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- Será que uma pessoa se pode afeiçoar a um bichinho?
- Claro que pode...
- E a um boneco?
- Também. As crianças fazem sempre isso...
- E uma pessoa (normal) crescida, e com idade para ter juízo, também se pode prender a um animalzinho?
- Pode, pode. Acontece...
Pois é, concluo. Foi o que me aconteceu a mim!
Comprei há tempos um ratinho, por um euro e meio, daqueles cuja compra reverte em benefício da Unicef.
Era um bonequinho de pelo branco e macio, com as patinhas e o rabo comprido de camurça cor de rosa.
Deixou de ser um ratinho-objecto, passou a “ter vida” e chama-se mesmo já "ratinho-poeta".
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Aparece logo assim que acordo e abro a janela. vai espreitar lá para fora as árvores e fica, com um ar nostálgico, a contemplar a paisagem.
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Quer olhar para tudo, participar, agir, meter-se na minha vida, vir beber o meu café, ler o que eu escrevo...
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Adora até espreitar os livros que estou a ler...
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"Preferes a chávena preta, ou a vermelha das bolas brancas... ou a dos coraçãozinhos?"
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Não sei como isto aconteceu mas, sem eu dar por isso, entrou no meu dia a dia...
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Já percebi que gosta de ouvir a Billie Holiday, sobretudo depois de ver que a Bilie também tinha um animal de que gostava, o Mr. Dog...
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Quando, de manhã, vou à procura dos óculos para ler, nunca encontro o que quero.
Pode ser um dybbuk, é certo, mas também pode ser o ratinho-poeta...
Mal me distraio, já anda em cima da cómoda a mexer nas caixas dos botões, ou no meu cofre cheio de sóis e luas onde guardo alguns papéis.
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Não me importo, claro.
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Ele é doce, faz-me boa companhia, ouve tudo o que digo. Até vai à caixinha dos remédios escolher os que devo tomar.
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Talvez queira que eu lhe conte o que se passa. E queira saber a que ponto vai a história da Gail e do Perry, perdidos naquele mar de espiões russos.
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Olha com um ar curioso para a capa dos livros e espera que eu me decida qual dos dois vou ler.
Outras vezes, tira as flores da jarrinha e vem com elas ao colo para mas dar.
Já pensei se o ratinho estará apaixonado por mim...
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Lembro-me que foi o que aconteceu quando me viu a olhar para as fotografias do Bin Laden.
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Fica à espera de me ouvir falar.
E eu falo com ele. Ou julgo apenas que falo com ele? Não importa. Falamos...
Quando, finalmente, depois de tomar os meus cafés, abro o livro e me ponho a ler, deita-se de barriga para o ar, a descansar.
Enternece-me.
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Cativou-me? Ou cativei-o eu?
É uma grande responsabilidade isso de “cativar”, disse-me há dias o meu amigo Mr. Butterfly...
"Nobre amiga, deixo uma frase de Antoine de Saint-Exupéry em "O Pequeno Príncipe":
“Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”.
Isto para dizer o tamanho de minha felicidade em fazer parte de seu ciclo de amizade. Namaste."
Tem razão, mas a amizade é amizade! E ter uma companhia destas logo pela manhã, vale a pena!
Vale toda a responsabilidade da responsabilidade...
Acho que o meu ratinho-poeta também sabe disso...
NOTA
Namastê ou namasté (em sânscrito: é um cumprimento ou saudação usada no Sul da Ásia. Namaskar é considerado uma forma ligeiramente mais formal, mas ambas as expressões expressam um grande sentimento de respeito.
Namastê ou namasté (em sânscrito: é um cumprimento ou saudação usada no Sul da Ásia. Namaskar é considerado uma forma ligeiramente mais formal, mas ambas as expressões expressam um grande sentimento de respeito.
Adorei!Adorei!Adorei!
ResponderEliminarEste seu post está o máximo!
Uma ternura.
E o Poeta...que coisa mais doce!
Oxalá a Unicef faça outra campanha igual.
Também quero um ratinho desses!!
"Tu és responsável por aquilo que cativas"
É uma frase muito bonita.
Um beijinho
Isabel
( a chávena branca com coraçõezinhos é a mais gira )
Não resisto a vir acrescentar : a última foto está...um espanto!
ResponderEliminarQue ratinho encantador.
Vai ganhar fãs.
Isabel
Ó Isabel, obrigada! Acredita que já me convenci (quase...) que falo com o ratinho? Ele é tão "humano"!
ResponderEliminarA frase do Principezinho é de facto muito bela e verdadeira!
Beijinhos e boa noite!
Acredito.
ResponderEliminarÉ giro ,giro.
Boa noite.
Isabel
Que bonito Maria João!!
ResponderEliminarUm grande beijinho.
MJ Falcão,
ResponderEliminarDelicioso, delicioso. Eu tenho uma rosa que trato com doçura para ver se resiste.
"Cativar" que palavra tão difícil.
Beijinhos e que bom ser como é Maria João.
Eu também gostava de acreditar, Jana, mas precisamente isso é o mais difícil com os anos.
ResponderEliminarOxalá fosse possível que um ratinho de peluche se apaixonasse por nós, porque esse seria o amor mais lindo e mais incondicional.
Tenho aprendidas algumas coisitas que são o meu tesouro, guardo-as num baú tão pequenino que me cabe inteiro no coração. São histórias de certezas — poucas, mas inegociáveis.
Beijinhos, leio-te todos os dias. Parabéns pelos teus posts e pelo êxito que têm.
24 de Maio de 2011 00:36
Também quero um ratinho-poeta assim!
ResponderEliminarGostei muito deste post.
um beijinho
Gábi
Se eu tivesse Facebook, criava já uma legião de amigos do Ratinho-Poeta! É tão bom ter quem nos ajude a partilhar a solidão!!
ResponderEliminarBeijinhos e saudades
Adorei este belíssimo post.
ResponderEliminarTão bem que me "cativas" com as tuas palavras.
Um abraço!
Até eu fiquei encantado com o carismático ratinho, minha cara MJ Falcão.
ResponderEliminarTenho certeza que ele também adora jazz - falando nisso a programação do festival de Estoril está fantástica!
Aproveite bastante!!!!
`´E tão lindo...Comovi-me... O rato poeta é uma maravilha, mas também a dona dele, ou Amiga, soube, de maneira muito especial ao estilo sensível dela, apresentar esse Amigo valioso. Eu tenho um gato, oNicolau, mas esse é gente... Também me entende e chama por mim, mas o teu Poeta é maior, porque tu és muito grande, querida João. Bjitos
ResponderEliminarEste ratinho teve sucesso! Ainda vai ser famoso um dia... Obrigada a todos os "seus" amigos!
ResponderEliminaro falcão