Mais tarde, surge a versão completa , publicado pela conceituada casa editora de New York: Harper & Bros. E as suas personagens...

A história trágica passa-se numa região rural do Wessex durante os anos da Longa Depressão. Tess é a mais velha dos filhos de John e Joan, camponeses sem educação nem cultura.


Como as personagens dramaticamente vivas d’ “O Monte dos Vendavais”, de Emily Brontë, que me veio de repente à memória.

Ou de Jane Austen, de Charles Dickens, ou o romance “Jane Eyre” de Charlotte Brontë.

Ou, ainda, o inesquecível romance “O Moinho à beira do Floss”, de George Elliot.


Porque Hardy sabe falar das mulheres como só o fizeram certas mulheres...
Mulheres como a doce “Tess de D’ Ubervilles” (Tess of the d’Urbervilles, 1892), a sacrificada e boa Tess!


Uma mulher pura!

(Roman Polanski leva ao écran este romance, em 1980, com Natasha Kinskiy.)

E as amigas dela, no seu provincianismo: a ingenuidade dessas jovens mulheres, que vivem na expectativa de um grande amor que as arrancasse a uma vida dura, de trabalho duro e sem futuro. Sem grandes esperanças, romanticamente, esperam...

O que fez delas o destino?


O que aconteceu à bela e doce Tess?

Ou à figura feminina de “Longe da Multidão” (Far from the Madding Crowd, 1874), a forte e inteligente Bathsheba Everdene?


Ou a outra pobre jovem mulher deste romance terrível, a Fanny Robbin, abandonada e grávida que vai ter o filho num convento, depois de viver na rua?


Este romance revela-se o maior sucesso do autor. Publicado, anonimamente, em episódios mensais na revista Cornhill Magazine, tem uma procura enorme por parte dos leitores da revista.

(Longe da multidão é um filme de John Schlesing, de 1967, com Julie Christie e Alan Bates.)


Ou Lizzy, a figura do pequeno conto “O Mágico”?


E a Susan - ou a Elysabeth-Jane - de “O Senhor de Canterbridge” (The Mayor of Canterbridge, de 1886, com o subtítulo: The Life and Death of a Man of Character")?

Não resisto a fazer um pequeno resumo deste trágico romance, pelo menos, do seu começo...
Um homem, sem trabalho, atravessa a pé uma longa distância dirigindo-se à aldeia de Weydon-Priors.

Ao lado vai a mulher, com a filha ao colo. Andam como autómatos, tal o cansaço, a fome e o desespero. Na primeira taberna, num momento de embriagues total, põe a mulher em leilão e vende-a a um marinheiro, que vai partir para a Austrália, por 5 guinéus.


Quando recupera a consciência, procura-as em vão. O barco para a Austrália partira...



Arrepende-se amargamente e faz o juramento de nunca mais beber nos próximos 20 anos.



Tudo muda, e ele vai subindo na vida, até chegar a Presidente da Câmara de Casterbridge.



Honesto, abstémio, duro.



E a vida continua...



O que se segue é o drama dessa (as) vida (as). Como dizia André Gide: “cada personagem encerra em si a sua fatalidade”...


Outros romances de Hardy: "The Return ofe the Native", "Under the Woodgreen Tree", "Jude, The Obscure".

Breve Biografia:

Thomas Hardy nasce em 1840, em Egdon Heath, no Dorset e morre em 1928. Está enterrado na Abadia de Westminster.



O pai era construtor civil. A mãe lia os poetas latinos e os romances franceses e encarregou-se da sua educação.
Poeta, romancista, estudou antes arquitectura e trabalhou no restauro de edifícios antigos. Conta-se que escrevia poesia nesses tempos – mas só publicou nos fins da vida.
A sua literatura caracteriza-se por grande pessimismo. É considerado um dos clássicos da Literatura inglesa.


Outro dos romances de Hardy levado ao écran é "Jude, The Obscure", em realizado por Michael Winterbottom, em 1996.











2 comentários:

  1. É um grande romancista, é um trágico. Boa ideia lembrar esse Mestre!

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  2. MJ Falcão,
    Li "Longe da Multidão" que gostei imenso. Não li Tess, irei colocar na lista, que está a crescer.
    beijinhos!:)

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