Lembrando um amigo e o seu Livro, "Raízes dos judeus em Portugal"...

Felix Naussbum, judeus nos campos

Foto tirada do blog do autor da capa, abaixo referido

Hoje venho lembrar um amigo e o seu livro, “Raízes dos judeus em Portugal – Entre Godos e Sarracenos”, que hoje vai ser apresentado em Lisboa.

Há alguns anos conheci uma pessoa boa, séria, generosa até à imprudência. Contente por ajudar todos os que passavam por perto.

Telavive

Encontrei-o em Telavive, onde eu estava a morar. Tudo o que depressa soubemos da terra foi ele que nos ensinou, mostrou, abriu.

Jerusalém, a cidade das três religiões

Inácio Steinhardt, o amigo de quem falo, nasceu em Lisboa, em 1933, filho de judeus escapados ao holocausto.

Vinham da Polónia ocupada por Hitler. Tinham deixado para trás os pais e o resto da família. É aos pais, Wolf (Lobo) Steinhardt e Hermina Kremer Steinhardt, que dedica em primeiro lugar o seu livro.

“À memória dos meus saudosos pais que me ensinaram a não desmerecer a minha dupla nacionalidade de português  e de judeu.”

relógio do Castelo de Guildford

Inácio contava muitas coisas maravilhosas desse pai que ele amava e que corria o país à volta de Lisboa, de bicicleta, a arranjar relógios!

Inácio, por sua vez, cedo se interessou pelos estudos da história dos judeus em Portugal, e pelos vestígios de cripto-judaísmo. Paralelamente à sua vida profissional, interessou-se toda a vida pelo assunto e, autodidacta, estudou, escreveu artigos em diversas línguas sobre essas origens.

Em 2002, foi agraciado pelo Presidente Jorge Sampaio com a "Comenda da Ordem do Mérito”.

Não falo do livro porque ainda o não acabei, quis falar da pessoa que o escreveu.

Quem eram os judeus, pensa ele que alguns perguntarão. De facto, tão pouco sabem esses alguns sobre eles.

Cita o poeta Shaul Tchernikovsly: “Tu és hebreu, meu filho! É a tua felicidade e a tua desgraça!”

Dorin, pintor israelita contemporâneo, e o "judeu errante"

Como  memória colectiva, os judeus, quando chegaram à Península Ibérica, tinham um Livro. Para eles, era a fonte básica da sua história e da sua religião.”

"A esse Livro, ou melhor antologia de livros, foi dado pelos Gregos o nome de Byblos, Bíblia. Byblos era, para os antigos Gregos, o nome da cidade fenícia  de Gebal,  através da qual a Grécia importava o papiro do Egipto, para os seus livros. A Bíblia é, pois, simplesmente “o Livro”.

Povo do Livro - é  deles, e da sua passagem pela Península, entre godos e sarracenos, que o autor vai falar.

Steinhardt fala das tradições, das relações  e de como foram emergindo também “os rostos da intolerância”.

Na apresentação referem: “Obra que traça em  linhas gerais, a história da presença judaica no território que viria a ser Portugal, durante o período que antecedeu a formação do Reino Portucalense, e descreve as relações mútuas entre o povo judeu e o povo português, focando as contribuições recíprocas para a história de cada um deles.”


Parabéns, Amigo!




De notar a magnífica paginação e a capa, da autoria de Jorge Machado-Dias, com imagens muito belas e cuidadas.

(1) Nova Vega, Limitada, Colecção Sefarad, Lisboa, 2012

(2) http://jmachadodiasdesign.blogspot.pt/2012/06/nova-capa-raizes-dos-judeus-em-portugal.html

http://www.wook.pt/ficha/raizes-dos-judeus-em-portugal/a/id/13027509